25/11/2019

"Só quer a vida cheia quem teve a vida parada "

...acho que é a primeira vez que evoco o 25 Novembro, pelo menos aqui neste submundo. Lá fora apregoou anualmente com a devida vénia, lembrando todos aqueles que lutaram para que a democracia imperasse perante a ameaça do totalitarismo. E é isso mesmo que representa o 25 de Novembro - uma cena muito importante, no contexto de uma obra maior- o 25 de Abril. Sempre entendi que o 25 de Abril foi o início de uma caminhada rumo à construção de uma sociedade democrática. 

Se vivemos uma  democracia imaculada, isso é outra estória que ainda não consigo descortinar, mas cuja a formulação reservo algumas dúvidas bem fundamentadas.


 Não querendo minorar a importância da data, pois houve outro actos igualmente importantes e decisivos no período pós" dia inicial inteiro e limpo", lembrar o 25 de Novembro é fazer com que não caia no esquecimento. Não é necessário feriado, evocação na AR, parada militar, discursos, eu sei lá. Basta falar sobre ela. Falar é recordar.

Os pais estava fracturado entre dois pólos inconciliáveis, de um lado a extrema-direita, espetro resiliente do Estado Novo, sedenta de sangue e pelo outro uma extrema-esquerda anárquica que saia da esfera de controlo férreo do Partido Comunista. O 25 de Novembro colocou cobro a isto - nem um Norte casto e puritano de direita, nem um Sul abaixo de rio maior pecador e comuna.  Nem Norte nem Sul, apenas Portugal.

A história já se encarregou de dignificar alguns dos rostos do 25 de Novembro. Talvez não todos, mas sem quaisquer juízos de valor, quando se evoca um chefe militar homenageiam-se todos os subordinados e todos aqueles que estiveram do seu lado.

Se o objectivo é assinala com grande pompa e circustância, com ao encómios do costume o 25 de Novembro, estenda-se a passadeira, mas de caminho evoque-se com igual cerimonial a aprovação da Constituição de 2 de abril de 1976 - marco igualmente fundamental do nosso processo democrático. 

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