18/03/2008

3 em linha

O 3.º aniversário do actual elenco governativo está a ser comemorado com uma série de iniciativas que vão certamente mudar a face, senão outras partes do corpo de muitas portuguesas. Pela pena de um deputado da circunscrição do Porto, foi apresentada um projecto-lei que visa proibir -é esse o termo!- a colocação de piercings, tatuagens e de maquilhagem permanente a menores de 18 anos. Na exposição de motivos do diploma, lê-se que a adopção de um regime para a instalação e funcionamento dos estabelecimentos de colocação de piercings e tatuagens tem como principal objectivo a definição de um «quadro de referência de qualidade», que constituirá «factor de protecção dos consumidores e de informação dos profissionais».
Assim, e segundo o projecto de lei, apenas será permitida a aplicação de piercings e a realização de tatuagens em «salões de piercings e salões de tatuagens», sendo, contudo, permitido furar as orelhas em ourivesarias e joalharias, bem como realizar maquilhagem permanente em institutos de estética, aplicando-se nesses casos o regime agora previsto. Finalmente! Para além de ser a melhor forma de celebrar os três anos de governação socialista elegendo prioridades, o País vê chegada a hora por que esperava há anos, impaciente. Vamos, pois, ter lei que regulará o funcionamento dos estabelecimentos que fazem tatuagens e aplicam piercings, passando a ser proibida a sua aplicação na língua com o devido controlo da ASAE como se impõe, no intervalo da suas acções contra a alheira tradicional e a azeitona curtida em bacia de plástico. A proposta visa sobretudo os menores de 18 anos que por sua vez e face a este ataque por parte da classe política, aproveitando um buraco legislativo, viram-se agora para a cirurgia estética como forma de alcançar a eterna felicidade.

É caso para dizer que, o País e os nossos jovens não mais vão ser os mesmos após este exercício de poder.

Voltando ao ataque aos “gandins”, como se não bastassem os genitais arganéis, a revista Pública desta semana dedica uma reportagem ao crescente recurso das jovens à cirurgia plástica, na busca do corpo perfeito. É simples, faz-se uma birra em casa, acaba-se com a paciência dos pais, pega-se na revista com a modelo favorita e toca de ir ao sr. Doutor. Depois é o corta aqui, acrescenta acolá, endireita aqui, põe ali e qual Vénus da espuma do mar, surge um sorriso Angelina Jolie, e um corpo de Heidie Klum, uma barriga de Gisele Bundchen e um traseiro de Soraia Chaves.
Não é bem como as sopas de pacote mas é algo similar. Pura ilusão!
Não deixa de ser curioso que a juventude de hoje recorra a este tipo de expedientes, e que num época em que a individualidade é tão acarinhada, não haja um pingo de amor próprio por aquilo que a natureza e a genética lhes deixou. Claro que, em determinados casos, esse tipo de intervenções são aconselháveis e necessárias em casos de cirurgias reconstrutivas e deformidades congénitas, para evitar eventuais perturbações psicológicas e desinserção social.

Será que as jovens de hoje em dia não sabem outros caminhos diferentes para descobrir a felicidade?
Na época da mini saia ou dos shorts atrevidos, as pernas gorduchas ou a cintura grossa eram um drama, quem não aderia à moda era antiquada e toca de fazer dietas rigorosas até o palmo e meio de saia poder sair do armário. Outrora a moda era a dos cabelos lisos, ai de quem tivesse umas ondulações! Hoje em dia são extensões, cortes radicais, pinturas rupestres e ondulações de marés vivas na Caparica!. Os seios grandes já foram démodé! Houve alturas em que era um anátema terrível, as blusas justíssimas denunciavam tudo e disfarçava-se com colares berrantes e compridos, mas havia quem encurvasse as costas, muito enfiada, escondendo o "defeito"! Hoje em dia temos jovens de 15 e 16 anos como um sofrimento atroz pelo facto dos seios serem “demasiado pequenos” e que já sonham com o silicone, numa altura em que o próprio corpo ainda não atingiu o crescimento final.
Outrora, aprendia-se a superar os “defeitos”, mais timidez ou menos timidez, passada a adolescência muitos desses complexos eram recordados com umas boas gargalhadas ou recordados como provas difíceis que foi preciso ultrapassar. Hoje recorre-se ao bisturi!

Intolerável!
Algumas designadas instituições de solidariedade social?? negam o acolhimento de pessoas idosas seropositivas. O mais cruel desta história é que barram o caminho através de exigências monetárias irrazoáveis e pedidos de subsídios ao Estado para o seu financiamento.
A questão que se coloca é porque é que a Segurança Social não coloca um travão a toda esta situação aberrante?

Três temas para pensar!