22/01/2012

...doce tentação

“Senhores da troika, estamos a fazer isto por nós, não por vós”. Até podia ser uma frase bíblica, de um qualquer epístola, mas quem a proferiu nem é apóstolo nem evangelista. Talvez uma versão simpática de Pôncio Pilatos adaptado às difíceis circunstâncias que se vivem neste momento de imolação nacional em que Os sacrifícios têm que ser repartidos por todos. Não há ninguém que fique de fora. De fora, mesmo de fora só ou outros. E por falar em sacrifício, senti um aperto no coração ao ouvir que o nosso magistrado primeiro da nação, o provedor do povo, como se intitula, tem passado algo como as passas do Allgarve [fui agora interrompido por um comunicado ministerial a informar que o All foi definitivamente abandonado por um árabe Al-garve], aonde é que eu ia?...ah! Pois, parece que o nosso querido líder já tem problemas para pagar o fiado da mercearia e o calote que já tem nos Pastéis de Belém. Aliás, soube de fonte insegura de uma amiga de uma secretária de um assessor do Álvaro (sem ministro e com duas pedrinhas de gelo!) que o Conselho de Ministros já debateu este problema ao mais alto nível, dado tratar-se um activo estratégico para o desenvolvimento económico do nosso país. Depois da vaga de fundo, do tsunami de contactos para a página de Facebook da Presidência da Respública, há indicações seguras que já foi activada uma conta solidariedade no BPN. Também soube de fonte insegura, que o Banco Alimentar já foi alertado para uma nova iniciativa nesse sentido. Mas a semana não podia terminar sem uma viagem apostólica, à sede da Concentração Social. Depois de vários encontros e desencontros finalmente, a UGT agradeceu o facto do Dr. Carvalho da Silva ter levado o chapéu-de-chuva para proteger das pingas impuras, o espírito imaculado e temerário do secretário-geral da UGT, que apesar de ter vendido a alma à bruxa má, vem agora desdramatizar o pecado original com a desculpa que terão sido altas patentes do politburo da CGTP que o convenceram a aceitar a maçã. Doce tentação, esta, de sucumbir aos desejos mais íntimos do patronato e transformar o comum trabalhador num cabresto, numa manada tristes ao sabor dos caprichos matinais do empregador. De entre as virtudes desde acordo de concentração laboral (a concertação é uma metáfora desajustada), deste verdadeiro coup d'état dos direitos conquistados ao longo da nossa jornada desde um Abril passado, resta apenas um punhado de nada para o trabalhador. O futuro dirá a sorte de uns e a desgraça de muito outros. E agora a informação desportiva: Primeiro Governo de Sócrates 14,58 nomeações dia- Governo Actual de Passos 5,22 nomeações/dia E ainda nos queixávamos do desemprego na época do nosso querido filósofo!! Ámen PS: Canavilhas & camaradas de bancada (todos excepto aqueles que deram entrada com uma fiscalização sucessiva do OE2012), essa de tributar a pen drive, o media center, discos externos eu sei lá mais o quê, da mesma forma que o Salazar tributou o isqueiro e o acendedor não lembra nem ao careca nem aos fósforo. O fósforo mesmo sendo amorfo ainda resistiu às novas tecnologias da altura. Preocupem-se com outras coisas!! Última hora: a S&p não baixou o rating da Respública esta semana Photo by: Il Marchese de Sade

09/01/2012

...questões de avental e ervanária!

Esta coisa da Maçonaria sempre me deliciou pois reconstruiu no meu imaginário homens de avental [sem experiência ou vocação para a cozinha], em círculos e rituais sinistros [um tanto ou quanto diferentes daqueles que têm lugar aqui bem perto no Monte da Lua em Sintra!] um pouco à medida daqueles rituais profanos do Opus Dei, com flagelações e rito iniciáticos [um bocado mais complexos que o curso de iniciação da Vaqueiro]. Aliás entre a Maçonaria e a Opus Dei a diferença deve ser a mesma da cruz e do compasso. Ambas são matematicamente úteis. Também acho piada aos nomes que colocam às lojas: a Loja do Sino, a Loja Mozart, A Grande Loja Regular de Portugal, Grande Oriente Lusitano, outras tantas. Pessoalmente gosto da FNAC e da Bulhosa, uma pouco mais desta última pois aparenta ser mais tradicional. Claro que nada bata os alfarrabistas da Baixa. Pensando bem, se pertencer a uma loja é ser maçon, então provavelmente sempre fui, pois existe uma loja à qual pertenço sentimentalmente desde que nasci. Fantástico sou maçon!E agora!? Realmente adorei aquela edição livro de bolso do Código Da Vinci, mesmo antes de alguém ter traduzido aquilo para português corrente. Mais ancestral é o meu interesse visceral por tudo que esteja ligado ás do Graal. Gueral também me deixou boas recordações, é verdade. Agora entendo porque é que me apaixonei pela escrita do Follet ao ler os Pilares da Terra. Afinal de contas os primeiros Maçons inspiraram-se nas tais guildas de pedreiros da Idade Média. Curioso [tudo bate certo, menos os números que me calham no euromilhões!] quando era júnior, uma das coisas que mais me fascinava era ver o meu avô a trabalhar como pedreiro e carpinteiro, sobretudo a mestria que exalava em cada gesto do bailado de instrumentos, medidas, cálculos, réguas, esquadros. Aquilo para mim era um fio-de-prumo da mais pura razão. Triângulos?! Adoro. É a figura geométrica que mais cativa a atenção. A mim e ao Pitágoras. E o que dizer de pirâmides [esta tive que introduzir pois a seguir vinha o ménage à trois!]. Como diria o Eduardo Catroga esta conversa de aventais numa altura destas em que se discute mais ou menos meia hora de trabalho e a modernização da legislação laboral [flexibilização dos despedimentos!] é conversa de pintelhos para distrair os pobres de espírito. Na mesma onda, a recente polémica pela venda da sociedade Francisco Manuel dos Santos à sua congénere Francisco Manuel Van dos Santos foi um verdadeiro coup d'état que desbaratou todo o castelo de patriotismo que o líder taliban do Pingo Doce [odiado pela classe política, temido pela Popota e esconjurado pela Leopoldina] foi alimentado ao longo de anos sucessivos. Ok! Criou mil postos de trabalho só em 2011 e investiu 100 milhões…mas o que é isso comparado com os feitos do líder do arquipélago da república das bananas, ou os milhões do investimento no Aeroporto Intercontinental de Beja? Peanuts! Agora para mal dos seus pecados é o bombo de uma festa para onde não queria ser convidado. Mas achei piada que de todos os quadrantes choveram facadas e cartas armadilhadas a jurar recusas eternas de compras no Pingo Doce, Biedronkas ou outras loja da subespécie Pingo Doce. Nem o Jaimão se lembraria de tamanha patranha á pátria. Foi como subitamente emergisse no grupo Jerónimo Martins um Kim Jong-un “génio dos assuntos económicos” e descobrisse que para além das coffe-shops e das promoções da Red District, a Holanda é muito mais do que túlipas. Tarde demais meu amigo! As donzelas já estão mais do que batidas! Termina hoje os primeiros 1/52 avos do ano, e como ainda faltam algumas semanas para o fim do mundo que deve ocorrer lá para meados de Dezembro, aproveitei para dar um saltinho à primavera árabe dos saldos. Há dois tipos de lojas por onde escolher, aliás minto, três tipos: as que estão ainda a funcionar em pleno com saldos de 30% a até 70% (geralmente meias, cintos, botões de punho ou gravatas mal inventadas de colecções falhadas!), as que estão em saldos por motivo de encerramento ou liquidação total e aquelas que têm um papel com ordem de despejo do tribunal ou a última conta da EDP para pagar em cima do tapete da entrada junto dos detectores de delapidadores do alheio. Os chineses das três gargantas (fundas!) que se cuidem pois com o aumento do IVA e a prenda de reis antecipada do aumento da tarifa, este ano vão ter de comprar mais tonner e papel porque não vão faltar lojistas com tendência omitir das suas preocupações a última factura da electricidade. Não sei se essa preocupação motivou a última ofensiva da SONAE ao aliar-se aos irmãos orientais na nova promoção absolutamente fantástica. Para além de nos iludirem com os 50%+25% de descontos, agora ambicionam tornar-se fornecedores de electricidade via EDP. Ora aí está um potencial case-study nos próximos tempos, isso e a influência da educação jesuíta no nosso Portas na escolha da praia que frequenta! Enfim. O ano promete e enquanto não compromete vou continuar a apreciar este Foreign Affairs do Tom Waits que me acompanha desde que comecei esta paródia manuscrita. Para os demais, sem talões nem descontos em cartão, venha ela então…

01/01/2012

2012

Será este um mundo novo que agora nasce com a última badalada da torre do sino da igreja? ou o novo mundo que Dvořák imaginou. Se 2011 foi o ano da ruptura e do desencanto, tenho receio que os primeiros raios do sol que me iluminam tragam muitas mais dúvidas e incertezas. Estranha esta sensação de dúvida permanente, este pot-pourri de esperança mesclada com receio. Aguardemos serenamente o desenrolar da nossa próxima estória...
Um Bom Ano Novo 2012 photo by:Ines Belkahla

27/12/2011

...adeus 2011



...que forma sublime de te desejar a ti, Dantas um bom final de 2011. A paródia segue dentro de momentos! Até jazz....

26/12/2011

o 4uarto rei magro

Asdrúbal espera ansiosamente na estação de Massamá o comboio que não chegava com destino ao Rossio. Era assim todos os anos véspera de Natal, os 4 amigos já satisfeitos com sonhos e infinita generosidade intimados a percorrer mesmo caminho , rumo a Belém para adorar o residente. Quase 11 da noite e comboios nada. Apenas um fulano mascarado de Pai Natal com barba postiça a devorar uma sandes de ovo e punhado de carteiristas que fumam ao lado da máquina vandalizada. Sobram pacotes de M&Ms e Matutano com sabor a presunto pelo chão, mas nem isso demove o rafeiro que se aninha em redor da máquina. Está uma noite “bem escura, bem ventosa, bem fria e húmida”. Do comboio nada! nem o cheiro a lenha queimada, nem o palhaço ou o coelhinho de chocolate. Asdrúbal sentiu um arrepio de preocupação. Devia ter acabado aquela fatia dourada que Belchior não quisaer,e da preciosa carga que trouxera as mil e uma paragensapenas sobrara um precioso pacote de bolachas Maria. O seu amigo Álvaro (o simpático Álvaro que um dia disse Álvaro é o meu nome, sem ministro pelo meio) disse que estávamos em plena crise e havia que cortar nos gastos e trabalhar mais. Este era o seu trabalho, o seu modo de vida, todas as noites desde sempre, todas as véspera na noite de alegria,pensar nos outros – coitadinhos – nos que padecem, e dar-lhes coragem para poderem continuar a aceitar a sua miséria, pelo menos até ao Natal seguinte. Um dos carteiristas abeira-se e oferece-lhe um cigarro em troca de lume. Asdrúbal empalidece com temor mas aquece aquela troca de olhares sinistra, com a chama do Zippo. O carteirista [temporariamente desempregado por falta de clientela] questiona-o sobre tão estranha indumentária ainda para mais, só numa estação em pleno dia de greve. Asdrúbal agradece, mas continua com o olhar fixo no relógio cujo ponteiro dos minutos parou no tempo. Tantas horas perdidas e podia ter apanhado um táxi directo para Belém. A esta hora provavelmente já Belchior, Baltazar e Gaspar se banqueteiam na Pensão Estrelinha por entre as couves a emoldurar o bacalhau comprado na merceearia do bairro. Se calhar, já foram a Belém entregar a encomenda que chegou hoje de manhã pela DHL e em Belém, alguém já faz pesa o ouro prara trocar amanhã na loja nova da esquina.. Por tradição só depois é que seguem juntos até à paragem do 28 rumo ao Oriente e dai para o Natal seguinte. Farto daquela solidão exasperante Asdrúbal acerca-se do fulano do fato vermelho que já balanceava o saco do Continente com uma exasperante impaciência. Então amigo, que faz por aqui a estas horas? Já deu de comer às renas e agora descança? O dito puxa da barba que lhe atrapalhava a respiração e num hálito impronunciável repele: a puta que os pariu! Asdrúbal é fulminado por este amargo de boca por entre um esgar de rancor. O contrato falava apenas num dia com direito a duas horas para pausa de almoço e jantar, mas em vez disso, colocaram-me em frente à escada rolante sentado numa cadeira e obrigaram-me a vender um cd com a Leopoldina e a tirar fotografias com uma Popota. As pobres das criancinhas até fugiram de mim. Assim não vale a pena. E nem pagaram o almoço. Fomos todos enganados, eu as crianças e os pais que cairam na ilusão de tamanha bondade. Não admira que hoje em dia eu me sinta um fantoche, um boneco que é pendurado nas varandas. Noutros temposeu circulava no Rossio e nos Restauradores e elas vinham ter comigo. Hoje exigem o 9.º ano e uma carrada de papéis com o número da segurança social, o número do contribuinte, e o diabo que os carregue. O pobre homem continuou a carpir blasfémias, mas a noite tudo silenciava. Noite Feliz, dizem. Fazia-se tarde e Asdrúbal tinha que optar entre continuar a ser sondado pelos carteiristas ou fazer-se à estrada. Desceu as escadas e depois de levantar algum dinheiro no Multibanco ao lado da bilheteira fechada e acordou o taxista que lia a Bola num sonho de extremo cansaço. Para Belém! que já estou um bocado atrasado. O Mercedes lançou-se a toda a velocidade pela IC19 apinhada de famílias felizes apinhados de prendas e caixas de bolos que tronavam o aroma da noite tão doce como oum céu estrelado. Nem mesmo um trenó seria mais rápido com todo aquele trânsito. A conversa no táxi foi a mesma lengalenga estafada de sempre: a troika, os chineses da EDP, os malandros do Governo, os corruptos e os ladrões disfarçados de banqueiros e o fogo de artifício do Alberto João. Ainda houve tempo para aquele cliché do meu tempo era assim, no meu tempo era assado, frito cozido e grelhado. E tão depressa como a conversa se esvaziava nos lamentos da falta de dinheiro da clientela, a bandeirada aumentava, de tal forma que foi necessário antecipar a paragem. Sobravam 0,12 € na bolsa, ainda o suficiente para comprar uma acção do BCP. Agora eram só mais uns metros ao longo da Rua da Junqueira. Nada que um camelo não fizesse de bom grado. Belém já se via ao longe, agora com menos iluminações de outros tempos, apenas umas pequenas grinaldas de luz compradas na loja do chinês penduradas nas janelas de madeira dos casarios antigos. Asdrúbal seguiu a passo acelerado, quando de repente é interceptado por uma voz. Esmola! Esmola meu bom senhor para um pobre desempregado do ramo da sucata e cheio de fome. Asdrúbal detém-se por momentos, e perante o tormento não resistiu pegar nas poucas moedas que sobravam da desvalorização em bolsa e encheu a mão do pobre vulto, queimada pelo frio. Tome estas! São poucas mas certamente com algumas bolachas que aqui trago são certamente o melhor que lhe posso dar neste momento. Obrigado caro amigo, noutros tempos dar-lhe-ia uma caixa robalos ou um presunto, mas neste momento de aflição só lhe posso agradecer. Asdrúbal sentiu um aperto no coração mas seguiu em frente. Passou o pórtico de saída da Rua da Junqueira e entrou na Praça de Belém onde já o clamor de uma multidão se detinha à pota do antigo Museu dos Coches. Era uma manifestação de descontentes, jovens anarquistas e avaliadores de acidentes de viação, numa orgia de megafones e cartazes com reptos anti tudo e contra nada em concreto. Era quase meia-noite e já o galo avisava a luz que se aproximava. Asdrúbal questionou um grupo isolado sobre o motivo da manif e logo foi bombardeado com um discurso acalorado sobre Keynes, o fim da liberdade, e a tirania do poder económico sobre débil donzela democrática, o blá, blá típico do Facebook e do Twitter mas com litrosas e ervas aromáticas enroladas em papel de arroz. Já se fazia tarde e a missão obrigava a atalhar as questões sociológicas. Depois de tocar á porta, o sinete deu lugar a uma voz colocada “Obrigado por ter tocado, mas os serviços encontram-se fechados. Por favor visite-nos nos dias úteis no período entre as 9 da manhã e as 17 horas da tarde. Esperamos por si. Tarde demais, e lá na pensão o bacalhau já devia estar frio. Asdrúbal sentiu o desânimo de quem não conseguiu cumprir a sua demanda. Certamente que os serviços das Finanças não iriam deixar em claro este esquecimento, e o facto de não ter dinheiro para pagar a passagem pelo pórtico da Rua da Junqueira sem o aparelho da Via Verde ia pesar na multa a aplicar. Talvez se tivesse dado o pacote de bolachas ao pobre homem deitado na amargura da calçada fria fosse um bom investimento e acções acabassem por subir? Ou se tivesse permanecido mais tempo com os jovens indignados tudo fizesse mais sentido depois de uma baforada daquele tabaco com um sabor estranhamente cativante? Certamente que a companhia do Pai Natal enganado seria a melhor forma de recordarem outros tempos em que o Natal tinha outra vivência, e por momentos se sentissem úteis ainda que por poucos dias. Quem sabe se o taxista não poderia ter perdoado aqueles últimos metros e a bandeirada por momentos ficasse congelada no limbo? Apagou o último cigarro que sobrara e desligou o IPAD. Para o ano será diferente, ou talvez não!? Talvez para o ano saia um modelo novo, e quem sabe em vez de um pacote de bolachas possa oferecer uma caixa de bombons?

24/12/2011

Feliz Natal

 Feliz Natal para todos!


27/11/2011

...ovos-moles



Dei por mim esta semana a olhar atentamente para a única moeda de um escudo que escapou à purga anti escudo. Refugiada no bolso de um fato, acompanhou as dúvidas dos primeiros meses, sobreviveu às réguas de cálculo e demais conversores da moeda nova, aguentou o embate de sucessivos governos e desgovernos e só acompanhou de perto a euforia transformar-se rapidamente em desilusão. Vou guardá-la. Não pelo valor facial, mas pelo valor simbólico mas sobretudo pelo valor sentimental que me faz despertar. Fomos felizes e tínhamos os pés bem assentes na terra, quando decidimos aventurarmo-nos nessa coisa estranha chamada Euro. Hoje caímos na realidade. E que tombo.

Esta semana houver greve geral. Deu-se por ela, não obstante a previsão optimista e atabalhoada do Governo sobre a adesão. Fiquei na dúvida se por detrás de cada cabide ou por debaixo de cada cadeira haveria um agente infiltrado ou sensor de peso, tal era a minúcia e rigor da percentagem apresentada. Eu acho que ninguém minimamente consciente pode ligar à má vontade do Governo ou ao optimismo desconcertante dos sindicatos. Houve greve geral e ponto final. Qualquer Benfica-Sporting ou vice-versa teria mais efeito sobre a quantidade de sofás cheios e cadeiras ocupadas na casa dos portugueses. E venham elas, pois aqueles que ainda trabalham bem agradecem…há menos filas de trânsito e acaba por ser um dia bastante mais calmo.

O debate sobre o estado débil Eurocrise, prepara-se para atingir proporções cataclísmicas caso a Itália ou mesmo a nossa querida Espanha venham a necessitar de uma ajudinha extra. Dado que aquelas reuniões aborrecidas de croquetes dos G20, e o ménage à deux Merkozy já foi chão que deu uvas, proponho que se crie em sua substituição um Clube Europeu do Lixo, Grécia, Irlanda, Portugal, Espanha, Itália e provavelmente…bem deixemos por agora o grémio a cargo de apenas 5 potências desacreditadas que há tempo para novas aquisições. Agora mais a sério, a colocação do “Super Mário” Monti pela Sra. Merkel à frente dos destinos da bota italiana acabou por ser uma vantagem para nós, já que vamos poder comprar antes do Natal o novo disco de canções de amor do caro Sílvio Berlusconi (em opção as aventuras sexuais do Mr. Dominique). Outra grande vantagem para Portugal acabou por ser o alívio da pressão dos mercados e das empresas de rating, por pouco tempo é certo, já que bastou o Senhor de Massamá e o biltre das Finanças traçarem o quadro macroeconómico do OE2012 para que passássemos de lixo vulgar a lixo compostado. Desta vez não podem vir com a desculpa ignóbil que tal se deveu às críticas ou comentários do líder da oposição. Vejam só, até as empresas de rating chinesas já quase nos comparam com os seus produtos especiais, a ASAE que o diga.
Por falar em oposição, sinto-me inseguro em traçar um perfil politicamente claro face ao vazio doloroso que se assiste lá para as bandas do Rato. Sinceramente ainda não entendi bem qual a estratégia está a engendrar, mas talvez o senador Mário Soares esteja mais bem informado, tal a sucessão de intervenções sobre tudo e sobre nada. Ainda não alcancei o significado da tal “abstenção violenta”. Provavelmente deve ser algo relacionado com o que alguns energumes do Sporting fizeram ontem no campo da Luz? Ou talvez aquela manif de indigentes e pobres diabos em frente á Assembleia da República? Ou será que que a violência está relacionada com a actuação proporcionada daqueles senhor camuflado com um cassetete sobre o pobre do alemão anarquista com cadastro violento?
No final, mesmo no fundo do tacho depois de lambida bem a pedra, resta-nos a sopa de letras, servida com uns robalinhos, uma alheira à transmontana e um pão-de-ló como sobremesa. Ainda bem que o julgamento Face Oculta se desenrola em Aveiro, pois enquanto o país se afunda em folgas e almofadas e em negociatas de terrenos, ainda nos resta os ovos-moles para saborear com prazer, estes dias finais de um ano para esquecer
É este o nosso triste fado.

PS: agora que o Advento começou, talvez tenha chegado a hora de darmos o nosso contributo para aqueles que nada têm ou muito necessitam. Eu já dei o meu contributo.

Listagem de IPSS http://www2.seg-social.pt/preview_documentos.asp?r=31553&m=PDF

Cáritas Portuguesa http://www.caritas.pt/site/nacional/

Banco Alimentar http://www.bancoalimentar.pt/

25/10/2011

..o Jardim das Delícias Terrenas



...tal e qual. Não um simples Stenway & Sons em plena de queda de graves, mas antes um partitura completa de eventos numa simultaneidade que deixa pouca margem para qualquer tipo de manifestação de alívio. De repente o décor que transfigurava a cena em palco, transforma-se numa réplica do Jardim das Delícias Terrenas (do saudoso Bosch) em que na ténue linha que separa o eliseu imaginado caminha agora vagarosamente uma personagem com o semblante toldado pela dúvida. Que passo dar, que rumo seguir?




Demasiadas dúvidas, incertezas que esmagam qualquer expectativa. A longa espera que incinera o ânimo arrastado pelas gotas que do céu caiem, como lágrimas de uma tragédia imaginada.




Talvez ainda não sejam os dias do fim, mas antes o princípio de fim de uma história. O tempo o dirá.



photo by: KVirtanen








20/10/2011

...simbiose de talentos


Straight from the Heart from Teresa Vila Verde on Vimeo.


...adorei Teresa! Superou as minhas melhores expectativas! Dar-vos os parabéns é pouco...tem tudo! a performance servida sobre a forma de autobiologia em que a arte se despe e expõe, de forma crúa, bela e única. Espero que esta seja a primeira de muitas simbioses com a Sofia, encantadora de olhares. O toque da Sofia traz ainda mais poesia à imagem. Palmas de pé. Bravo.

16/10/2011

…uma empada & uma bica sf.f.



PS: a imagem que se segue pode ferir ou provocar ardor a alguns contribuintes mais susceptíveis...

Acabado de aterrar em Portugal no aeroporto de Beja (a viagem mais barata que encontrei para sair de Heathrow!) veio-me à ideia o porquê de construírem um aeroporto em pleno deserto de searas e olivais regados. Estranhei o facto de não existir gente que se preze na fronteira terrestre, nem um follow-me que se dignasse a dirigir o avião à manga que também não existia, aliás não vi nenhuma alma, apenas um rebanho de ovelhas pastoreava o restolho.

Depois de meia hora à espera de uma mala que tardava a chegar à passadeira que não rolava, enfrentei nova fila na esperança de alugar um táxi que me levasse até Lisboa (o meu destino final). Cansado de esperar fiz-me à estrada, e percorri a terra sonâmbula durante algumas horas.

Passado o desnorte por tudo o que me aconteci [já para não mencionar o jet lag na inteligência!] lá consegui entrar numa carruagem vazia que circulava no metro do Porto. Fiquei atónito. Depois de vir apertado no avião com tantas cadeiras vazias, mais uma dezena de lugares à escolha cada um com melhor vista para o granito em que se transformara a minha decepção. Ainda pensei que fosse feriado, enquanto olhava as ruas apinhadas de vultos assombrados que desciam a Rua de Santa Catarina.

Chegado à estação do Poceirão entrei no café da aldeia para uma bucha rápida e pedi uma bica e uma empada de galinha. Estava com um aspecto absolutamente convidativo.

Sentei-me no balcão e olhei para a pequena televisão com box da Meo. Lá estava ele,o rapaz com um ar austero. Disse com um tom perturbado: "Portugueses, boa noite"

….o resto já se sabe!

Estarei eu no local errado à hora errada ou foi imaginação minha? Não. Decididamente não devia ter pedido a bica e a empada de galinha.

Refeito do murro do estômago, continuei estrada fora, e depois de alguma hesitação entre entrar em Lisboa via SCUT ou a nado, optei pela entrada norte via Ponte Vasco da Gama. Tenho um primo que é portageiro lá e consegue umas borlas. Dito e feito. Cheguei a casa tarde mas a senhoria não deu por mim. Óptimo.Mais uns dias de alívio antes de vir pedir o pagamento da renda.

Hoje manhã cedo, o rádio acordou-me com as noticias frescas do dia anterior. Uma multidão de resignados e indignados foi fazer truka para as escadas da Assembleia da República e entre megafones e cartazes, ouviram-se pregões de outros tempos. Ainda pensei que estivesse a sonhar com o PREC, mas não. Parece que se tratou de uma plataforma multinacional,multipartidária de gente diversa e algumas caras conhecidas, que devido a um aumento de capital passaram de geração rasca a mais prosáicos indignados. Maldita empada de galinha, antes um prego com uma imperial, isso ou um pedido de desculpas do Primeiro-Ministro pelo meu enjoo, que se mantém, apesar do kompensan.

Não bastasse má fortuna de este ano ter meio Natal, nos próximos dois anos alguns de nós não têm Natal de todo, nem férias no Allgarve ou lado algum. Aliás não têm nada, só aumento de impostos. Os que talvez tenham Natal e/ou férias vão trabalhar mais meia hora por dia, e dizem que isso vai contribuir decididamente para o aumento da produtividade e compensar a descida da TSU.Acreditamos sinceramente com toda a fé. É nisso e no Pai Natal.

Ainda não imaginei o alcance da tal meia hora, nem o alcance dos 3 mil milhões que o Governo não vai gastar com a cativação dos subsídios (politicamente falando trata-se da tal redução da despesa pública que todos os sectores da vida pública exigiam; querem cortes na despesa, ei-los!).

Mas não deixa de ser coincidência esta conversa de milhões ter algumas dissemelhanças com aqueles primeiras notícias do buraco do BPN que não iria afectar de todo o Estado ou os particulares. Em suma, a velha conversa fiada de sempre do cú com as calças. Juro. Qualquer coincidência entre as temas é tão ficção como a dívida encapotada do Sr. Alberto.

Depois de algumas águas do Castello [passe a publicidade], ainda mal refeito da maldita empada lá ganhei coragem e enfiei a família no centro comercial a passear o cão nas montras e aproveitara borla do ar condicionado. Eu não sai, nem para aproveitar o desconto na Repsol. Estou a tentar poupar para os cortes e acréscimos que ai vêem, tem de ser. Alguém tem que pagar as energias renováveis, alguém tem que tapar o estranho [???] défice energético da EDP.

Core tier 1. Gosto deste estrangeirismo. Faz-me lembrar gravatas e bancos. Eu acho é que eles não gostam nem do termo, nem da solução, nem dos 12 mil milhões de euros que andam para aí! É como o programa de emergência social, tem o mesmo saboramargo que as medidas do défice que ele não pariu.
Perguntam: "Como foi possível acumular tantos erros e acumular tantos prejuízos?". Fácil!. Não existe moldura penal para punir os culpados. Mas também não parece existir grande vontade de a formular.

Eu devia sair, parece que os combustíveis vão aumentar 1 a 2 cêntimos amanhã. Volto já.

lembrei-em agora que deixei o casaco no aeroporto. Sabiam que o aeroporto de Beja foi projectado para estimativa de um milhão de passageiros em 2015 e nos primeiros 4 meses de funcionamento apresenta o curioso número de 44 voos com um média de 18,1 passageiros/voo. Custou a módica quantia de 33 milhões de euros e uns cêntimos de ilusão. Ora aí está uma boa forma de o nosso Ministro da Ignomínia sair da toca onde se arrependeu, e apresentar uma boa alternativa para aqueles barracões. É uma pena, a paisagem em redor até é bonita, um bocado diferente dos casas desarrumados de Camarate. A sério.

Depois de meditar sobre a empada de galinha cheguei a uma conclusão óbvia sobre o momento periclitante que vivemos, ouçamos a minha Lição de Sapiência:

- Não é pelo facto do Isaltino preencher requerimentos atrás de requerimentos no Tribunal Constitucional para protelar a sua prisão, que o Alberto vai deixar de ensaiar números de circo ou que o Sr. Coelho vai deixar de andar com a vassoura atrás a fazer figura de parvo.

- E também não é pelo facto de estarmos a presenciar o maior roubo desde a queda da monarquia que o Comendador vai arranjar um pavilhão na Plataforma Logística do Poceirão para armazenar a sua colecção de Arte Moderna.

O problema é que, em vez de uma empada de galinha e um café devia ter pedido a sopa do dia que ficava mais barato. Isso sim.

Mas confesso. Fiquei com o coração desfeito [ainda tenho!] ao ouvir o bispo vermelho emérito D. Martins a profetizar uma espécie de apocalipse agora com manifestações, rebentamentos e sangue. Descansei quando fui reler o Canto IV dos Lusíadas. O D. Martins peca pelo exagero da figura de rastilho que emprega na sua crónica. O Velho do Restelo é que tinha razão, ainda que a espaços, fique com impressão que até o Velho do Restelo nos dias de hoje é bem mais optimista do que o nosso Ministro da Fazenda ou o responsável pela redacção dos discursos do Primeiro-ministro.

Depois de um café em casa [aproveitando o facto do IVA ainda não ter subido decidi comprar um carrinho de compras do lote arábica e timor à loja do Sr. Belmiro que dá super descontos aos tansos e entrega os impostos na Holanda para fugir ao fisco português; gesto patriótico] retemperei a boa disposição pelas páginas dos jornais e descobri coisas tão desinteressantes como as personagens do Secret Story ou o Peso Pesado [pausa para vomitar!]:

- Para além de existirem 99% de indignados a esta hora em Wall Street, parece que há um antigo secretário de Estado responsável por um negócio ruinoso de 600 milhões de euros com uma construtora e curiosamente está neste momento na Comissão de Obras Públicas. Más-línguas! - pensei.

- Foi descoberto um buraco de 200 M€ no Fundo de Pensões dos Trabalhadores do Santander-Totta resultado de algumas operações em fundos de futuros. Trocos!- retorqui.

Pior do que a digestão da empada de galinha, é imaginar que afinal de contas surreal é imaginar que isto tudo se resolve com meia hora a mais de trabalho ou cortar nas prendas das miúdos e nas férias no areal. A solução é continuar a filosofar, nem que seja com croissants.

Como diria o Mário Zambujal, longe daqui é que se está bem. Piores dias nos esperam.

Post-morten: desenganem-se aqueles que pensam que calças com boca-de-sino e colarinhos do tamanho de asa do avião estão fora de moda, com orçamentos familiares da década de 70 e encargos de séc. XXI, haja coragem para voltar a usar sapatos de tacão alto para elevar o ânimo. E vivam as marmitas.

13/10/2011

...estais cegos!

Príncipes, Reis, Imperadores, Monarcas do Mundo: vedes a ruína dos vossos Reinos, vedes as aflições e misérias dos vossos vassalos, vedes as violências, vedes as opressões, vedes os tributos, vedes as pobrezas, vedes as fomes, vedes as guerras, vedes as mortes, vedes os cativeiros, vedes a assolação de tudo? Ou o vedes ou o não vedes. Se o vedes como o não remediais? E se o não remediais, como o vedes? Estais cegos. Príncipes, Eclesiásticos, grandes, maiores, supremos, e vós, ó Prelados, que estais em seu lugar: vedes as calamidades universais e particulares da Igreja, vedes os destroços da Fé, vedes o descaimento da Religião, vedes o desprezo das Leis Divinas, vedes o abuso do costumes, vedes os pecados públicos, vedes os escândalos, vedes as simonias, vedes os sacrilégios, vedes a falta da doutrina sã, vedes a condenação e perda de tantas almas, dentro e fora da Cristandade? Ou o vedes ou não o vedes. Se o vedes, como não o remediais, e se o não remediais, como o vedes? Estais cegos. Ministros da República, da Justiça, da Guerra, do Estado, do Mar, da Terra: vedes as obrigações que se descarregam sobre vosso cuidado, vedes o peso que carrega sobre vossas consciências, vedes as desatenções do governo, vedes as injustças, vedes os roubos, vedes os descaminhos, vedes os enredos, vedes as dilações, vedes os subornos, vedes as potências dos grandes e as vexações dos pequenos, vedes as lágrimas dos pobres, os clamores e gemidos de todos? Ou o vedes ou o não vedes. Se o vedes, como o não remediais? E se o não remediais, como o vedes? Estais cegos.

Padre António Vieira, in "Sermões"

09/10/2011

...a relatividade de Escher


Produtividade, S.A.

A certa altura podemos questionar se o facto de na Constituição indicar que o SNS é universal e tendencialmente gratuito (idem para a Educação), impede que alguns serviços não possam a ser comparticipados. Aparentemente, é o que está previsto vir a acontecer. Isso não implica que a Constituição tenha de ser alterada, aliás, uma coisa que a Constituição não prevê nem aponta é para a continuação dos desperdícios, isso sim é que é lamentável

A Constituição matematicamente falando define conceitos abrangentes, médias, máximos denominadores comuns, e o diabo a quatro. Num país onde abundam, livros brancos, livros verdes, recibos verdes que eram azuis e agora são electrónicos, nuns pais já tudo foi estudado, e o que não foi estudado necessita de ser repensado, é caso para dizer, crie-se uma comissão para estudar o caso. Ou então mude-se a constituição, que apesar de sermos uma democracia imberbe, já foi modificada 7 vezes!

O motivo atendível foi uma espécie de persona non grata do famoso programa de Constituição que o PSD pretendia ver discutidas. Depois de enxovalhada na praça pública, e envergonhadamente colocada na gaveta, o Governo volta à carga com algo bem mais maquiavélico, a falta de produtividade e a inadaptação ao posto de trabalho. Todos sabemos que se há conceito abstracto e ardiloso, é a adopção de metas de produtividade.

Tomemos por exemplo o Sr. X que trabalha no Cemitério de A-dos-Aflitos. O sr. X consegue aviar 5 clientes/dia (abertura da cova com enxada, entrada do caixão com auxílio de corda de nylon já com algumas emendas e cobertura final com terra e acabamento final). A câmara municipal de A-dos-Aflitos vê-se compelida a privatizar o serviço público que providenciava (devido a uma alínea do acorda da Troika) e transfere essas competências para a empresa privada de um primo da secretária de vereador do urbanismo da Câmara Municipal. Mudança radical de paradigma. A nova empresa estabelece que o Sr. X para rentabilizar todos os encargos e gerar uma margem que proteja o corpo accionista, necessita processar 8 clientes/dia e vê o seu horário reduzido em duas horas por dia, bem como o ordenado que leva ao fim do mês cuidadosamente aliviado na mesma proporção. Mas nem tudo é mau para o Sr. X. A nova entidade gestora oferece agora um seguro de saúde, para o qual é descontado parte do ordenado do Sr. X (até pode descontar mais tarde no IRS!!) e assim, deixa de ser necessário faltar ao período da manhã para ir para a bicha que se forma à entrada do centro de saúde À espera de uma consulta d urgência ou para uma marcação de uma consulta para um dos dois médicos de família que ainda dão consultas. O Centro de Saúde deve fechar nos próximos meses, estando os serviços a ser concentrados no hospital distrital que fica a 54 km. Já ali, mas antes há que atravessar a serra pela estrada municipal que não vê obras de reabilitação desde o século passado. O sr. X só tem motivos para sorrir e aumentar a sua produtividade. Tem é que despachar 8 clientes.

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Madeira shaken, not stirred

Hoje há eleições na Madeira. A Madeira é uma ilha, ou antes um arquipélago. Aparentemente tem um buraco. Em termos matemáticos o Buraco nas contas da Madeira é qulquer coisa como o buraco da empresa pública REFER. No caso da REFER, por norma, quaisquer desvios e gastos excessivos são imputados aos maquinistas e em menor proporção aos vendedores de bilhetes (estes pelo facto de serem invariavelmente antipáticos!). No caso da Madeira, será difícil apontar bodes expiatórios, pois a haver “não renovações ou reformas compulsivas” seria necessário um comboio humanitário de milhares de madeirenses para o Continente (que ninguém quer!) ou então preparar as ilhas desertas para albergar uns quantos milhares de pessoas, incluído o chefe da banda e o director do Jornal da Madeira. Também há a opção de alugar uns quantos barcos a remos ou reduzir para metade as tarifas aéreas da para a América Latina. Ainda assim penso que a melhor opção é mesmo deixar os madeirenses resolver o seu problema…mas com os devidos cortes nas transferências do Continente por forma a contrabalançar essa aptidão irascível para gastarem mais do que podem e devem.

PS: alguém acha normal as empresas públicas madeirenses transportar eleitores em dia de eleições? Se existe alguém atirem-lhe a primeira pedra!

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A importância de se chamar Álvaro

Temos a felicidade de ter um Ministro simpático da pasta da Economia que se chama Álvaro. Apenas Álvaro e não mais do que Álvaro. Não foi escolhido pelo facto de ter editado um livro “Portugal, na Hora da Verdade (Gradiva, 2011), passe a publicidade mas porque tem um je ne sais quoi de Steve jobs da economia: visionário e sanguinário, e alguns apóstolos no Conselho de Ministros.

“Na política de transportes quase tudo terá de mudar” dixit. Só foi pena ter-se esquecido do Plano Estratégico dos Transportes em casa e ter vindo com a famosa conversa do 31 de boca. Mas adiante. Concordo com todas as opções tomadas, mais fusão menos fusão a confusão, desde que se acabe com a confusão nos transportes e com as regalias injustificadas. A parte triste da história é mesmo não existir desde a década de 80 do século passado uma abordagem séria aos transportes em Lisboa e Porto bem como no resto do País. É que pode não parecer mas Portugal também é para lá de Lisboa e Porto.

Conselho: amigo Álvaro da próxima deixe as cópias a cores do power-point e leve o Ipad, de certeza que vai fazer um figurão. Desta fez fez apenas má figura.

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Manif

…eu queria falar sobre as manifestações violentas de hordas de hunos da CGTP-IN e alguns UGT disfarçados de avó da capuchinho vermelho mas o Alberto João Jardim entrou aqui na redacção e disse que “Não queremos comunas aqui!…». Fica para uma outra oportunidade quando o Alberto João estiver a enxovalhar os deputados da oposição e o Presidente Cavaco no quarto de hotel a ver o Panda Biggs.

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Paradoxo de Escher

Este holandês apaixonado pela matemática foi mestre na criação de realidades impossíveis. Da mesma forma com a mesma argúcia, o nosso Governo está refinado na desconstrução de toda a lógica socialista das últimas décadas e paulatinamente tem vindo a criar a realidade utópica e insustentável de sobrepor na mesma receita: recessão e crescimento económico. Falar em cortes, sobrecarregar a carga fiscal restringir o crédito e desincentivar o consumo é tão benéfico para economia como um chapéu-de-chuva em pleno deserto. Aliás, o chapéu ainda faz alguma sombra…

06/09/2011

24





Desde que o Governo da nação tomou posse, ou melhor desde a primeira conferência de imprensa que o nosso “autómato” ministro da fazenda agendou, a sucessão de boas notícias inflamam os espíritos mais comburentes da nossa massa sindical. A cada medida corresponde um episódio ao melhor estilo 24. Só ainda não entendemos quem interpreta verdadeiramente o papel de Jack Bauer, pois todos os ministros actualmente (e ainda) no activo se comportam como corsários da pior cepa. Já não sei qual das medidas mais dolorosas, se a alteração dos escalões de IRS, o corte no remanescente do subsídio de Natal ou se o aumento de IVA na electricidade (não utilizo gás natural, pois não vou em barretes!).O certo é que a sucessão de más novas é de tal ordem, que já começo a antever um final ao velho estilo technicolor Gone with the Wind…e no fim morreram todos, menos a jovem Scarlett O’ Hara. Também neste particular não sabemos bem quem desempenha o papel de Scarlett mas pressinto que seja a jovem ministra da Agricultura.
Entretanto e com óbvia mudança de paradigma, o eternamente jovem Seguro desempenha agora o papel ingrato de virgem arrependida face ao caos deixado pelas forças do mal do império cor-de-rosa. É notoriamente difícil desempenhar o papel de líder da oposição quando parte significativa das medidas duras aplicadas pelo actual executivo a mando da omnipresente troika, o tornam cúmplice signatário e co-responsável em primeira mão, apesar da assinatura ser do outro que decidiu tornar-se filósofo de café em Paris.
«Em Portugal, há direito de manifestação e à greve, direitos que estão consagrados na Constituição e que têm merecido o consenso alargado em Portugal. Não confundiremos o exercício dessas liberdades com os que pensam que podem incendiar as ruas e ajudar a queimar Portugal». Não fui eu que disse, foi o actual primeiro-ministro. Isto faz dele:


1) Um opressor dos direitos dos trabalhadores e restantes afectados pelas medidas chatas em começar a estilhaçar vidros de multinacionais como a McDonalds, Hugo Boss, Louis Vouton, Calvin Klein, Armani, Burberrys e Adolfo Dominguez?
2) Um repressor dos direitos dos trabalhadores e restantes desgraçados pelas medidas impostas, de incendiarem mercedes, bmw e audi dos ministérios do Terreiro do Paço?
3) Incentivador de manifestações pacíficas aos fins-de-semana no parque Eduardo Sétimo com Tony Carreira ao vivo, sardinhas assadas, sandes de torresmos e couratos regados com cerveja Sagres?



Escolha a sua opção.


Mas não deixa de ser piada, pois um dos remoques diversas vezes utilizado pelo PSD em tempos remotos de oposição foi a aparente asfixia democrática e o medo que o anterior executivo imprimia sobre tudo e todos, a começar pela empregada do quarto do sr. Strauss-Kahn. Talvez esteja enganado mas isto tem um nome: tiques pidescos!


Querem revolução, querem tiros e puxões de cabelos? E que tal começar por fundir freguesias desavindas e “mini” concelhos, e colocar um fim á eternização de alguns caciques do poder local e regional. O Francisco Louçã numa das suas raras aparições, no alto da sua azinheira, gritava esta semana que era necessário um novo 25 de Abril. Caro Dr., estamos em Setembro. O que é premente é mesmo um 11 de Setembro á nossa moda, com muito alho e orégãos.


Mas antes, talvez não seja má ideia consultar a frau Merkl pois está visto que tal como ontem, hoje é necessário uma avalização superior.



Tenho uma dúvida e necessito de uma resposta para um enigma:
Entre uma lipoaspiração do Estado e um transplante de fígado do nosso Ministro da Saúde, qual optaria? Ele já disse que se lixe o tipo do transplante mas mesmo assim contínuo com séries dúvidas se o seu colega Gaspar não optaria antes por mudar a taxa de IVA do leite com chocolate como o seu antecessor pretendia!


Fazendo um saltinho para o assunto fétiche do Expresso, começo por afirmar sobre compromisso de honra que não pretendo integrar os quadros da Ongoing nos próximos meses, no entanto gostaria de saber aonde reside o Segredo de Estado invocado pelo Sr dos Passos, depois do pedido ultra-rápido para investigação urgente ao caso das escutas do jornalista. Estaremos nós à beira de um mini Watergate à portuguesa ou só um mero caso passional? É que se o caso era só o facto da mulher do outro ter estado casada com um bem sucedido empresário madeirense estou mais descansado! É sinal que os nossos serviços secretos estão a trabalhar para a segurança efectiva do Estado.


Decidi que não iria utilizar o termo colossal nesta crónica de bons costumes, mas o raio da palavra enche-me as medidas cada vez que olho para as primeiras páginas dos jornais ou leio os artigos de alguns spinners e fazedores de opinião. Eu diria que há muito boa gente que ainda não tirou os presuntos de cima secretária e andou pelo país a ver a miséria que abunda. E depois não me venham falar em sacrifícios repartidos por todos, ou impostos solidários. Tretas.


Alguém sabe como é que está o resultado do jogo boys do PS que saíram vs. Boys do PSD e CDS que entraram?

Hoje foi um dia bom: ainda não aumentou nenhum imposto, o último foi ontem como preços do gasóleo. Mas hoje não, apenas um hipotético imposto sobre a “fast-food”. Folclore.

Eu gostava de criticar as últimas alterações nos escalões de IRS, mas a impeditivos de ordem moral impedem-me de o fazer. Eu tal como o Américo Amorim sou um mero trabalhador.
E para terminar, se a troika “versão banca” começar a ver as gavetas fechadas à chave ou os processos “debaixo do tapete”, será que mesmo assim os nossos bancos vão sair incólumes? Esta e outras questões dicam para o próximo episódio 24.

03/09/2011





Num impudor de estátua ou de vencida,

coxas abertas, sem defesa… nua

ante a minha vigília, a noite, e a lua,

ela, agora, descansa, adormecida.


Dos seus mamilos roxo-azuis, em ferida,

meu olhar desce aonde o sexo estua.

Choro… e porquê? Meu sonho, irreal, flutua

sobre funduras e confins da vida.


Minhas lágrimas caem-lhe nos peitos…

enquanto o luar a numba, inerte, gasta

da ternura feroz do meu amplexo.



Cantam-me as veias poemas nunca feitos…

e eu pouso a boca, religiosa e casta,

sobre a flor esmagada do seu sexo.


José Régio


photo by: Luis Mendonça

08/08/2011

...notas em C maior

Cheguei. mal sai do carro corri para ver a avó. lá estava ela sentada junto á lareira, a cozinhar as conversas do dia. depois de desarrumar as malas pela casa, fui dar uma volta e respirar o monte, lá me baixo o resto do mundo. quando era pequeno pensava que o mundo acabava para além dos montes lá o longe. era um mundo ao alcance do olhar. o meu mundo começa no campo de milho, e terminava lá em baixo na quinta que os da casa viviam na jorna.

Cedo, bem cedo desci o monte e quando entrei já o abade estava atrasado. as moças de cá cantam mais alto, com adoração. permaneci no fundo da igreja encostado ao portão de madeira velha, ao meu lado os grãos de arroz do último enlace. não pude deixar de sorrir quando o senhor abade dedicou parte da homília ao jovens, esses jovens que esquecem o próximo, que esbanjam o tempo em concertos a ouvir essas músicas demoníacas, esses ritmos infernais. senti o libelo acusatório a passar ao lado dos pobres de espírito e atingir aquele pecatori que ali jazia. ainda pensei esculpir na parede de granito o mea culpa, mas depois lembrei-me que ainda tinha o john coltrane para exorcizar os tais ritmos do demo.

Chove, mas mesmo assim segui estrada fora por entre rios de suor que desciam serra abaixo. em redor da albufeira o silêncio. apenas quebrado pelo ondular das folhas e o bailado que o vento ondulava no plano de água. na vila, um punhado de rostos á porta da tasca. olham vagos para o céu que não dá tréguas. agosto, dizem. duas moças apressam os passos com os sacos de pão e hortaliças. entrei no café, ao som do pequeno rádio a pilhas e pedi o costume e um jornal. ao meu lado escreviam-se as notícias do jogo d’ontem, na pequena grafonola, o tipo que mamava nos peitos da cabritinha.
- quanto lhe devo?
a senhora sorriu enquanto ainda pingava uma gota de bagaço no copo vazio ao meu lado. senti o aquele cheiro misto de madeira velha e álcool embriagado.
- são 3,65!se tiver trocado agradeço.
paguei com as poucas moedas que sobraram ontem da festa, depois de uns tiros certeiros. no jornal, o sporting perdeu. novamente.
sai e ainda chovia, e no regresso o mesmo silêncio inundava o pára-brisas com aquele som de outras estações do ano. devo ter recuado no tempo, certamente.

Calma. em casa ainda se roubam sonhos. lá fora o vento leva o tempo.

Cantam os sinos lá fora. 7 da manhã. ouvem-se passos leves aqui pela casa. o tecto de madeira range com o sabor da manhã solarenga.

09/07/2011

...renascer

…escrevo estas linhas com ”Fuga (para 2 pianos)” da dupla Laginha & Sasseti, não que me sinta verdadeiramente inspirado mas porque senti uma inapelável tentação de exprimir algumas linhas depois da leitura sentada, aqui debaixo do telhado de cidade, num vendaval do final de tarde. Este vento que tudo leva e que pouco apaga, tem um sabor especial, mas nada se compara com o sabor do vento que me espera, nesse rio saudoso do esquecimento.
Ainda faltam alguns dias mas sinto aquele formigueiro de alma, aquele suspiro que me acompanha quando passo da VCI. Free at last.
Fuga, ora aí está uma boa ideia para nos livrarmo-nos dessas ditas agências de rating. Para quê dar-lhes importância [que não merecem!] se apenas se trata de puras operações de especulação, ganância e imoralidade. Provavelmente se eu fosse um rico reformado tailandês ou um abastado pensionista a viver na Flórida, provavelmente tão cedo não iria investir o meu dinheiro em títulos de dívida pública portuguesa ou provavelmente dava imediatamente ordem de vendas da minha carteira de acções na bolsa de Lisboa. Todavia, se eu fosse um verdadeiro abutre, talvez esta descida [dita incompreensível, mas com uma aleatoriedade cirúrgica – na véspera do último leilão de dívida!!] fosse sentida com um renovado agrado já que me permitiria adquirir acções a um preço mais em conta. Ora vejamos, a S&P tem participações directas na PT e provavelmente noutras empresas em Portugal. Esta gente actua com pantufas quando o negócio é o controlo e a influência das empresas. Dado que uma das medidas impostas no famoso “memorandum of economic and financial policies portugal” é a privatização da participação do Estado, é normal que no período pré-privatização ocorram mexidas no mercado e se as mexidas forem no sentido de beneficiar quem pretende adquirir, melhor!
No extremo da praia onde desagua toda a nossa impotência face à escalada dos juros, da Euribor e do custo de vida (excluindo a época de promoções que agora se vive!), o português light estende a toalha e lê a bola, como se o problema fosse o vizinho do lado que a esta hora já apresenta um escaldão nas costas, ou aquela senhora que transporta a mala térmica comum rebanho de filhos praia fora. A crise nota-se, é sub-reptícia como o nevoeiro que nos acorda nestas manhãs frescas de um falso verão, mas varre tudo e todos como o vento que empurra as primeiras folhas soltas de um longo outono que se advinha.
Mas nem tudo são tristezas. No meio da adversidade pela primeira vez desde que existe uma Europa ouviram-se vozes [tímidas, é certo!] em sintonia a favor da nossa causa, por essa Europa fora. Estranho e paradigmático dessa tal de União Europeia. Um conjunto de cromos bem-falantes, melhor colocados [que não o nosso Durão] exprimiram espanto, estranheza pelo facto de termos sido nós, a próxima noiva enganada nesta eterna guerra entre o dólar e o euro. No meio desta batalha, enquanto o fulano tira a areia dos dedos dos pés e sacode a que lhe invade as virilhas, gregos, islandeses, irlandeses jazem afogados num mar de dívidas e políticas idealizadas, por outros tantos incompetentes.
Por cá, alguém um dia disse que havia vida para além do défice. Esta semana, outro iluminado referiu que há outra vida para lá do memorando. Deviam-lhes erguer estátuas, colocar os nomes precedido dos respectivos títulos honoríficos numa placa de um qualquer bairro camarário ou simplesmente numa rua deserta [e sem rostos!]. Enchê-los de predicados e substantivos e por fim apresentar-lhe o triste espectáculo de um país à beira-mar, oco por dentro. Façamos uma viagem como eu fiz há poucas semanas, por tristes motivos. Olhemos para uma freguesia nesse interior obliterado: a única escola primária arrisca-se a fechar porque alguém um dia achou piada concentrar as crianças numa enorme feira de gado longe de tudo (menos da terra do presidente da câmara), imaginemos essa aldeia que numa penada fecham cafés, pequenas fabriquetas, que alimentavam o pouco comércio local. Dei um passo atrás no meu livro de memórias e via as crianças a brincar no campo, senti o pulsar do trabalho áspero da terra, mas ouvi sons, ouvi gente. Continuei a pincelar a tela, e imagino agora a mesma aldeia de ruas desertas, com topónimos de gente que um dia não pensou nas consequências e apenas teve uma visão limitada no tempo.
Acabo esta crónica de bons costumes com “Renascer” da mesma dupla. Talvez seja esta a nossa hipótese de fuga[u isso ou embarcarmos na “jangada de pedra”]. Há por aí muito boa gente [e conheço muita!!] que acredita que no nosso valor. Uma dessas pessoas renasce hoje, e com a força de vontade e a determinação que sempre a reconheci, só lhe posso desejar “the best of times” e uma felicidade tão grande como a que sente neste momento. Estou absolutamente feliz por ti.

05/06/2011

...clear conscience



…não deixa de ser curioso o poder que um simples quadrado preto com fundo branco pode ter no destino desta nossa empresa falida.

…este foi o resultado daquela outra vida que existia para além do défice. Pegando nas palavras de um dos manos Costa, começa já amanhã a outra vida para além da troika.

…então que seja possível então um país onde a justiça seja célere e acessível para todos, um país em que o Estado que saiba utilizar o dinheiro dos contribuintes de forma sustentável e sem dará alarido a desvarios e projectos faraónicos. Um país que aposte nas novas tecnologias e no ensino de qualidade. Não num país de falsas oportunidades. Num país em que os professores, médicos, juristas, poetas, escritores, o cidadão comum, sejam respeitados e que de um a vez por todas lhes seja dada oportunidade para fazerem aquilo que melhor sabem. Apenas!

Um Estado que olhe para cultura e para a investigação, não como um mero instrumento de propaganda e de estatística, mas como uma aposta para o próprio país. Se somos conceituados quando estamos lá fora, porque é que somos sempre empurrados para sair?

Um Estado que cobiça novos investimentos com base na mão-de-obra desqualificada e dos baixos salários, é um estado que autocondena o seu futuro.

Um país em que a promoção e a evolução na carreira seja por consequência da competência e da entrega de cada um, e não por compadrios, cunhas ou direitos adquiridos sabe-se lá por que razão. Um país em que sejam dadas oportunidades e estímulos àqueles que não tem meios de defesa ou alternativa.

Um Estado social que sirva para ajudar os que mais dele necessitam e não aqueles que o parasitam. Uma Escola em que o ensino seja uma actividade e não um meio convulsão social. Uma educação que sirva e não se deixe servir pelos interesses obscuros dos sindicatos. Na saúde, uma rede de cuidados paliativos tendo em conta a própria demografia do país, o mesmo se aplicando à rede de creches escolares. Uma rede de instituições de saúde e ensino onde seja possível a integração e complementaridade de instituições públicas e privadas. Integrar o privado não é necessariamente destruir o público.

Um Estado em que o ser público implica haver desperdícios ou má gestão sem qualquer tipo de sanção é um Estado que não honra os seus cidadãos.

Um Estado em que as parcerias público privadas não signifiquem lucro para uns e prejuízo para os contribuintes. Um Estado em que as corporações (uma invenção do Estado Novo) são ouvidas, mas não se impõem pela força.

Um Estado que soçobra sobre a força dos lobbies, dos interesses de alguns grupos não serve os cidadãos. O Estado somos todos nós. Por isso, em cada cadeira na Assembleia da República em cada palavra que se faça voz, faça-se sentir o apelo de cada um de nós.

Um Estado em que a luta contra corrupção é um objectivo claro, e não um conjunto de ideias vagas e objectivos guardados numa qualquer gaveta de uma qualquer Comissão.

..não interessa se são 9, 10 ou 12, interessa que sejam competentes e rectos na decisão. Que saibam honrar a confiança depositada, e que saibam gerir com rigor e consciência o dinheiro dos nossos impostos. O erário público não é deles, é de todos nós.

Será pedir muito?

Agora escolham!...

29/05/2011

...Festa do Cavalo de Porto Salvo

Enquanto meio Portugal discute as alarvidades que este e aquele candidato, mais ou menos molhado vai debitando, outro Portugal (um pouco farto do circo eleitoral) procura refúgio em algo mais salutar e sem dúvida mais enriquecedor. Seja no caldeirão de aromas de Serralves, seja no paladar da Feira do Bacalhau na Casa do Campino, ou mesmo na emoção da Festa do Cavalo de Porto Salvo, não faltam motivos para ignorarmos o triste espectáculo das falsas ilusões.









Mas não desesperemos, são só mais quatro dias, e depois logo se vê quem vai ser o chefe da banda!...

08/05/2011

…remédio dos ratos! “ouvistes”?





Depois de ler o memorandum [eu colocar-lhe-ia o rótulo “epitáfio da classe média”, mas “prontes”!] imposto pela troika que nos veio “salvar” fiquei com aquele amargo de boca que os benfiquistas tiveram quando o Custódio sentenciou o destino mais que provável da nação benfiquista: ficarem em casa, sentados no sofá a comerem pipocas!

Não demorei muito tempo a ler já que o inglês rabiscado, apesar de não tão técnico como o exigido ao nosso futuro ex-PM na sua falecida Universidade Independente, foi de rápida e fácil apreensão. Aliás, de uma forma breve diria que enquanto o PEC 4 era um somatório de boas intenções mas nada em concreto, pelo menos estes três estarolas depois de uma semana a pastéis de nata e bicas ao balcão, conseguiram esmiuçar um conjunto de medidas mais “entalativas” do que o discurso pírrico que o nosso ex-PM nos tentou mais uma vez ludibriar, desta vez com o boneco de cera do nosso ex-Ministro da Fazenda. Oh Catroga! rebobina ai a tape: por acaso alguém se lembra dos festejos e balões no ar com que o (Des)governo manifestou a primeira emissão da dívida pública um anos-luz atrás? Se bem me lembro, nessa altura já um o reputado Paul Krugman avisava que os festejos eram efémeros, pois a economia estava implicitamente condenada à partida.

Todavia apesar de mais de metade dos portugueses ainda não se ter apercebido que afinal vão mesmo “pagar o almoço”, não posso deixar em claro a luta fraterna entre as duas principais forças políticas pela paternidade das medidas apresentadas pelos três cavaleiros do Apocalipse: Devemos mesmo ser o único país do mundo em que isso sucede!?Mas isso tem uma explicação lógica…só é pena eu ainda não a ter descortinado, mas “prontes”! Bem talvez os apoiantes da marcha para a liberalização da marijuana possam acrescentar algumas palavras sobre a temática?

Mas voltemos ao discurso publicitário do nosso futuro ex-PM no intervalo do Barça, tenham em atenção que apesar do boneco de cera não ter dito nada, é necessário consultar o folheto explicativo para mais pormenores:

Para uma consulta mais atenta do prospecto informativo deixo aqui a versão traduzida o inglês do Mr. Blue Eyes, para o português suave: press hereDescansem e alegrem-se Portugueses, Eu consegui um bom acordo. Melhor do que o dos filhos da mãe gregos e os babateiros dos irlandeses! O nosso Governo não vai retirar o subsídio de férias e Natal a ninguém! Andavam por ai uns amigos malandros do Carrapatoso num concurso de ideias terríveis “Mais Sociedade”, uma espécie de Estado Gerais do PSD mascarado de lobo mau, mas Eu não deixei!




E vós pensionistas com 600 euros/mês, relaxem porque Eu não vou tocar com um dedo nas vossas comensais reformas. Atentai oh, funcionários públicos, mesmo aqueles 2,6% que fizeram greve no dia da Prova de Aferição. Não vereis mais cortes nos vossos sólidos salários, para além daqueles que que a força das circunstâncias, fui obrigado a assinar com o Passos!

Quanto ao resto mais não disse, mas subentende-se que mais haveria por dizer a troika depois da bica no Centro Jean Monet! O que veio a suceder em boa verdade

Chega de economia & política e das conjecturas do Catroga sobre os maquinistas da CP e Carris!

O Braga vai a Dublin para grande contentamento de muitos benfiquistas, o José Castelo Branco vai reforçar as audiências da TVI com mais um concurso estúpido, e na América festajam pela morte de Bin Laden. Diria que apesar de dos sinais de inquietação, o mundo prossegue a sua marcha imperturbável rumo a não se sabe bem onde! Já no nosso cantinho odiado pelo finlandeses, com ou sem margem de erro estatístico enfrentamos um verdadeiro paradoxo político: o actual PM que conduziu o país às portas do default (em português suave bancarrota) está na triste eminência de ser reeleito ainda com menos votos, em minoria, e nem o candidato kizomba parece conseguir dar a volta ao texto. Talvez esteja mesmo na hora de legalizar a marijuana e desligar o microfone ao Catroga.



06/05/2011

..meus amigos finlandeses!!



Minun suomalainen ystäväni, joka tiesi ...