17/10/2015

…a distância à paralaxe


 …não há nada mais vago que do algo que é assintomático. A ausência de sensação ou estímulo é um conceito demasiado vácuo para imaginar o que quer que seja, ainda que na sua proporção física, seja perfeitamente visível, se descoberto. Um pouco como aquele conceito metafísico do “fogo que arde sem se ver”, ou a “ferida que dói mas não se sente”. Quando o desconhecido deixa de ser palpável na sua dimensão sensorial ficamos reféns da incerteza e de uma ansiedade que se transfigura em receio e insegurança. O medo apodera-se, e a dúvida sobrepõe-se à verdade.

Mas afinal “O que é a verdade?” Esta é a famosa pergunta feita por Pilatos a Jesus (João, 18, 38). Kant diria que a descoberta da verdade exigiria algo experimental. Mas como descobrir o que é a verdade quando não existe certeza, um ponto de vista, apenas o vazio gerado pela incerteza torna-se uma tarefa algo impossível. A não ser que, tal como Einstein postulou, apenas provando o seu contrário.

É nestas alturas, quem que nos vemos à distância da paralaxe, entre o que é verdade ou o que é apenas a dúvida, que descobrimos o quão lamentável, quão fantasmagórico e fugaz, quão sem finalidade, é a nossa capacidade de criar cenários e estados de alma imaginários.


Sempre em busca de uma verdade na dúvida que não existe.  

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