22/11/2008

....a idade de Ouro

...escrevo estas palavras na incerteza de saber quem mais mente no caso BPN..e ao som da nossa voluptuosa animadora matinal...a Lucy!
...o caso BPN trás à memória alguns episódios recentes de um ex-presidente do Benfica que um dia acordou, olhou para o iate e resolveu e tomar tea & milk num bairro luxuoso londrino. Isto tudo a expensas da sua esposa, essa sim possuidora de uma fortuna considerável. No caso em apreço, o nosso humilde banqueiro, certamente ciente dos males que poderiam advir das investigações em curso ( Operação Furacão) supostamente, também delegou competências na sua ex-mulher, a qual ficou com a guarda do singelo pé de meia da dita personagem. Certo, é mesmo uns quantos trocos que desapareceram na contabilidade artística do banco. Mas esta história já vem sendo narrada desde o século XVIII. Nessa altura as nossa armada transportava o ouro e especiarias dos orientes e do Brasil...cujo destino não poucas vezes, os cofres dos banqueiros holandeses e ingleses, entre outras negociatas camufladas. Pouco chegava a repousar no Tesouro régio. Por cá a miséria misturava-se com um pouco com universo barroco, profundamente ostentatório e dinamizador do poder. Era o apogeu da glorificação do absolutismo monárquico, em sintonia com o paradigma do modelo francês. No meio de tanto fausto, soçobraram as virtudes da humildade e da caridade, mas em contrapartida floresceu a arte e a ciência.
No Portugal político que se vive hoje não há lugar para encómios, nem gratificações, nem tão pouco a riqueza intelectual progride. A decadência de alguma classe financeira, e a falta de tino de alguma classe política é o espelho da heteróclise da nossa sociedade actual. De um lado, cavernícolas que vivem o dia-a-dia sob o manto da cegueira, do outro prima donas cujo estatuto lhes permite esvoaçar acima da lei sem que nada nem ninguém lhes faça frente. No meio, a massa crítica de trovadores que cantam Idos de Março vaticinam os males da sociedade, sem que ninguém os oiça com olhos de ver. Agora de repente, saídos das suas covas, esses passeriformes pedem momentos de audiência e directos para apresentar laudos de desculpas e clamar inocência de tudo aquilo que lhes passou por debaixo do bigode, mas cuja cegueira não lhes permitiu sentir o fino trago da putrefacção.


Curiosamente, e contra todas as expectativas o poder instituído foi o primeiro a inviabilizar as necessárias auscultações aos implicados!...a verdade por vezes é mais cortante que a face do diamante! E neste caso, jóias é coisa que não falta no palanque dos réus!


Outro facto que merece a mais profunda introspecção são os silêncios da "líder" da oposição sobre esta e outras matérias. Aliás eu vou mais longe: no tempo em que apenas expressava rugas de expressão, falava mais do que agora. Sem dúvida que a melhor forma de aplicar reformas neste país só mesmo interrompendo a democracia...mas questiono-me. Quando é que até ao dia 24 de Abril de 1974 houve realmente reformas!?
Depois disso, já. Muitas, demasiadas, algumas desnecessárias outras prementes que tão cedo não se vislumbram, quiçá pelo facto de este [tal como muitos outras "ditaduras" democráticas] ser palco de lutas constantes entre classes profissionais antagonista e existir corporativismo para dar e vender[é curiosa esta referência muito comum nos nossos políticos já que foi um sistema nascido e criado na Itália fascista]. Veja-se a actual reforma [versão x.12.a a anterior tinha um bug!?] na educação: com esta ministra ou sem ela se a reforma for desvirtuada do seu desiderato, face à contestação da classe e dos sindicatos que a representam, teremos mais um longo perído de impossibilidade de reformas no sector educativo e a manutenção do stato quo ante...alguém ainda se lembra das reformas preconizadas pela ex-ministra Leonor Beleza!? mas sabem o que lhe aconteceu quando tentou modificar o rumo!?...e o que aconteceu com o ex-ministro da Saúde Correia de Campos!? Mal ou bem...saíram de cena e quase tudo ou pouco ficou como dantes, ou seja na "mesma como a lesma". Não que as reformas não se possam discutir, não que seja impossível limar esta ou aquela aresta, mas no caso concreto ainda não se vislumbrou quais são as reais pretensões que levam os professores a não querer serem avaliados quando aparentemente nunca o foram em boa acepção da palavra.

Um coisa é cert:nenhuma classe profissional troca o incerto de uma avaliação pela segurança de uma progressão garantida!

Mas o que eu queria falar, mesmo era da líder da oposição

O que se passa no PSD, é uma espécie de ratoeira em que cada palavra que a líder transpira é um pedaço de queijo que atrai os ratos que esperam ansiosamente pelo momento de dar a bicada fatal. Curiosamente, por mais tropeções e discursos tristes, sombrio, sincopados, esterilmente incoerentes, não posso deixar de lamentar que a tese do silêncio é bem mais acertada do que culpar os jornalistas por aparecer no penúltimo lugar do noticiário, ou a argumentação relativamente a cabo-verdianos e ucranianos. Esta última tirada ainda que retirada do contexto das suas palavras, foi mais uma lufada de ar fresco no passeio que o nosso PM está a fazer por entre os destroços deste PSD à deriva. Será que descontando os ex-Ministros e Secretários de Estado que já passaram pelo BPN não há ninguém que tenha um pingo de lucidez para constituir uma alternativa!?

É caso para dizer Iluminado procura-se!

Foi consumado na difícil arte de Reinar, pois não
derramando o sangue dos Vassalos, antes fazendo benefício aos mesmos, que lhe
eram ingratos, soube fazer-se igualmente amado, que temido, porque melhor que
seus Antecessores conheceu as prerrogativas do Trono, para ser Pai benéfico e
Soberano respeitado. Foi mais generoso que todos os reis que o precederam,
excedendo a todos os seus Coroados Ascendentes nesta virtude [..]

Ele foi [...] o verdadeiro Restaurador, Protector e
Conservador das Letras e dos Sábios [...]


D. João V
visto por INÁCIO BARBOSA MACHADO (1750)

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