Nas minhas divagações lunares, por entre cidades misteriosas e ruas silenciosas, o som dos teus passos imaginei ao cruzares as ruas de granito sufocante. Senti teu olhar luzidio nas sombras, foquei o gesto sublime e a doçura do teu percurso, rua acima por entre janelas que te contemplavam e portas que se abriam na minha imaginação.
Ficámos sentados, junto à esplanada na praça central e ali permanecem, entreolhando silêncios que se cruzavam com o lento caminhar das horas, que o tempo se encarregava de consumir. Findo o dia partimos, cada um para o seu recanto, silenciosos e dissimulados na multidão que varria agora as ruas desse lugar, cujo som ecoava no bater das teclas.
Eu fiquei. Apraz-me ver-te partir nem que seja em sonho. A despedida é algo que não se escreve, o mesmo sucede com a saudade. Imagina-se, sente-se mas não se transcreve. Ao longe, consegui discernir um último fôlego para o parágrafo final: um por do sol à beira mar numa folha branca cheia de nada. Apenas silêncio.
3 comentários:
Um folha em branco(?!?)não cheia de nada mas cheia de tudo. Sente-se o silêncio, Tony!
Muito bonita a poesia. Você escreve muito bem. Parabéns.
Aqui no Brasil "uma folha em branco" significa para os escritores a falta de ideia e isso é a coisa mais terrível que tem para eles.
Novamente, meus parabéns pela poesia.
eu conheço esta maquina de algum sitio...
Enviar um comentário