09/05/2010

...sala de espera



Não possuir algumas das coisas que desejamos é parte indispensável da felicidade.

Bertrand Russell


...parto com uma frase do filósofo para depois atravessar uma ponte para mais além. Passei a semana doente, mas como a vontade de ir ao médico é algo que não me atrai de sobremaneira, decidi enfrentar a minha estupidez e ir ao hospital. Sim porque, não tenho o centro de saúde de Tuy aqui às portas, e o que tenho não tem consultas de urgência e ao sábado simplesmente fecha [também têm direito!]. Dado que a probabilidade de encontrar o hospital público mais próximo apinhado de pretensos & doentes nesta altura do ano em que o Inverno se sobrepõe à razão da primavera era enorme, não liguei à ameaça das cinzas islandesas apanhei o voo para o Hospital da Luz [lugar de peregrinação no ano passado!]. Quando lá cheguei e depois de estacionar o carro no parque coberto [nos hospitais privados os doentes entram secos no atendimento permanente! no estado apanham chuva mesmo com parque de estacionamento!] fiquei logo convencido que a estatística que utilizei era a errada, afinal ali também eram muitos os peregrinos! Bem, a vantagem é que a sala de espera não tem uma televisão com um autocolante a tapar os botões e não está a dar a programação super interessante [vulgo canal Panda e/ou programas de entretenimento das tardes em que as pessoas são enxovalhadas em directo, chora-se e fala-se da vida alheia!]. Não ali era mesmo o canal da casa. Uma espécie de Millenium TV versão Espírito Santo, mas melhor! Também a vantagem, é que ninguém grita, os vidros são à prova de som e respira-se um ar de serenidade tal que tão depressa como me sentei no sofá individual[frise-se!!] de pele, mais depressa passei pelas brasas. Isto claro depois de passar pela triagem de Manchester. Primeiro reparo ou curiosidade: porque é que todas as “assistentes” [chamemos-lhes assim pelo traje e pela postura] parecem sido seleccionadas de uma agência de modelos!? Simpatia não lhes falta e o sorriso parece mais imposto do que natural. Não que o cliente não goste, digamos antes que vem mal habituado do SNS!! E o que dizer deles?...parecem nerds formatados, com uma cassete bem decorada, tão profissionais que apetece fazer-lhes aquela pergunta não esperada para ficarem bloqueados no raciocínio. Não que esteja a ser mal agradecido [aparento já sei!] mas um pouco mais de naturalidade não lhes ficava mal. Adormeci, mas ainda acordei a tempo. Foi um momento zen ao som de Sade que quebrou a minha resistência. Ao meu lado, uma jovem contava cordeirinhos. Alguns minutos antes de chegar a minha vez pedem-me para entrar noutra sala de espera em frente aos gabinetes e informam-me que sou o próximo. Melhor do que isto só num cruzeiro no mediterrâneo. Entrei e dei de caras com um jovem do país vizinho que de português nada sabia, mas que teve a honestidade de confessar a dificuldade de qualquer espanhol aprender línguas. Deu-me a espátula em jeito de gozo pelo facto de ainda [nesta avançada idade] não gostar que metam nada na boca [dá-me vómitos!!, também tenho direito!!]. Resultado final: 2h53 minutos em ambiente controlado, cartão Multibanco a ferver [tive que pagar a caução pois era a primeira vez que utilizava o cartão do seguro de saúde!] a somar a isso 3 euros e uns cêntimos para não molhar a farta cabeleira & uma série de conselhos simples para debelar o vírus anormal que decidiu estragar-me a semana!

Mas mesmo com estas mordomias & qualidade do serviço à disposição, ainda persistem “pessoas” que reclamam por tudo e por nada, pelo facto de estarem muito tempo à espera, pela temperatura do ar condicionado et cetera. Chegam mesmo ao ponto de tentar por todos os meios [com um descaramento imbatível] condicionar a lista de espera e entrar antes de tempo!...Compreendi então o motivo dos sorrisos forçados. Haja pachorra!...

Mais além....sem sombra de dúvida. Não há cabimento nem razão plausível para o cancelamento da assinatura do contrato com o consórcio Elos, afinal de contas quem iria pagar a conta dos croquetes e o aluguer do espaço!? E a comida que se estragava? Mas agora fora de brincadeiras, soa-me estranho o facto de o Governo decidir avançar com a assinatura da primeira parceria público-privada e colocar entraves [reponderação] aos restantes troços, já para não falar no congelamento do NAL. Mas se as estimativas estavam feitas, e tudo apontava par o sucesso das empreitadas e o enorme reflexo nas contas públicas e no desenvolvimento do país, qual a dúvida agora!?...eu digo: construa-se um novo aeroporto, faça-se a ligação Lisboa-Caia, Porto-Vigo, Porto-Lisboa e outras tantas...mas por favor, em bitola europeia! Ligue-se o porto de Sines à Europa, invista-se no mar, lugar primeiro da nossa epopeia, morada última do nosso desenvolvimento. Mas com a necessária e devida ponderação.

2 comentários:

Nasci Maria disse...

Gosto da forma como descreves o que vez. Eu penso que só conseguia isto com o pc à minha disposição naquela hora, depois estes pormenores passam-me. Enfim este país é um pouco anedótico mas até que gosto deste nosso Portugal. Dispensava bem algumas pessoas que nele insistem em ficar mas temos que os aguentar por enquanto, pois temos que ter esperança que arranjem um tacho no UE e desapareçam daqui.

O ovo estrelado disse...

...nem mais cara mia!nem mais!!