31/12/2019

..the show must go on


A era em que caminhamos sem nos aperceber (ou quase conscientes do limbo) alimenta-se de uma realidade parcial, um pseudo-mundo que nos impõem, para o qual somos convidados a contemplar e tecer encómios pelo espetáculo que nos proporcionam.

Vivemos e respiramos imagens a uma velocidade impossível, somos bombardeados com a informação e desinformação de tal forma que, num abrir e fechar de olhos o passado está aqui na berma do precipício e o que o futuro nos apresenta é uma mão cheia de trivialidades, de nada.

A realidade é tão efémera como a sombra numa árvore num dia de céu azul metálico. Entender o nexo de realidade de todos os eventos de um ano, que fluem desligados e se fundem na mais perfeita harmonia é quase como tentar entender uma pintura surrealista com o primeiro olhar. Seria necessário, tempo para contemplar e respirar tudo, e isso esgota-se no tempo de escrever meia dúzia de linhas. Fica para amanhã.


 O fim de ano é disso um belo exemplo. Um espectáculo que cruza e mistura, para alguns, o desapontamento do ano que agora finda e a esperança que o próximo seja exactamente aquilo que foi mediatizado na imaginação há um ano atrás: No intervalo entre o pequeno-almoço e a meia-noite vivemos, conscientes, na mais perfeita alienação. O verdadeiro transforma-se no surreal.

Amanhã é apenas a continuação de há um ano, e nada mais do que isso.
...até já.  

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