01/11/2008

..cemitério dos livros esquecidos

...não se trata de uma utilização abusiva do último livro do catalão Carlos Ruiz Zafón, mas antes um apelo a todos aqueles que ainda nutrem pelo livro um especial afecto. Com a época natalícia à porta, avolumam-se as campanhas de intoxicação e lavagem cerebral dirigidas aos nossos pequeneninos inocentes. No Expresso de hoje, fiquei surpreendido com o volume de bonecada que o El Corte Inglés presenteia.

Habituado que estava ao vulgar folheto com 10/12 páginas, não estava à espera um volume XXL. Espero que o Continente não envrede pela mesma batuta, caso contrário terei que reservar uma prateleira especial só para arrumar o novo e o velho testamento dos brinquedos de Natal.

Em vez de brinquedos, alguns deles como duvidosa qualidade educativa e comprovada inutilidade (são agradáveis ao toque até um máximo de duas semanas, depois caiem no canto mais esquecido do quarto) talvez fosse mais interessante que as catedrais de consumismo selvagem, dessem um pouco mais de relevo à literatura infanto juvenil, sobretudo num país como o nosso, onde abundam nomes sonantes e obras de elevada qualidade.

É claro que isto não passa de uma ideia utópica, mas é destes pequenos caprichos que este nosso mundo necessita. Qual é o interesse em oferecer Action Mans, Gormitis, Winx & afins quando há 364 dias no ano para gastar o plafond o cartão de crédito com juros, ou aproveitar a concessão de facilidades de pagamento (sem juros!?).

Um livro por sua vez, desperta a curiosidade, transporta-nos para o cerne da história, fomenta a imaginação e não há memória de quem tenha tido qualquer acidente caseiro com um livro, nem que um livro tenha ficado sem uma peça. Depois de lido, arruma-se no "cemitério dos livros esquecidos", mas tenho a certeza que cada vez que pegarmos num para lhe aliviar limpar do pó e das traças, aindo nos lembramos da história!...o mesmo não se poderá dizer de uma Barbie, que muitas das vezes está com os cabelos despenteados e nua!

Moral da história: talvez fosse culturalmente mais aceitável que pelos menos um livro chegue às mãos de uma criança. As fábricas de Taiwan e da China certamente não vão ficar efusivas com a atitude, mas os escritores e poetas do nosso país agradecem.
...não custa nada e faz bem ao ego! ofereça um livro!




1 comentário:

I.D.Pena disse...

Ora beM, concordo por coMpleto. Por isso sigo-te com atenção hehe :)