24/08/2009

...escalada ao k2

...sair do refúgio de montanha onde são os mochos que nos anunciam a chegada da estrela da noite, e o céu nos fascina com mil e uma luzes é difícil. Mais ainda, é a percepção dos quilómetros a passarem à medida que nos aproximamos de casa! Foram três semanas de paz e tranquilidade que culminam com um ticket de portagem e um "boa viagem!". Pisar estas ruas de novo e sentir o frenesim do trânsito matinal esmorece. Mas é assim, sem isto não há balões de oxigénio nem chás dançantes para nos fazer sentir as saudades. Perguntaram-me se tinha gostado do Minho...esbocei um sorriso! Gosto desde a alcofa, desde o menino de férias, quando me encaixotavam na "camioneta dos trabalhadores" que sai do Campo das Cebolas, sentado ao lado do motorista, num tempo em que não havia auto-estrada, em que a noite era longa, apenas recortada por vaga-luzes de pequenas cidades, por entre gente de trabalho que levava pouco ou nada no farnel, e uma pequena mala de suor estampado no rosto. Era estranho, eu pequeno no meio de gente que cantava, dormia e sonhava por entre a noite que cerrava fileiras por esse Portugal acima. Já madrugada, lá me esperava uma comitiva que me enchiam de abraços beijos e sorrisos [ainda hoje assim é! na despedida são as lágrimas que caiem dos rostos!], em frente ao café do velho Monteiro, que muitas vezes me traziam às cavalitas ou a pé, por entre caminhos que se escondiam na escuridão da floresta. Era uma comitiva, pois o neto, sobrinho - consoante- trazia nas malas tudo o que necessitava, e mais ainda aquilo que mais faltava!...Eram tempos difíceis, primeiro com candeeiros a petróleo mais tarde com o velho e enferrujado "fox". Uns anos mais tarde ficava na vila (era mais crescido, já não era o pequeno) ainda madrugada, e lá esperava em cima do muro de granito da antiga praça, enquanto chegava a hora do serviço do táxi! Ainda me lembro da cheia de ver a água a inundar as tascas ribeirinhas, da avenida quase submersa na cheia de 87...lembro-me como se fosse hoje!...amanhã quando terminar a escalada também vou olhar para baixo, e lembrar-me dos bons momentos e das boas recordações desses tempos e dos tempos de agora! e de outras estórias que ficaram por contar!...




PS: K2 é a segunda maior montanha do mundo e é reconhecidamente a mais difícil escalar!

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