04/08/2010

...folhas soltas num banco de café

…ainda pensei urdir umas quantas linhas de alfarrabistas, já que ainda não me habituei a todas as subtilezas do Office 2010, mas enfim rendi-me aos benefícios de poder escrever sob o canto das estrelas e um mocho que não para de me saudar.




Hoje não esteve calor, calor é uma abstracção inventada pelos fabricantes de limonadas e gelados, digamos que hoje coagulei os meus pensamentos enquanto me deleitava com uma francesinha no café Vianna e um fino escorregadio, por entre palavras e ideias numa mesa redonda de escárnio e baixa política[nada de futebol!]. Calor, era lá fora, na zona dos chapéus & ementas que se perdem na tradução para francês corrente do bacalhau à minhota ou a vitela estufada com ervilhas. O barómetro estava de tal forma agressivo que um pombo rompeu as barreiras da decência e colou-se à minha mesa ávido por um pedaço de pão que ainda lhe deu luta, até que a empregada o enxotou porta fora, no meio de um choro de uma criancinha que viu nele o companheiro de brincadeira. Após o repasto, rua de Souto abaixo para dar uma mirada na Loja das Bananas [local de culto!] e mais uns quantos cliques na objectiva. De caminho, já o sol quebrava o ânimo serra acima. Chegados ao chalet de montagne, mais uns quantos hectares de floresta a crepitar. Estranho prazer para esses pirómanos que poderiam perfeitamente ter o mesmo fim que os infiéis e personagens desavindas nos autos de fé! Esses, muitas das vezes pobres inocentes de um desvio de razão, má fortuna os bafejou. Outros tempos, régia justiça. Curioso destino o meu respirar o mesmo ar e pisar o mesmo chão onde outrora, o Exmo. Sr .Juiz da comarca remetia para a forca.

Mas mudando de assunto, não tenho visto o que se passa pelo mundo, acredito piamente que ele também não esteja interessado nas minhas motivações, mas sinto um brilho de alívio por me sentir bem nesta plácida condição de extrema ignorância. Sabe bem, acordar sem pensar no que aí vem, sabe melhor ainda pensar que amanhã tenho um muro para pintar. Pode não ser tão interessante com sentir o repouso do mar num fim de tarde na Meia-Praia, mas é igualmente motivante sentir que cá dentro tudo corre bem. Lá fora, não sei. Ainda não folheie o jornal hoje e já se faz tarde. Amanhã logo vejo, consoante de que lado empurra o mar.


PS: parabéns Mano!

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