15/09/2012

...massa folhada & doce d'ovos


…hoje devo ter acordado com algum Borges, tudo me lembra Borges (não confundir como o Borges & Irmão, esse ilustre banco). Comecei o dia á espera que o velho das bolas de Berlim acabasse o telefonema logo no momento exacto que escolhia entre uma bola com creme ou simples. É quase com escolher entre pedir um pastel sem a nata. Ao folhear (ou melhor tentar!) as páginas do jornal perante a adversidade da brisa matinal, tudo me lembrava Borges e RTP. As folhas sucediam-se e lá estava ele, na personagem de 13º apóstolo do capitalismo cruel, 8º anão da Branca de Neve, o querido Consultor, o homem da máscara de ferro, eu sei lá como classificar bizarra personagem.
O Borges acredita fielmente que as empresas públicas são mal geridas. Ele estruturou um mundo privado, onde o público é uma aberração. Quem está a mais é despedido. Quem gere mal é exonerado, privatizado, desprezado. Não sei o que o Borges pensa sobre o assunto, mas tenho a certeza que se ele acreditasse mesmo na doutrina que o persegue, já tinha demitido o seu patrão.
O Relvas é um tipo inteligente. Foi para o recanto mais longínquo onde os feixes hertezianos demoram uma eternidade a chegar, logo na altura em que o Borges se sentou no sofá e começou a explicar a visão do patrão. Ouvi que os chineses pensam colocar um homem na lua nos próximos tempos. Pode não ser tão confortável como estar alojado no ritz de Díli, mas pelo menos lá [na Lua] não há cartazes na rua. 
Como eu te compreendo Passos. Mas histeria seria se, em vez da Judite Sousa a entrevistar o Borges aparecesse um Goucha ou quem sabe uma Fátima Lopes. Histeria é entregar o serviço público a um privado e continuar a pagar a taxa de televisão na factura da EDP. Para além de histeria, seria fazer o Zé e da Maria, uns idiotas completos.
Continuando na mesma senda ideológica, ainda não reflecti no novo ordenamento do ensino proposto pelo beato Crato, ilustre matemático. A teoria da irracionalidade do chumbo, fez-me recuar uns anos largos ao tempo em que entrava de manhã e sai da parte da tarde sem ver meninas de saia, pelo singular motivo de ser imoral e perturbador da atenção, ter umas saias lado a lado na sala de aula. Querem saber a minha opinião? Esta experiência do amigo Crato de concentrar alunos em latas de sardinha para diminuir o número de professores, de acabar com os sorrisos de crianças nas aldeias e coloca-las a quilómetros de casa em mega escolas que depois não têm orçamento para as manter é um erro colossal. Tem o aroma a estalinismo puro ao concentrar os alunos em autênticas fazendas Sovkhoz, com uma estranha redução ao ao fascismo primário do “porque tem que ser”.
Há alturas marcantes que figuram nos manuais de História. O dia 7 de Setembro de 2012, vai constar dos índices como o dia em que Portugal acordou do longo sono induzido pela irrealidade socialista e o desprezo social do liberalismo selvagem deste actual elenco governativo. Mas vamos por partes.

Como o Miguel Sousa Tavares disse e muito bem, todos tínhamos uma ideia que o Passos era a pessoa mais séria do mundo e que tinha uma coragem e uma frontalidade ímpares. Ficamos a saber que afinal, como bom político que é, também mente descaradamente e vive num mundo que não é o que pisamos. Apesar da sua coragem, de andar de Opel Corsa, morar em Massamá e ser capaz de imolar a fome com uma sandes de queijo, cometeu a iniquidade de pensar que os Portugueses são como os pastéis de nata do seu amigo Álvaro, comem-se em duas dentadas, e são, óptimos para exportar.

Não contente por espoliar os funcionários públicos de dois subsídios, agora sob pretexto da decisão do Tribunal Constitucional, decide que todos somos pastéis de nata descartáveis e que pelo contrário, o dito Capital deve manter-se como o Pastel de Belém. Contrariando toda a ideologia económica e ao arrepio da social-democracia que diz ser paladino, toca a extorquir ao trabalho (malus) e granjear o capital o bónus. Numa penada, o mero contribuinte, a sua família, os seus filhos e restante massa folhada com creme d’ovo, passam a ser os únicos e presumidos culpados da inoperância e descontrolo financeiro do Governo. É a inversão total da lógica política no seu zénite. Eu presumo que com esta experiência social do amigo Gaspar, [que os amigos da Troika aplaudiram como sendo uma solução ardilosa] seria capaz de juntar Marx e Keynes na manifestação de logo à tarde. Vistas as coisas, não somos pastéis de nata, somos meros ratos de laboratório.

Não vou aqui anunciar o coro de insultos, enumerar as vozes dissonantes dentro dos partidos que “apoiam” esta maioria governativa e os de fora, mas uma coisa posso afirmar. Nunca se viu tanta unanimidade neste país como agora, talvez exceptuando o 25 de Abril, os jogos da Selecção Nacional sem o Ronaldo e os últimos dias de Timor ocupado.

Relativamente ao amigo Portas: Há silêncios que são ouro, outros são simplesmente demolidores. Certamente já reparou que uma simples conferência de imprensa do seu amigo Passos, acabou de vez com a ideologia e os princípios que defende. E não é o argumento do patriotismo bacoco, ou necessidade de ouvir o Conselho Nacional, O Partido ou o dono da pastelaria que lhe vai permitir explicar aos seus correligionários que esta é de facto a via democrata cristã que fundamenta a existência do seu partido.

Aproveitando a ideia do amigo Álvaro que a indústria mineira será o pilar da recuperação da nossa Jangada de Pedra, lanço-lhe um desafio, abra um buraco na rocha mais dura que encontrar e enfie-se no buraco que alimentou. Em opção continue a encher o cartão da TAP com milhas como faz o Dr. Relvas.

Logo vou à manifestação sem preconceitos ou ideias mágicas para resolver o problema. Não tenho uma bola de cristal, mas sei distinguir perfeitamente entre um político sério e honrado de um simples ladrão. E é isso mesmo que se passa hoje em dia. Penso que tal como o amigo Crato define os alunos que simplesmente não têm jeito para a escola, talvez não fosse má ideia colocar alguns senhores deste Governo no ensino profissional. Temos óptimos candidatos a canalizadores, picheleiros e algumas cabeleireiras.

Mas enquanto o circo prossegue até chegar a Janeiro altura em que começamos a ver o alcance do saque, deixo ao amigo Passos duas notas: 7 de Outubro (Porto-Sporting), 9 de Dezembro (Sporting Benfica). Duas datas excelentes e recomendáveis para se dirigir ao País, uns minutos antes de cada jogo e anunciar aos pastéis de nata que :

 - O dinheiro que nos vai roubar vai ser desviado para assegurar a nossa reforma e um Portugal mais justo;
- Vai começar a cortar efectivamente nas despesas do Estado e não andar a “fazer cócegas” aos Pastéis de Belém;
 - Vais fiscalizar se o dinheiro da descida da TSU vai servir efectivamente para combater o desemprego ou se vai ter como destino os dividendos dos accionistas;
- Vai tributar as mais-valias em bolsa o dinheiro desviado e não declarado para paraísos fiscais e outros dividendos com a mesma agressividade fiscal como nos vai ROUBAR;
- Vai cortar com todos aqueles subsídios estúpidos do Estado que ninguém entende?
- Vai resolver de uma vez por todas todos aqueles empregados que chegam picam no ponto e nada mais
 - Vai terminar com os abonos às supostas eventuais fundações que ninguém entende a utilidade;
 - Vai resolver de uma vez por todas a negociata das PPP, mas sem os mesmos escritórios de advogados que prepararam os contractos iniciais (sugiro por exemplo o FMI como auditor; já que gostam de cortar!):
  - Vai cortar efectivamente nas PPP porque também tem o descaramento e cortar em quem vive de um salário de miséria e não tem luxos;
 - Vai diminuir os assessores, secretários, carros de luxo em tudo o que é aparelho do Estado, (uma verdadeira aberração em qualquer país que se preze);
- Vai reduzir o número de deputados que é inapelavelmente desmesurado tendo presente com o tamanho e população portuguesa.

Só assim, talvez consiga fechar aos olhos ao facto de aumentar 60% na minha contribuição para a Segurança Social e o mais que há de vir da actualização do IRS e perda de benefícios fiscais, que vão fazer com que o meu orçamento familiar regrida uma década. A tal década perdida.

Mas por favor. Fale com o Portas e telefone ao Seguro com o mínimo de duas horas antes de aparecer no Palácio de São Bento com o microfone ligado.

Deste seu estimado Pastel de Nata

PS: entrevistas em casa saem caro ao erário público, e todos sabemos como o Dr. Relvas e o amigo Borges não gostam de desperdícios!

14/08/2012

...na estrada da Atafona


Quando metade da actividade jornalística da semana versou o mistério em redor do almoço entre o ministro dos affairs estrangeiros e o inseguro líder dos trabalhistas português, fico bastante mais preocupado quando passados três dias os sacos de lixo dos almoços e lanches ajantarados de alguns turistas de ocasião se acumulam na estrada que abraça a serenidade da albufeira aqui mesmo ao lado. Como se não bastasse os caixotes do lixo servirem de mera decoração urbana [pobre turista não possui instrução nem traquejo para saber como se operam!], sou confrontado com um giro pouco regular dos serviços de recolha de monos e derivados plastificados. A thin blue line entre a cidadania e a porcaria consome a paisagem de uma forma abusivamente chocante, isso e a passividade das autoridades policiais perante a utilização abusiva de motos de água e embarcações a motor na albufeira. Na estrada da Atafona isso não se passava.
   
“In every person there was a king”


A Zita Seabra fazendo uso do epíteto da silly season, surge agora quase três décadas depois com a ideia miraculosa de que o país era vilmente espiado pelo ártico ar da FNAC. Por momentos tremi, pois utilizo a FNAC para confidenciar o meu amor pela literatura e adoptei as ruas apertadas e alcatifadas como santuário para adorar e namoriscar aqueles maços de folhas perfumadas. Todavia ao perscrutar com maior acuidade a notícia, as entrelinhas revelaram algo mais pernicioso: afinal eram uma marca de A/C que ornamentavam os varandins e fachadas das nossas torres de betão nos idos anos 80 do século passado. Não fazia a mais pálida ideia que, juntamente com o Avante e a Vida Soviética, a FNAC fazia parte do politburo de publicações socialistas progressistas. 

Na estrada Atafona as árvores fazem sombra todo o ano, o calor simplesmente não apertava.

O simples facto de imaginar um comunista atento e alerta em cada aparelho causa-me algumas angústias indisfarçáveis. Não bastava o recalcamento de infância, ainda legado do Estado Novo, que os comunistas comiam crianças ao pequeno-almoço e agora mais este delirium tremens- comiam e espiavam ao sabor das cálidas tarde de verão.
Infelizmente nunca tive um comunista destes em casa e confesso que muita falta me fez. Seria deveras interessante ofertar ao camarada Jerónimo, reconhecido produtor de manchas de suor, um destes aparelhos. Já reparam na admirável estoicidade com que ostenta os seus fluídos durante as suas intermináveis intervenções de pé nos comícios escaldantes naqueles pequenos recintos fechados (ora na Voz do Operário, ora na Baixa da Banheira) ou nas intervenções mais acaloradas no último dia da Festa do Avante? Tenho na minha ideia que haverá por aí muito camarada disposto a martirizar-se uma ou duas tardes para refrescar o Secretário-geral desse infernal calor vermelho que lhe desperta a sudoração. Isso e umas cadeirinhas para os restantes membros do comité caviar, pois essa coisa de estar em pé de braços cruzados com ar sério durante 1 hora seguida é obra quase tão diabólica como partir pedra no gulag. Na estrada da Atafona, não havia ares condicionados, apenas vacas que pastavam na bonomia dos verdes prados verdejantes, passe a redundância.

“Big Brother is watching You”

Ao cuidado da Zita: o promotor da fábrica de painéis solares de Abrantes [agora mais um elefante branco de desinteresse nacional) é um mesmo barão-vermelho que presumivelmente esteve ligado à falência da FNAC. Talvez seja interessante investigar possíveis escutas a partir do telhado e não nas varandas.

Ainda no capítulo gestão do risco: o projecto para o Alqueva, que iria reformular toda a arquitectura da placidez da paisagem alentejana, secou na origem. Não se sabe se foi pelos excelentes acessos providenciados pela A6, ou pela proximidade do aeroporto internacional de Beja, mas o certo é que os bancos nacionais já não fazem bicha à porta da Herdade do Esporão. Um caso a rever pela nossa ministra da agricultura e seu colega da economia. Como é possível secar a torneira da CGD mesmo ao lado da maior “banheira” do país? Na estrada da Atafona, vendem-se banheiras.

Eu se fosse a Paula Rego, encaixotava o acervo de 500 quadros que estão expostos na Casa das Estórias e empacotava tudo para uma qualquer galeria de Nothing Hill ou simplesmente as exibia no Speakers' Corner. Talvez os súbditos de Sua Majestade tenham um pouco mais reconhecimento que os biltres das Finanças! Ao cuidado do manifestamente silencioso secretário da cultura [que não se tem visto nem ouvido sobre esta e outras preciosidades]. Estou certo que aquele senhor que pendurou a roupa numa rua de Guimarães teve maior acolhimento por parte da intelligentzia cultural do nosso governo? Na estrada da Atafona, há uma loja de móveis e uma oficina., também têm a sua arte.

Submarinos. Este neue não-assunto de tem algumas dissemelhanças com a popular rábula dos Gatos Fedorentos “o papel, qual papel? o papel, qual papel?”. Eu pensava que que a silly season era um pouco mais prolífera em matéria de criatividade e esta coisa de barcos que andam debaixo de água ao sabor da voracidade com que o ministro do affairs tira fotocópias. Não é preciso fazer um grande equação imaginativa para entender que este exercício já foi chão que deu uvas em matéria de gossip politic .Mas já que insistem na buzzword. Na estrada da Atafona não há submarinos, só vacas a pastar.

Na estrada da Atafona, o tempo parou numa tarde ensonada. A outrora entrada da vila, é apenas uma memória esquecida no tempo. Os carros pouco se vêem ou ouvem, mas o sol brilha da mesma forma e as folhas caiem tal e qual como no Outono. Na estrada da Atafona há menos gente do que na Manta Rota, mas em compensação há vacas.

Quando ouvi a frase profana do D. Januário Torgal Ferreira “Há jogos atrás da cortina, habilidades e corrupção. Este Governo é profundamente corrupto nestas atitudes a que estamos a assistir”, senti um leve toque de Behind the green door. Gosto mais da “Maratona do Amor cujo desafio foi colocado ontem na Cova de Iria. É um pouco mais horny!

Alguém sabe o que é o RERT III (Regime Excepcional de Regularização Tributária)? Ainda bem, é uma espécie de nata “Monte Banco” que permite refrescar 3,5 mil M€ que foram depositados fora de Portugal (leia-se, sobretudo na Suíça) através de regime especial de amnistia soft cream. Deste modo, enquanto o vulgar banhista da penela de feijoada e garrafão de vinho ao estender a toalha na praia da Manta Rota, paga à cabeça sem qualquer pejo uns meros trinta a quarenta e tostões percentuais, e não tem direito à bola de Berlim que a ASAE não gosta nem ao topping, ali na esplanada da malta do colarinho branco, paga-se apenas 7,5% e ainda por cima oferecem tremoços de bigode e finos. Les portugais sont toujours gais!

Na estrada da Atafona é que se estava bem, hoje está a chover lá. Mas as vacas continuam a pastorear.

Alguém viu por aí o Relvas?

17/07/2012

cul-de-sac



“Para conhecer as coisas, há que dar-lhes a volta, dar-lhes a volta toda.”
 José Saramago

Estava a necessitar de um argumento para o meu momento carta do Guilherme à Selecção e eis que o camarada Saramago me abre outra perspectiva.

Gossip:
Também eu norteei a minha vida pela procura incessante do conhecimento, ainda que com resultados diametralmente opostos. Depois de digerir todas as notícias e não assuntos que esta semana escalpelizaram o caso não Relvas, cheguei à conclusão que o senhor de facto está inocente. O doutor [esse!] está ferido de morte e tem muito que explicar, ou melhor o outro colega do avental é que nos poderá elucidar um pouco mais sobre essa estória de “diabinhos negros”. 

Depois de tentar desatar o nó górdio de relações bizarras que manteve e mantém, chego à infeliz conclusão que temos aqui enredo para o mestre David Lynch [um novo Twin Peaks?] ou dependo das personagens para o John le Carré [uma sequela do Alfaiate do Panamá?]. É o que se chama uma personalidade multifacetada!

Não vou acrescentar muito mais à vontade expressa pelo camarada Jardim sobre as suas pretensões a novas equivalências académicas, pois o elogio fúnebre que acabou por fazer ao ministro em questão, foram uma espécie do beijo da mulher-aranha. Por outras palavras um excelente epitáfio político, após uma manobra de heimlich bem à sua medida.

Em sintonia com as declarações prestadas pelo Marques Mendes e o Professor Marcelo, quero prestar aqui a minha solidariedade com Fiel Jardineiro [está é só para quem viu o filme!].

Internal affairs:
Adoro as PPP, o nome claro não o conceito per si. Talvez se a negociação dos pagamentos certos e permanentes das PPP não tivessem sido adiada para a as calendas não andássemos com a calculadora a adivinhar qual a taxa sobre o 13º mês.
No sector da energia, também não deixa de ser caricato o próprio Secretário de Estado a recear que a tão afamada e badalada liberalização do mercado implique um aumenta os preços e não uma baixa considerável como é pregão e ideologia do Governo.

My name is Bond, Eurobond:
Quando me acerco da janela juntamente com as pupilas do Júlio Dinis para me banhar com o sol que nasce para todos, oiço o Governo Irlandês a clamar ao BCE e o EuroGrupo por uma nova negociação. Aqui ao lado, um pouco mais acima do buraco onde me encontro, o Sr. Rajoy envolto numa falsa neblina fala às massas numa prosa de enganos para o adiamento do compromisso do défice da monarquia. Na assistência os mineiros das Astúrias e todos os ludibriados assistem com palmas de revolta ao início do excelente negócio sem contrapartidas do empréstimo ao Reino de Castela (o rei numa tentativa de apagar as caçadas em África, acabou por auto infligir-se com uma redução de 7% da jorna). Lá na outra Europa, , o nosso ministro com o nome do “gato” do deputado Honório Novo, lança mais uma pausada prelecção insidiosa aos jornalistas:

“(…) fala-se de favorecer o processo de ajustamento. É a forma de palavras que é usada. Melhorar e favorecer parecem-me de facto os termos que podemos usar.”

Quem conseguir resolver mais este teorema lançado pelo nosso ministro, pode-se candidatar a uma vaga na próxima remodelação. Fazem-se apostas!

E que tal se os bancos baixassem os juros do empréstimo? Afinal de contas, no meu gráfico de EURIBOR, a taxa cobrada pelo BCE não é nem 6 nem muito menos 7%? Então para onde anda esse diferencial? Não me digam que todos os créditos da banca são insolventes e que os pobres dos senhores do capital coleccionam comendadores insolventes e ex-governantes corruptos como clientes? Não me digam que é para pagar os 9 000 M€ de juros da dívida pública?

Mirror, mirror on the wall:
Esta semana também li que o Sr. Gaspar enganou-se [ah! o Sr. Gaspar, nos meus tempos de menino bem comportado, fazia contas no papel pardo e cantava o somatório do trigo e do quadradinho de chocolate Avianense que fazia as delícias de qualquer garoto de aldeia!], ou melhor, anda a enganar-se a si próprio. Então não disse que podia poupar dinheiro através de uma negociação dos juros da dívida pública? Exactamente o contrário da doutrina defendida desde que começou a falar pausadamente. Faça favor de fazer a prova dos nove às declarações que tem proferido, tenha calma, não se precipite.
Mas afinal de contas, ou na falta delas, quid sabe ou quid controla a dívida pública? Ora vejamos o resumo dos últimos meses:
1.   

  1. 1   As PPP não são renegociadas ou os valores diminuídos por causa dos interesses financeiros e da escabrosa promiscuidade entre os governantes e os concessionários. Basta ter estado atento à reportagem que deu esta semana sobre alguns dos ex-ministros de anteriores governos [independentemente da cor das meias!]. Não me digam que estão a dar aulas e andam de autocarro. Nem vale a pena colocar aqui os nomes das empresas em que são administradores executivos, não executivos, com ou sem chauffeur.

  2. 2.    Digam-me lá três exemplos de países desenvolvidos onde os contractos de PPP sejam feitos pelos escritórios de advogados das próprias concessionárias? Vá, puxem pela imaginação!

  3. 3.  A título de exemplo devidamente sublimado, as parcerias das PPP vão ser renegociados pelos mesmos escritórios de advogados que transferiram o risco dos concessionários para o Estado. Coincidências!

Os contractos não podem ser renegociados?!O governo não prometeu cortar nas parcerias? Então façam-no! Talvez seja bastante mais fácil do que imaginam. Como é que se transfere o risco na totalidade para o sector público e garante-se com dolo, o filet mignon en croûte aux champignons para os privados. Se houve celeridade nos cortes na Função Pública e na promulgação do abusivo Código do Trabalho, estranha-se a morosidade quando se trata de incidir sobre o outro lado da moeda [isto já parece o discurso cassete do politburo da Soeiro Pereira Gomes].

Fiesta brava:
Por falar em Soeiro Pereira Gomes, o juiz presidente do TC deu uma rara entrevista intimista à Maria Flor Pedroso, e revelou uma faceta estilo “forças de bloqueio”, inaudita e assaz curiosa. Talvez o senhor dos Passos tenha alguma razão, pois estranha-se o facto de pela primeira vez desde há já algum tempo, alguém sair do palácio Ratton para uma faena política, isto sem o consentimento da autarquia de Viana, fiel depositária da virtude da tradição taurina.

Last famous words:
Apetecia-me dizer mais qualquer coisa…mas acho que para a sanidade mental de muito com especial ênfase para a minha inteligência como contribuinte, por agora chega. Assuntos e não assuntos não devem faltar agora que se iniciam as hostilidades da silly season!

01/07/2012

..algures entre a estrada da palha e o mar da palha!




…no fundo no fundo nada nos derrotou, nem mesmo os Man in Black da UEFA, ou a Troika turca do árbitro que nos apontou para fora do EURO. Por momentos ainda pensei que a saída da nossa selecção fosse o prenúncio inevitável da nossa licença sabática da moeda única (alemã). Felizmente a sra. Merkl inventou os chamados instrumentos financeiros os Cocos, uns meros 900 milhões de Euros que vão beatificar a desinteligência e aventureirismo dos bancos espanhóis e algumas contas mal explicadas que por essa Europa fora engendradas pelos diferentes governos, independentemente da orientação sexual de cada cor política. 

No fundo, e independentemente de estarem por baixo ou por cima, na posição de borboleta ou dominadora, todos os foram co-responsáveis pelo estado calamitoso a que as contas públicas chegaram. Claro está que, cair na tentação de imputar a total responsabilidade ao Governos é qualquer coisa blasé antes, a retórica demagógica apontará sempre para a culpabilização das massas populares, sempre crucificada com a receita liberal da austeridade cega. É triste quando a doutrina mutatis mutandis é aplicada com tamanha cegueira sob o apanágio da extrema necessidade e urgência nacional.

Esta coisa da urgência nacional tem alguma dissemelhança com aquelas invenções da época filosófica socialista- os PIN. Quando algum agrupamento de malfeitores pretendia construir este ou aquele empreendimento em zona protegida, ava cavadra e PIN. Em opção corrigia-se o traço da condicionante de modo a passar ao lado [este faz-me lembrar qualquer coisa!]. Era a época do lápis e da borracha, cujas feridas ainda hoje ensombram algumas dos mais belos quadros cénicos do nosso quadrado.

Esta semana ficamos a saber qual o preço do m2 da liberdade de imprensa, 45 euros por m2. [para quem não entender esta charada, é favor ler o acórdão da sentença de um reconhecido deputado da bancada da oposição!]

Continuando na onda bizantina, fiquei absolutamente convencido da postura salomónica por parte da ERC no Caso Relvas-Jornalista recém-despedida do Público. Fiquei eu e a vereadora Helena Roseta.

Sabem o que faz falta para animar a malta num dia destes? Não! não é o Vasco Gonçalves nem o amolador. É o homem dos gelados!

Existe um enigma matemático que intriga a minha inteligência e que me tem roubado horas de estudo, já para não referir do pó de giz que já gastei na tradução algébrica do teorema. Desde que tenho memória política, algo que germinou por geração espontânea nos arrabaldes finais da década de 70, oiço personalidades mais ou menos respeitáveis [nesses tempos esquecidos, vinham para a televisão de pullover e cigarro na mão!] a falar em reformas estruturais. Alguém me explica como é que um país com um historial tão enriquecedor e agressivo na prossecução de reformas estruturais trata de forma tão deprimente [e por vezes desprezível] os seus idosos e reformados?

…sem mais delongas, estou curioso para ver o que vai dar o hipotético refendo sobre a manutenção da Grã-Bretanha na União Europeia. Mais curioso ainda para saber o que pensa a chanceler alemã! A charada segue dentro de momentos…

Agora algumas semi-breves:

Na Grécia depois de empossado o novo Governo, o primeiro-ministro foi hospitalizado com um lenho no olho, o ministro das finanças meteu baixa eterna e resignou. Em Portugal o corajoso ministro da Economia enfrentou qual forcado os manifestantes e quem acabou mal foi o capot do belo Mercedes. Cá como lá, tudo se resolve com uns pensos e uns retoques na tinta.

ObamaCare. Este slogan significa: todos os americanos a partir de agora têm de adquirir um seguro de saúde. E mai nada. Olha se fosse por cá!

Alguém acredita que uma semana ou uns dias extra com os alunos que não se esforçaram o suficiente ao longo do ano [sobretudo aqueles que provaram não ter qualquer intenção de progredir ou aprender] resulta em algum progresso significativo para os mesmos!?

O Louçã ainda anda por cá, ou já ocupou o lugar na bancada parlamentar do Syriza?

O resto é palha!

20/05/2012

..o coiso



Esta tendência para deixar acumular ideias e estórias ao longo de várias semanas da mesma forma que os brinquedos e os jornais se acumulam aqui na sala tem sempre o óbice de metade das fantasias escritas para piano e orquestra se dissolver na pauta do esquecimento. Como pude deixar em claro aquele episódio cataclísmico das promoções do PD e toda a catarse que provocou nas mentes mais depauperadas deste singular país. E o que dizer das folhas nuas com todas aquelas palavras que se perderam no labirinto da minha mente sobre o desemprego, aqui nesta humilde Terra do Nunca. Ainda assim sobra sempre qualquer coisa orgástica, nem que seja ‘o coiso’ do ministro do desemprego. Acredito piamente [eu e o resto e todos os santos entediados e enganados!], que para o Álvaro, esta coisa do desemprego seja um verdadeiro desiderato, necessário, útil e promissoriamente indutor de uma economia mais arrogante e e competitiva, depois de destruir a classe média e a pouca coesão social que sobrou do desvario dos governos do nosso emigrante francês, já só falta reduzir a classe operária a meros operários temporários. Em clara oposição, e numa toada mais intimista, o ministro Gaspar vê ‘o coiso’ como um trauma difícil de suportar, uma dor tão insuportável que nem o mais optimista Calimero poderia aguentar. Finalmente, o supra-sumo da felicidade embrutecida, o nosso PM vê ‘o coiso’ como uma oportunidade, muito mais apetecível que a promoção dos 50% da carne do PD, um mar de rosas, o arco-íris da política neoliberal. O alfa e o ómega de um partido que se diz social-democrata. Tenho dúvidas, muitas e cada      vez mais fundamentadas que este não é [decididamente] o caminho.
                                                               &
Agora um off-topic. É Tua, minha, nossa e da UNESCO, pelos vistos. Pois assim anunciam os arautos, a UNESCO insurgiu-se com a falta de explicação dos rabiscos do mestre Souto Moura e ameaça com paragem imediata das obras! Eu sobre a temática barragens sou suspeito pois ninguém constrói barragens por capricho e tenho a certeza absoluta que qualquer barragem tem impactes significativos quer na paisagem, quer na fauna e flora, e por aí adiante. Destroem-se equilíbrios mas geram-se novas relações ecológicas. Um antes e um depois. Para além disso, não basta fazer contas sobre o que se vai poupar em termos de combustíveis fósseis. É igualmente sensato, e talvez mais interessante abordar a barragem do ponto de vista do controlo de caudais ou na reserva estratégica de água. Quanto à vertente turística nem vou entrar por aí pois, analisando a orografia do vale a submergir, os acessos existentes ou a paisagem que vai desaparecer [a tal!] não prevejo grandes potencialidades nessa óptica! Construa-se a barragem pois estamos enjoados com romances tipo Foz Côa. Por ventura existe alguma barragem que tenha sido construída e que não tenha tido impactes sensíveis sobre a paisagem ou sobre o meio ecológico?
                                                                                     &
Mudando de assunto para um bio-epic. O sr. Hollande fez lembrar um ex-primeiro ministro inglês Chamberlain que na antevéspera da II Guerra Mundial foi de peito aberto até Berlim e ao regressar trazia a famosa folha com assinatura do Führer com um plano de entendimento. Confesso a minha tristeza e perplexidade quando vejo ministros e parlamentares do Bundestag a alvitrarem e decidirem sobre os destinos do Gregos, Portugueses, Islandeses, Franceses, Italianos, Espanhóis, e por adiante para não ser tão exaustivo. Eu comungava do projecto de construção europeia sobre a perspectiva social-democrata de um Gerhard Schröder, de um Willy Brandt ou de um Helmut Schmidt. Aonde para o sonho europeu, o que são os hoje os pilares fundadores da construção europeia?
                                                       &
Para finalizar uma verdade laplaciana. Esta semana estive numa reunião de uma associação de pais de uma escola aqui do concelho de Oeiras e cheguei a um conjunto de conclusões desapontantes:
  1. O ensino e a política de educação para o Governo e para as autarquias é uma espécie de malus major e um fardo terrível;
  2. É muito mais importante arranjar um novo jardim em frente a uma escola, erguer uma estátua a preço milionário numa esquina do que reabilitar uma escola, Acresce a infelicidade de uma escola não ser tão bela e pujante como uma rotunda. Temos pena mas não há orçamento;
  3. Os políticos e alguns bajuladores gostam que os pais paguem do bolso os arranjos exteriores ou interiores da escola, pois os impostos que pagam serão mais bem empregues em outro tipo de obras com maior impacto como uma rotunda!

Nota da direcção: apesar do pedido de desculpas do Relvas, e da má exibição do Sporting, há que dar a devida vénia à briosa Académica que se bateu com dignidade na final do Jamor!

05/05/2012

I wish I can live...





I wish I can live this life in my solitude and isolation
spending my days in the mountains and the woods
between the pine trees, not having worldly cares that
can shift the self from listening to the soul
I’d await death and life, and I’d attentively listen to
the speech of forever and more
I’d sing with the robins in the woods and listen to
the lapping rivers in the valleys
I’d speak lovingly to the stars and the dawn,
the birds and the river and the calm sunlight
A life lived for beauty and art, away from my
people and my country, not weary with the cares of people,
for they live a life of the still lifeless objects
and to live with what lays within me whether
sorrow or novel joy, away from the city and its people away
from the jargon of their societies, for they only descend from lies,
naivety, and common nonsense
where is this life for which I long?
where I can hear the lands barmaid singing and lapping,
and the echoes of the heart and the song of the singer
and the sounds and rustling of tree branches in their shade
and the scent of flowers, this is the life I praise,
I call for its glory and call for its brilliance




Abu Al Qassim Al Shabbi


photo: Ines Belkahla

18/04/2012

...9


there are so many tictoc
clocks everywhere telling people
what toctic time it is for
tictic instance five toc minutes toc
past six tic

Spring is not regulated and does
not get out of order nor do
its hands a little jerking move
over numbers slowly

                                              we do not
wind it up it has no weights
springs wheels inside of
its slender self no indeed dear
nothing of the kind.

(So,when kiss Spring comes
we'll kiss each kiss other on kiss the kiss
lips because tic clocks toc don't make
a toctic difference
to kisskiss you and to
kiss me)

E.E. Cummings

photo by: Gomèz

...whos's behind


…é sempre bom saber quem vem por trás e sobretudo estar atento aos sinais da submissão. A coberto das festividades pascais, enquanto o Coelho devorara o ovo de chocolate, o órgão oficial do Governo lança um conjunto de ideias interessantes materializadas no Diário da República, das quais salienta-se a proibição aparente das ditas reformas antecipadas. De acordo com fontes governamentais, prontamente confirmadas com o aval do Ministro dos Assuntos Parlamentares, a tutela prepara-se agora, com o mesma ardilosa boa vontade prolongar por mais uns mesitos a idade de reforma. Tudo a bem do proclamado “envelhecimento activo” que consta do Programa doutrinário do Governo by appointment of the TROIKA.

É caso para perguntar: Que mais nuances de linguagem se escondem por detrás do Programa do Governo.

Ainda com a mesma lisura face á inépcia alarmante da plebe, surgiram rumores firmemente desmentidos com o agrément da tutela, para a eventualidade não descartável de a segurança social ser transformada numa espécie de tosta mista (público e privado com um banho de manteiga). É óbvio que no quadrante mais vermelho do nosso repositório político, os sinos já bradam horrores e clamores. Ainda não há reminiscências ou comentários por parte do sector financeiro, mas advinham-se grandes hossanas. Mais uma grande ideia a esclarecer nos próximos episódios.

E porque não é que se proíbem as grávidas de fumar? Se é para proibir o Sr. Zé que está fumar o seu Montecristo (passe a publicidade) enquanto conduz o menino à escola, então puna-se com o mesmo frenesim, os pais que deixam as crianças subir árvores, os pais que não vão às reuniões de encarregados de educação, ou os país que se esqueceram de comprar o pacote de leite mas não se esqueceram do euro milhões na sexta-feira. Se o objectivo é legislar sobre o puritanismo e a pureza dos comportamentos, então é melhor suspender o país e formar uma verdadeira comissão parlamentar pois há por aí muito comportamento desviante sem profilaxia.
Está decidido…é mesmo a partir de 2015. Só ainda não se sabe concretamente o quê nem como! Esta aparente minudência alicerçada numa coincidência simpática: é ano de eleições e cai sempre bem começar a dar um pouco de milho aos pombos, antes de os esterilizar!
Inquérito de opinião:
Se fosse o Ministro da Saúde o que faria com os terrenos da MAC:

  • a)      Hotel de Charme para turista ver por fora e tirar fotografias
  • b)      Mais um prédio devoluto na área
  • c)       Centro comercial com lojas para chineses e paquistaneses
  • d)      Escola degrada sem direito a obras da Parque Escolar
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Para a semana temos a posição borboleta.

06/04/2012

...primavera árabe


Começo com uma frase perturbante do Orwell…During times of universal deceit, telling the truth becomes a revolutionary act

E a verdade é esta…ainda que com alguns lapsos…

..e eis que de repente até o pobre Pessoa foi vilipendiado na sua dignidade estática durante aquela conturbada arruada primaveril. Conta-se que, apesar de ostentar uma máquina fotográfica e o respectivo copo de bagaço, os Srs. agentes continuaram a arrear como se de um simples incauto cidadão se tratasse. Urge frisar que,sempre de uma forma adequada e proporcional á grandeza da personagem. 
Com mais ou menos bastonadas, aparentemente a nossa primavera árabe esgotou-se nas ruelas da Baixa-Chiado, sem vítimas a lamentar, a não ser um pequeno grupo de jornalistas e meia dúzia de pombos que nessa altura por ali procuravam migalhas de tostas mistas. Aguardam-se novos desenvolvimentos.

Notícia de última hora. Foi identificado o agente causador de todos os males do mundo. Proceda-se à abertura de um inquérito rigoroso, para o cabal esclarecimento dos factos e proceda-se de imediato ao respectivo processo disciplinar.

Hoje ao acordar fui a correr ler o jornal diário de casa de banho na esperança [vã] de descobrir mais alguma OPA. Não deixa ser curioso que numa conjuntura económica em que o emprego virou mistério mariano, e os despedimentos aumentam na mesma proporção que o politburo alivia o cinto de castidade da lei laboral, que haja uma verdadeira reacção descontrolada em termos de fusões e compras de fim de semana na bolsa de Lisboa. Diria que este sim é um sinal do espírito santo directamente para os mercados, e não uma vaga de novos-ricos de Luanda a fazer compras na avenida da Liberdade. Haja fé.

Por falar em fé, e dada a santidade do dia que hoje se comemora, lá em baixo no torreão da igreja, o sino não dobrou perante a certidão de óbito do modelo social europeu, morto às mãos do banqueiro Mário Dragui. O mesmo encontra-se a monte, mas as autoridades policiais estão no seu encalce. Nós bem sabemos como as nossas autoridades policiais são excelentes a recapturar gandins! Ele que se cuide. Ele e mais alguns deputados arrivistas da bancada socialista.

Continuando na senda de crimes hediondos de natureza económica, o nosso Governo acabou mesmo por assassinar a última esperança de parte significativa do seu staff, ao adiar para 2015 o pagamento gradual [calmo e sereno] do 13º e 14º mês. Fazendo jus ao lapso do ministro Gaspar, o PM reforçou uma tónica sibilante no gradual, como fazendo crer que o lapso de tempo entre o imediato e o concretizável poderá espraiar-se ao logo do próximo decénio. Um pouco à semelhança daquelas obras temporárias que permanecem nos registos do património arqueológico como definitivas. Eu diria que este eufemismo de linguagem do PM, juntamente com a sua obstinada vontade de mudar tudo a qualquer preço [doa a quem doer] realça em primeiro lugar uma incontornável falta de sensibilidade pela situação actual de muitas famílias. Isso, e a manifesta incapacidade do ministro das finanças em entender o dito mistério do emprego em Portugal, agudizam a minha percepção que falta qualquer coisa de substantiva a este governo.

Tendo ainda presente o nosso camarada Gaspar, os meus sinceros agradecimentos por obrigar aquela jovem senhora da mercearia a adquirir uma caixa registadora com um software informático certificado estupidamente dispendioso. As poucas empresas de informática do ramo rejubilam perante o maná que dos céus lhes cai. Entretanto na prateleira das preocupações menores, mais uns quantos processos de milhões de impostos por cobrar prescreveram por inabilidade do mistério das finanças.

Ao contrário do que andavam por aí a clamar os arautos da desgraça, não é verdade que a MAC e mais umas quantas urgências hospitalares na área metropolitana de Lisboa e mais além vão fechar. Simplesmente está em discussão o reordenamento e redistribuição das equipas clínicas…pelas duas únicas urgências que ficarão activas. Valha-nos S. José Santa Maria. Porque do mistério da saúde, apenas viroses e alergias de época

Ponto final parágrafo. Com o fino propósito de cortar na despesa corrente e em face de ao almoço apenas ter sido possível despejar uma malga de vinho, e não uma garrafa de Bafarela 17 que guardo religiosamente para uma oportunidade menos santificada, venho nestes propósitos anunciar que voltarei, após o borrego ter passado pelo forno pascal. Nessa altura, com ou sem lapso, voltarei a anunciar mais incongruências desta vida ao sabor das letras que os meus dedos encontrarem.

“Não há dúvida que a memória é como o ventre da alma”
Santo Agostinho

…o povo não é tolo e os lapsos e enganos não se esquecem tão depressa.

Uma Boa Páscoa.

04/03/2012

sudoku



…não foram 98% mas foram uns democráticos 95,5% que de certo suplantaram a magra derrota do Ahmadinejad, mas que não se comparam com as apoteóticas vitórias albanesas.

É verdade! Choveu esta semana aqui na capital do império perdido. A dança da chuva da nossa ministra teve um efeito efémero mas resultou, pelo menos nos limites aqui da área metropolitana. Infelizmente, foram gotas num oceano de seca Extrema. Enquanto o tal Grupo estuda com rigor e faz um erecção exaustiva de todas as plantas e animais que nas últimas semanas tiveram sonhos molhados com garrafas de água das pedras, o país seca. Talvez fosse interessante, pagar as ajudas do ano passado que [estranhamente ou não!?] se encontram retidas, e parte do problema seria obviado, mas não totalmente resolvido. Mas enfim, são contas para outro rosário. Tal como a nossa jovem Cristas há que ter fé…no tal Grupo de Trabalho, já que São Pedro está mais virado para outros assuntos.

Esta semana o nosso Presidente insurgiu-se contra o desemprego jovem. Não vale a pena comentar muito mais, pois como tal era suposto, o Governo em peso demonstrou o mesmo pesar pela onda de mortalidade no Emprego jovem. Já noutro âmbito, relativamente aos cerca de 3000 idosos que faleceram esta semana devido [supostamente!] ao Frio intenso e à “falta de Agasalhos”, salvo opinião médica mais apropriada, no pasa nada
Nem vale a pena comentar. É o frio porra, e não se discute mais, para não chegarmos a conclusões mais vergonhosas! Todos sabemos que a população portuguesa é a mais idosa da Europa, mas não é necessário exagerar na tentativa de rejuvenescer à força da crise económica, ou de uma suposta mutação do vírus da Gripe!!

Uma pequena farpa do Eça para desvirtuar um pouco a longuidão deste texto matinal…antes do próximo tema:

"Clamamos por aí, em botequins e livros, 'que o país é uma choldra'. Mas que diabo! Porque é que não trabalhamos para o refundir, o refazer ao nosso gosto e pelo molde perfeito das nossas ideias?... Vossa excelência não conhece este país, minha senhora. É admirável! É uma pouca de cera inerte de primeira qualidade. A questão toda está em quem a trabalha. Até aqui a cera tem estado em mãos brutas, banais, toscas, reles, rotineiras... É necessário pô-la em mãos de artistas, nas nossas. Vamos fazer disto um bijou!"
Eça de Queirós, in Os Maias

Parece que esta semana o sr. Paul Krugman vei cá receber três [sim leu bem!] capelos encomendados por três reputadas universidades lusas a outras tantas empresas de lanifícios. Um verdadeiro hat-trick, uma barrigada de honoris causa multiplex! E o que é que o senhor nos veio ensinar na sua lição de sapiência nobel? Corte-se os ordenados 20 a 30% nos ordenados relativamente aos nossos amigos alemães, para aumentar produtividade da nossa mão-de-obra. Tétrico!
O estado deve investir na economia e deve ser colocado um freio à Austeridade. Excelente dedução, baixar salário definitivamente não é Austeridade!??
Talvez o senhor não saiba, mas olhe que que os nossos salários já são provavelmente 30% inferiores aos auferidos pelos nosso amigos da Baixa Saxónia. Provavelmente na viagem de avião que o trouxe de Princeton, um dos seus alunos não lhe tenham fornecido o dossiê “Portugal- um pequeno país na américa latina” completamente detalhado ou com o mínimo de rigor.
Mas o nosso PM Passos resolveu as contradições do senhor de uma forma airosa! Convido-o juntamente com o senhor Gaspar, para um almoço de jaquinzinhos com arroz de tomate e um bom vinho carrascão. Só o desígnio divino sabe o que foi dito e rebatido, e o que foi realmente comido! Afinal tinha-se enganado:

«Detesto dizê-lo, mas não faria as coisas de forma muito diferente daquilo que está a ser feito em Portugal». 
ipsis verbis
Nada com um almoço austero, para convencer o senhor nobel. Nada de caviar de beluga ou Vichyssoise a acompanhar um copo de Château Mouton-Rothschild 1982. Do outro lado da mesa, o inseguro secretário-geral do PS, enquanto degustava o prato de Nestum com mel [passe a publicidade!] e impaciente pelo facto de não ser tido nem achado na conversa a três balbuciou uma nova fórmula mágica: “Austeridade inteligente”. Ainda não tive tempo para desencriptar essa nova mézinha mas prometo que vou mobilizar o meu pessoal de Bletchley Park.

Para terminar, antes que o sr. Pickwick adormeça no seu coche, uma frase filosófica retirada do Journal of Medical Ethics e que incendiou a opinião pública um pouco por todo o lado. Talvez até mesmo na China ou na India!?

“If criteria such as the costs (social, psychological, economic) for the potential parents are good enough reasons for having an abortion even when the fetus is healthy, if the moral status of the newborn is the same as that of the infant and if neither has any moral value by virtue of being a potential person, then the same reasons which justify abortion should also justify the killing of the potential person when it is at the stage of a newborn.”
Eu acrescentaria, no further comments!

Digamos que a racionalidade subjacente a este exercício tem uma equivalência em termos de estupidez à acusação de Racismo feita ao nosso azeite Gallo no Brasil, mas numa magnitude mais acentuada!