01/01/2013
...jailbreak
...o ano passado neste mesmo dia profetizei esta frase:
"Estranha esta sensação de dúvida permanente, este pot-pourri de esperança mesclada com receio. Aguardemos serenamente o desenrolar da nossa próxima estória..."
Este ano animado do mesmo voluntarismo e firme certeza:
...faltam 365 dias para o fim! Há que pensar positivo.
31/12/2012
...last famous words
Vim agora da minha última tentativa [bem sucedida]
para comprar uma bomba de confettis made in China e uns balões coloridos com um
Happy New Year com hélio português. No caminho das pedras fui tomando um conjunto de notas mentais
sobre a minha perspectiva pessimista realista sobre o ano que se avizinha.Chove.
Depois de um 2012 para esquecer a todos os níveis
mais umas quantas sub-caves, tudo o que seja acima de mau vai acabar por ser
suficiente ou mesmo aceitável, um pouco como as notas na pauta do primeiro período. Desde logo o meu acto de fé: não acredito neste OE2013 publicado hoje na surdina da azáfama das passas e do espumante rasca. Definitivamente deixei de me rever nas projecções
optimistas do Governo, sobretudo num ministro que falhou em toda a linha e num conjunto de aprendizes que todas as semanas se reúne em redor do mais ilustre habitante de Massamá.
Depois de Troika, crise e austeridade, as palavras
que vamos continuar a ver pintadas nas paredes e nas bocas do mundo continuarão
a ser desemprego, perda de direitos e convulsão social. Tal como o
advinho Spurinna também eu alerto para o perigo dos idos de Março. A publicação
dos dados do INE no boletim da Primavera, bem pode ser este o princípio do fim da
epifania política do senhor de Massamá. Para o sucesso desta nossa desventura, espero estar errado.
Mas antes, já em Fevereiro vou estar atento ao dito
plano de "Refundação do Estado", esse momento Artur Baptista da Silva do nosso
PM. Só ainda não entendi uma coisa de somenos importância: como é que um plano
que é apresentado aos parceiros como um facto consumado e presente aos reis magos da Troika envolto em incesso e mirra,
mantém-se em discussão até o verão quente de Agosto?
Já nas próximas semanas, depois das férias
decretadas por sua Exa. O Senhor dos Pastéis de Belém e do Bolo Rei, o Tribunal
Constitucional vai-se transformar numa espécie de El Corte Inglès no Black
Friday. Vai ser um ano em cheio para os excelsos juízes do Ratton, a começar com
a fiscalização sucessiva do OE2013 acarinhada pelo PS, BE e PCP..e umas quantas
vontades recalcadas do CDS e PSD, a revolução administrativa em curso, O IMI, entre outos fait-divers. Ainda assim, o prime-time está reservado às telenovelas Isaltino, BPN, Monte Branco, Submarinos,
Casa Pia e outros tantos episódios truculentos do nosso quotidiano. No fundo a continuação do longo capítulo da injustiça á nossa moda.
Algures entre o retorno das andorinhas e a próxima
Feira do Livro [se entretanto não for anulada pela CML por novas obras no Marquês], será interessante verificar
se submarino azul aguenta a tormenta da agitação social abrilista. Apesar de
confiar mais nas previsões das ciganas romenas do Parque Eduardo VII, estou em
querer que o Caldas vai começar a escaldar antes de levantar fervura na Lapa.
Lá para os meandros do calendário há um Congresso
do PS, altura em que veremos se é desta que o Presidente do ajuntamento de
freguesias agregadas à força de Lisboa vence o seguro de vida deste Governo.
Sim porque não é com açaimes de raiva contida ou lapsos de memória recente que
este partido socialista leva a noiva ao altar. Relembremo-nos que os nubentes em
causa resultaram um casamento civil de conveniência, com um padrinho à
espanhola em Belém, com uma vontade irrascível de manter a relação incestuosa.
Ainda não falei do BE porque ainda não entendi a
química entre o Semedo e a Catarina. Pessoalmente gostava mais da oratória
barroca do primo do outro Loução. Quanto ao PC do camarada Jerónimo só espero que a cassete passe finalmente a DVD.
2013 vai ser um ano parco em vendas sonoras. Já
pouco sobra, mas ainda há a Torre de Belém, o Mosteiro da Batalha ou a Torre dos Clérigos. Estou indeciso entre vender a Madeira aos marroquinos ou alugar o
Allgarve aos Sarracenos, mas de todas as hipóteses a que me satisfaz mais será
sem dúvida alguma a concessão desses espaços de inaudita fruição e prazer, por
tempo indeterminado tal como sucedeu com a ANA. Esta sim seria uma medida com impacto visível no défice
público. Matavam-se dois coelhos numa cajadada: por um lado acabava o triângulo
das bermudas da economia madeirense no erário público, e por outro os portugueses
podiam começar a beneficiar a poupança e o aumento da produtividade em
detrimento do dinheiro supérfluo gasto em vícios pouco saudáveis como passar férias
na praia ou comer em estações de serviço de qualidade duvidosa sandes de leitão a preço de caviar russo.
Ainda no subcapítulo
da produtividade, para além dos supra assassinados feriados civis (ver último post), a Santa Sé
deu bênção a dois autos de fé. Este conjunto de medidas de
reciprocidade duvidosa vai ter como corolário…mas 1 dia de trabalho
comparativamente a 2012. Nada a acrescentar em abono da medida. É bem provável que o vendedor de farturas ou a roulotte das sandes de courates serão os mais beneficiados com a medida.
Também pode ser que Abril traga boa novas e tudo o
que atrás disse seja manifestamente o contrário do que presumo. Nesse caso, as
minhas desculpas pelo equívoco técnico!É que equívocos destes também acontecem....
photo by: Ines Belkhala
...every time I say goodbye
O Ano de 2012 foi a todos os níveis memorável. Em primeiro lugar este blog teve mais visitantes e comentários do que check-in do aeroporto de Beja, por outro lado gastei menos tempo a escrever do que nos anos anteriores e não cedi à opressão do Novo Acordo Ortográfico. Por último, este blog mantém a classificação DOC 100% português sem corantes nem conservantes que é como quem diz, ao visualizá-lo está a contribuir para a economia nacional e para o equilíbrio do défice da balança comercial. Mas nem sempre foi assim.
De facto, o ano que agora termina pode ter sido o início dos piores anos das nossas vidas:
1. Continuam a fazer de nós palhaços pagantes no circo da política caseira;
2. Somos confrontados com declarações bizarras e assaz tristes nas redes sociais dos principais magistrados da nação: PM e PR; há que chamar os bois pelos cornos;
3. Foi decretado o fim do 1 de Dezembro e do 5 de Outubro, os feriados mais antigos e mais significativos do ponto de vista histórico;
4. A receita bimby que a Troika nos impõe conduziu milhares para o desemprego, milhares para o limiar da pobreza;
5. Os amigos do BPN continuam confortavelmente sentados no trono da inocência a saborear a austeridade imoral, enquanto nos centros de desemprego e no desconforto da noite, rostos de solidão e resignação choram por dias melhores;
6. O Estado Social foi substituído pela caridade mesquinha e a necessidade de racionamento, numa trajectória evolutiva pautada por uma iníqua falsidade social;
7. Os pobres, os reformados e todos aqueles que supostamente beneficiavam da extrema bondade do Estado, são mais hoje do que nunca, os bodes expiatórios de uma insensibilidade social nunca vista em democracia;
8. O SNS e a Educação, sustentáculos de década de luta e reconquista são hoje um castelo de cartas ao sabor de um memorando que ninguém quer perfilhar, mas onde todos se refugiam;
9. etc.
Muito haveria para dizer…basta sair e acreditar no que vemos, já que a realidade que nos vendem não passa de banha da cobra.
Até jazz!
24/12/2012
...um Santo Natal para todos!
1Por aqueles dias, saiu um édito da parte de César Augusto, para ser recenseada toda a terra. 2Este recenseamento foi o primeiro que se fez, sendo Quirino governador da Síria. 3E iam todos recensear-se, cada qual à sua própria cidade. 4Também José deixando a cidade de Nazaré, na Galileia, subiu até à Judéia, à cidade de David, chamada Belém, por ser da casa e da linhagem de David, 5a fim de recensear-se com Maria, sua mulher, que se encontrava grávida. 6E quando eles ali se encontravam, completaram-se os dias de ela dar à luz 7e teve o seu filho primogénito, que envolveu em panos e recostou numa manjedoira, por não haver lugar para eles na hospedaria. 8Na mesma região encontravam-se pastores, que pernoitavam nos campos guardando os seus rebanhos durante a noite. 9O anjo do Senhor apareceu-lhes e a glória do Senhor refulgiu em volta deles, e tiveram muito medo. 10Disse-lhes o anjo: “Não temais, pois vos anuncio uma grande alegria, que o será para todo o povo: 11Hoje, na cidade de David, nasceu-vos um Salvador, que é o Messias, Senhor. 12Isto vos servirá de sinal para o identificardes: encontrareis um Menino envolto em panos e deitado numa manjedoura.” 13De repente, juntou-se ao anjo uma multidão de exército celeste, louvando a Deus e dizendo:
14 “Glória a Deus nas alturas e paz na terra
aos homens de Seu agrado.” 15Quando os anjos se afastaram em direcção
ao Céu, os pastores disseram uns aos outros: “Vamos então até Belém e vejamos o
que aconteceu e que o Senhor nos deu a conhecer.” 16Foram
apressadamente e encontraram Maria, José e o Menino, deitado na manjedoura.
17E quando os viram, começaram a espalhar o que lhes tinham dito a
respeito daquele Menino. 18Todos os que os ouviram se admiraram do
que lhes disseram os pastores. 19Quanto a Maria, conservava todos
essas coisas ponderando-as no seu coração. 20E os pastores voltaram
glorificando e louvando a Deus por tudo o que tinham visto e ouvido, segundo
lhes fora anunciado.
(Lucas 2,1-20)
02/12/2012
...ai aguenta, aguenta!
…a esta hora algures em
Almada, uma enorme barraca de venda de cassetes mono deve estará a fervilhar de
ideologia e colectivo partidário. Sim é o enésimo congresso do PC. E este ano
mais do que nunca a cassete esteve presente, não só no acto inaugural com
aquele instantâneo do jornalista do Expresso, mas no discurso político.
Convenhamos, a doutrina pode ser um pouco compartimentada, ortodoxo, dura, o
que entenderem, mas a realidade dos factos, paulatinamente tem dado razão às teses
defendidas elas vozes que ecoam daquele lado de lá da iron curtain. Já na
sexta-feira a saudosa Odete citava outro indefectível camarada da causa, o
Almeida Garret :
«E eu pergunto aos
economistas, políticos, aos moralistas, se já calcularam o número de indivíduos
que é forçoso condenar à miséria, ao trabalho desproporcionado, à
desmoralização, à infâmia, à ignorância crapulosa, à desgraça invencível, à
penúria absoluta, para produzir um rico?».
Mas vamos a assuntos mais adstringentes:
enquanto na Alemanha punem-se com penas de prisão os responsáveis pelas negociatas
dos submarinos, por cá distrai-se a opinião pública com um julgamento sui
generis em que a defesa alega que os pecados estão todos perdoados derivado ao facto de existir um novo agreement de contrapartidas entre o Estado o Grupo alemão MPC. É sempre agradável
quando tudo termina em bem, não é? Mas vamos por tartes, :
- Contrapartidas negociadas na altura do anterior contrato com a German Submarine Consortium (geridas pela Man Ferrostaal) – aproximadamente 1.210 M€ distribuídos por 39 projectos de capacitação e indústria portuguesa
- Novo acordo entre o Ministério da Economia e o fundo de investimento MPC - recuperação do hotel de luxo Alfamar (Albufeira) e um investimento de 150 M€
Quando o limite da generosidade alemã esbarra
na intransigência do actual Governo, podemos estar seguros e confiantes na
defesa da (des)causa pública.
....para dar continuidade à submersão demagógica do negócio...
...durante o
zapping que habitualmente faço durante os noticiários indigestos da hora do
jantar em família (um dos luxos que ainda conservo) pareceu-me ouvir o (ainda) PM
a referir-se a qualquer coisa semelhante a co-pagamentos na educação.
Pasme-se, o corte da tal refundação, reformulação, o diabo que o carregue da
reforma do Estado Social, iria ser inteiramente direccionada para as prestações
sociais e para as pessoas, já que segundo os dados confirmados e sublinhados
pelo INE, 70% da despesa total do Estado português incide sobre essas rúbricas.
Não digo que a novidade do PM tenha sido uma cluster bomb, ou uma blitzkrieg,
mas os soundbytes já fizeram moça nem que tenha sido pela recusa frontal por
parte do ministro Nuno Crato no que diz respeito ao ensino básico. Quanto ao
ensino secundário e quanto ao SNS, já tenho as minhas dúvidas que as fatwas inscritas
na redacção da Constituição particular do Governo, não lancem as bases para um
regime fundamentalista alicerçado na educação e saúde só para alguns. Será que
são necessárias mais crianças a desmaiar nas escolas com fome? Quantos
agregados irão suportar o pagamento de propinas no ensino secundário, para além dos avultados custos que isso acarreta actualmente!!
Mas não deixa de ser curiosa
esta perspectiva simplista & simultaneamente ignorante por parte da teocracia
que (ainda) nos governa. Quando o discurso da oportunidade para aproveitar a
crise, o vislumbre de uma nova oportunidade perante o facto consumado do
desemprego, este novo desígnio ultramarino de exportar jovens e não jovens para
outras terras, para outros mundos, passa a ser denominador comum de todos
aqueles (que por agora) juram a pé juntos fidelidade ao actual establishment,
refundar o Estado Social retirando todas as conquistas obtidas por décadas e
séculos de luta em matérias fulcrais como a educação e a saúde, é apenas o
corolário da vocação de um político menor, num país que merecia muito mais.
Dividir para reinar sempre foi o desígnio de
gente medíocre, e em última instância o prenúncio do seu colapso.
Quiz da semana:
1.
Quantos aviões aterraram esta semana no aeroporto
de Beja?
- Opção 1: <1
- Opção 2: entre 1 a 3
- Opção 3: >3
2.
De entre os grupos sociais, seleccione aqueles
com maior probabilidade de atirarem pedras à Assembleia da Repúlica?
- Opção 1: Estudantes anarquistas mascarados.
- Opção 2: Estudantes anarquistas mascarados, estivadores, sindicalistas, professores, trabalhadores da RTP, funcionários públicos na disponibilidade, desempregados.
- Opção 3: Estudantes anarquistas mascarados, estivadores, sindicalistas, professores, trabalhadores da RTP, funcionários públicos na disponibilidade, desempregados, e agentes de segurança infiltrados.
3. Qual a próxima rotunda que vai
ser alvo de refundação pelo Presidente da Cãmara Municipal de Lisboa?
- Opção 1: Saldanha
- Opção 2: Relógio
- Opção 3: ambas
4. Os banqueiros portugueses acham
a ideia da criação de um Banco de Fomento?
- Opção 1: Não, até ao dia 12 de Novembro
- Opção 2: Sim, depois do dia 12 de Novembro
- Opção 3: ambas
Por último, uma pequena observação: o membros da Troika vêm na
figura do nosso ministro da fazenda uma personagem fascinante, único quiçá.
Gostava que alguém me explicasse, uma medida, um facto, um número que espelhasse
de forma inequívoca essa devoção. Preferencialmente fundamentada com dados do
INE, como é óbvio, e não como os eufemismos e o sarcasmo das suas intervenções.
Nota de redacção: o burro e a vaca não entraram no quadro de
disponíveis do Presépio, o Gaspar mantém as mesmas oferendas, mas passou para
terceiro na hierarquia dos soberanos adoradores. Quando chegar à Páscoa, logo
se verá se o Coelho se mantém.
11/11/2012
...por favor fechem as torneiras
“O que é que tu queres pá?” terá
sido a resposta do Relvas ao cartaz do “Benvindo Dr. Relvas”. Mas antes de certeza
absoluta que houve mais mimos entre entre o jornalista os guarda-fatos que
acompanham o ministro. Ainda não foi desta que o Relvas se martirizou perante a
opinião pública. Mas tenho a certeza que mais cedo ou mais tarde, o dito senhor
vai ter o seu momento Marinha Grande, ainda que com a quantidade de armários
que acompanham cada dignatário neste momento no país, é mais fácil o Sporting
ganhar um jogo do que a ministra da Agricultura levar com uma Apfelstrudel na
cara.
Por falar em culinária alemã, a mail alta magistrada do nosso país, vem a
Portugal. Da minha parte só lhe desejo uma boa estadia, que possa saborear os nossos
saborosos Pastéis de Belém, que coloque umas flores no túmulo do nosso poeta
maior, e que lhe seja presenteado um faustoso cozido à portuguesa para melhor
digerir a viagem de regresso. Nada me move contra a senhora, já
contra aquilo que defende e o facto de não ter a memória histórica, isso sim
aflige-me. Talvez tenha chegada a hora dessa senhora e os seus lacaios olharem um
pouco para a história do período pós II Guerra Mundial e observar bem quem
ajudou a reconstruir o que restava do III Reich. Talvez tenha algumas surpresas
desagradáveis. Muito, mas mesmo muito mais haveria para escrever, mas estamos
em época de austeridade e é melhor poupar na tinta. Fico-me apenas com este
número: cerca de 20% da mão-de-obra alemã vive numa precariedade triste, e o
milagre alemão é uma ilusão tão grande como as estatísticas económicas
chinesas. A médio-longo prazo cá estaremos, honradamente sentados num sofá roto
com as molas a entrarem na alma, para ver o resultado da usura alemã na Europa.
O BE escolhe este fim-de-semana,
uma estrutura bicéfala para dirigir o partido nos próximos combates políticos.
Apesar dos princeps senatus merecerem o meu mais profundo respeito, tenho
receio que esta solução não passe de uma recriação entre tetrarquia romana
e a actual situação da União Europeia. CAda cabeça sua sentença. Nesta Europa supostamente liderada por um senhor que pouco ou nada adianta - o senhor Van Rompuy (pars Orientis) - e uma baronesa que ninguém conhece ou que simplesmente foi
obliterada pelo mediatismo da chanceler - a senhora Catherine Margaret Ashton (pars Occidentis) - nada, mesmo nada nos permite repousar. De facto, faltam-os "políticos gordos", referências. Com se não bastasse, ainda ainda sobram figuras ainda menores, como é o caso do
Sr. Barroso (o emigrante português mais envergonhado de o ser), ou o Sr. Martin
Schulz. Que Europa é esta?
Eu gostei do que a Isabel Jonet tentou
transmitir, exceptuando 80% do que disse. Digamos que que a essência está
correcta, mas a abordagem que utilizou foi quiçá
ingénua. Receio que os ataques que ela semeou por motu proprio, tenham uma final infeliz. Há uma passagem da Bíblia que recomendo a leitura, para todos aqueles
que movidos pelo frenesim e o soundbyte causado pelas declarações da Jonet, queiram ou pretendam atacar a obra do Banco Alimentar Contra a Fome ou mesmo a Cáritas:

Quando vi o Sr. Passos a convidar
o Sr. Seguro para um chá dançante, em que o tema era o corte já estabelecido de
4000 M€ acordado no road map definido na 5ª avaliação, senti uma espécie de
aperto na gargantilha. Assemelha-se um pouco aqueles casamentos pré-agendados
em que a noiva vai ter que se abrir mesmo contra vontade. Há convites mais
envenenados. Depois de meses a fio em que toda a oposição foi ignorada, os
parceiros sociais subalternizados, e numa altura de visível ausência de
autoridade política, talvez seja demasiado tarde para lançar uma tábua de
salvação neste bote de náufragos. O mal está feito, e é incrível que nem o
próprio ministro da Fazenda acredite no Orçamento que apresenta.
Relativamente à constitucionalidade do OE2013 não me vou pronunciar antes de o analisar. Não
sou pressionável e quando lavo os dentes fecho a torneira.
Nota de rodapé: A Isabel Jonet
disse que viu nas ruas de Atenas aquilo que ainda não tinha visto em Portugal. Pois
bem, convido-a a sair do gabinete e ver o país como os próprios olhos....
01/11/2012
...mortal combat
Nunca a palavra refundar teve tanto holofote e motivou tanta
preocupação. Provavelmente é uma daquelas palavras do dicionário que estariam à
partida condenadas ao esquecimento, mas de repente, saltaram para a ribalta dos
processadores de texto. Julgo que na minha curta existência enquanto cozinheiro
de letras & ideias, nunca me tinha passado pela imaginação, escrever uma frase
que fosse sobre conceito tão vasto e tão vago. Mas como o outro disse um dia,
“..é uma oportunidade para mudar de vida”.
A princípio não liguei muito ao conceito em si “refundar o
memorando de entendimento com a troika”, e cai na tentação de presumir que os doutos
que se sentam na cadeira do poder iriam emendar o erro colossal em que
insistiram no último ano. Mas não. Num país, onde os deputados da Nação saem
sobre escolta policial do púlpito máximo da democracia, em que o poder de
mobilização de quem Governa, é escasso ou nulo. Já não há nada a temer, já não
há nada que esperar.
Durante anos, fomos bombardeados com uma cantilena de nutricionista
arvorando pretensa gorduras do Estado que seriam eliminadas, reformas estruturais
que mais não fizeram senão destruturar ainda mais o Estado e o país.
Esta fábula das reuniões, dos apelos ao PS (antes carrasco
da Nação, agora travestido de salvador-mor da pátria) para um entendimento
alargado faz-me recordar aqueles casos de violência doméstica, em que a mulher
depois de anos de porrada do marido, volta aos seus braços, até à próxima nódoa
negra.
Chegamos ao zénite da questão: chegou o momento de ver qual
a fibra que a uns demove e os outros oprime. Até agora foram flores, a partir
de agora começa uma luta sem quartel. Depois disto, nada será como dantes. Uns
ficarão pelo caminho, outros nem chegarão a vê-lo. Chegou a hora de ver se o
povo é sereno.
Por aqui ficamos atentos ao desenrolar da estória do melhor
povo do mundo…enquanto não mudamos de vida.
15/09/2012
...massa folhada & doce d'ovos
…hoje devo ter acordado com algum
Borges, tudo me lembra Borges (não confundir como o Borges & Irmão, esse
ilustre banco). Comecei o dia á espera que o velho das bolas de Berlim acabasse
o telefonema logo no momento exacto que escolhia entre uma bola com creme ou
simples. É quase com escolher entre pedir um pastel sem a nata. Ao folhear (ou
melhor tentar!) as páginas do jornal perante a adversidade da brisa matinal,
tudo me lembrava Borges e RTP. As folhas sucediam-se e lá estava ele, na
personagem de 13º apóstolo do capitalismo cruel, 8º anão da Branca de Neve, o
querido Consultor, o homem da máscara de ferro, eu sei lá como classificar
bizarra personagem.
O Borges acredita fielmente que
as empresas públicas são mal geridas. Ele estruturou um mundo privado, onde o
público é uma aberração. Quem está a mais é despedido. Quem gere mal é
exonerado, privatizado, desprezado. Não sei o que o Borges pensa sobre o
assunto, mas tenho a certeza que se ele acreditasse mesmo na doutrina que o
persegue, já tinha demitido o seu patrão.
O Relvas é um tipo inteligente.
Foi para o recanto mais longínquo onde os feixes hertezianos demoram uma
eternidade a chegar, logo na altura em que o Borges se sentou no sofá e começou
a explicar a visão do patrão. Ouvi que os chineses pensam colocar um homem na
lua nos próximos tempos. Pode não ser tão confortável como estar alojado no
ritz de Díli, mas pelo menos lá [na Lua] não há cartazes na rua.
Como eu te compreendo Passos. Mas
histeria seria se, em vez da Judite Sousa a entrevistar o Borges aparecesse um
Goucha ou quem sabe uma Fátima Lopes. Histeria é entregar o serviço público a
um privado e continuar a pagar a taxa de televisão na factura da EDP. Para além
de histeria, seria fazer o Zé e da Maria, uns idiotas completos.
Continuando na mesma senda
ideológica, ainda não reflecti no novo ordenamento do ensino proposto pelo
beato Crato, ilustre matemático. A teoria da irracionalidade do chumbo, fez-me
recuar uns anos largos ao tempo em que entrava de manhã e sai da parte da tarde
sem ver meninas de saia, pelo singular motivo de ser imoral e perturbador da
atenção, ter umas saias lado a lado na sala de aula. Querem saber a minha
opinião? Esta experiência do amigo Crato de concentrar alunos em latas de
sardinha para diminuir o número de professores, de acabar com os sorrisos de
crianças nas aldeias e coloca-las a quilómetros de casa em mega escolas que
depois não têm orçamento para as manter é um erro colossal. Tem o aroma a
estalinismo puro ao concentrar os alunos em autênticas fazendas Sovkhoz, com
uma estranha redução ao ao fascismo primário do “porque tem que ser”.
Há alturas marcantes que figuram
nos manuais de História. O dia 7 de Setembro de 2012, vai constar dos índices
como o dia em que Portugal acordou do longo sono induzido pela irrealidade socialista
e o desprezo social do liberalismo selvagem deste actual elenco governativo. Mas
vamos por partes.
Como o Miguel Sousa Tavares disse
e muito bem, todos tínhamos uma ideia que o Passos era a pessoa mais séria do
mundo e que tinha uma coragem e uma frontalidade ímpares. Ficamos a saber que
afinal, como bom político que é, também mente descaradamente e vive num mundo
que não é o que pisamos. Apesar da sua coragem, de andar de Opel Corsa, morar
em Massamá e ser capaz de imolar a fome com uma sandes de queijo, cometeu a
iniquidade de pensar que os Portugueses são como os pastéis de nata do seu
amigo Álvaro, comem-se em duas dentadas, e são, óptimos para exportar.
Não contente por espoliar os
funcionários públicos de dois subsídios, agora sob pretexto da decisão do
Tribunal Constitucional, decide que todos somos pastéis de nata descartáveis e
que pelo contrário, o dito Capital deve manter-se como o Pastel de Belém.
Contrariando toda a ideologia económica e ao arrepio da social-democracia que
diz ser paladino, toca a extorquir ao trabalho (malus) e granjear o capital o bónus. Numa penada, o mero
contribuinte, a sua família, os seus filhos e restante massa folhada com creme
d’ovo, passam a ser os únicos e presumidos culpados da inoperância e
descontrolo financeiro do Governo. É a inversão total da lógica política no seu
zénite. Eu presumo que com esta experiência social do amigo Gaspar, [que os
amigos da Troika aplaudiram como sendo uma solução ardilosa] seria capaz de
juntar Marx e Keynes na manifestação de logo à tarde. Vistas as coisas, não
somos pastéis de nata, somos meros ratos de laboratório.
Não vou aqui anunciar o coro de
insultos, enumerar as vozes dissonantes dentro dos partidos que “apoiam” esta
maioria governativa e os de fora, mas uma coisa posso afirmar. Nunca se viu
tanta unanimidade neste país como agora, talvez exceptuando o 25 de Abril, os
jogos da Selecção Nacional sem o Ronaldo e os últimos dias de Timor ocupado.
Relativamente ao amigo Portas: Há
silêncios que são ouro, outros são simplesmente demolidores. Certamente já
reparou que uma simples conferência de imprensa do seu amigo Passos, acabou de
vez com a ideologia e os princípios que defende. E não é o argumento do
patriotismo bacoco, ou necessidade de ouvir o Conselho Nacional, O Partido ou o
dono da pastelaria que lhe vai permitir explicar aos seus correligionários que
esta é de facto a via democrata cristã que fundamenta a existência do seu
partido.
Aproveitando a ideia do amigo
Álvaro que a indústria mineira será o pilar da recuperação da nossa Jangada de
Pedra, lanço-lhe um desafio, abra um buraco na rocha mais dura que encontrar e
enfie-se no buraco que alimentou. Em opção continue a encher o cartão da TAP
com milhas como faz o Dr. Relvas.
Logo vou à manifestação sem
preconceitos ou ideias mágicas para resolver o problema. Não tenho uma bola de
cristal, mas sei distinguir perfeitamente entre um político sério e honrado de
um simples ladrão. E é isso mesmo que se passa hoje em dia. Penso que tal como
o amigo Crato define os alunos que simplesmente não têm jeito para a escola, talvez
não fosse má ideia colocar alguns senhores deste Governo no ensino
profissional. Temos óptimos candidatos a canalizadores, picheleiros e algumas
cabeleireiras.
Mas enquanto o circo prossegue
até chegar a Janeiro altura em que começamos a ver o alcance do saque, deixo ao amigo
Passos duas notas: 7 de Outubro (Porto-Sporting), 9 de Dezembro (Sporting
Benfica). Duas datas excelentes e recomendáveis para se dirigir ao País, uns
minutos antes de cada jogo e anunciar aos pastéis de nata que :
- O dinheiro que nos vai roubar vai ser
desviado para assegurar a nossa reforma e um Portugal mais justo;
- Vai começar a cortar
efectivamente nas despesas do Estado e não andar a “fazer cócegas” aos Pastéis
de Belém;
- Vais fiscalizar se o dinheiro da descida da
TSU vai servir efectivamente para combater o desemprego ou se vai ter como
destino os dividendos dos accionistas;
- Vai tributar as mais-valias em
bolsa o dinheiro desviado e não declarado para paraísos fiscais e outros
dividendos com a mesma agressividade fiscal como nos vai ROUBAR;
- Vai cortar com todos aqueles
subsídios estúpidos do Estado que ninguém entende?
- Vai resolver de uma vez por
todas todos aqueles empregados que chegam picam no ponto e nada mais
- Vai terminar com os abonos às supostas eventuais
fundações que ninguém entende a utilidade;
- Vai resolver de uma vez por todas a negociata
das PPP, mas sem os mesmos escritórios de advogados que prepararam os contractos
iniciais (sugiro por exemplo o FMI como auditor; já que gostam de cortar!):
- Vai cortar efectivamente nas PPP porque também tem o descaramento e
cortar em quem vive de um salário de miséria e não tem luxos;
- Vai diminuir os assessores, secretários,
carros de luxo em tudo o que é aparelho do Estado, (uma verdadeira aberração em
qualquer país que se preze);
- Vai reduzir o número de
deputados que é inapelavelmente desmesurado tendo presente com o tamanho e
população portuguesa.
Só assim, talvez consiga fechar
aos olhos ao facto de aumentar 60% na minha contribuição para a Segurança
Social e o mais que há de vir da actualização do IRS e perda de benefícios
fiscais, que vão fazer com que o meu orçamento familiar regrida uma década. A
tal década perdida.
Mas por favor. Fale com o Portas
e telefone ao Seguro com o mínimo de duas horas antes de aparecer no Palácio de
São Bento com o microfone ligado.
Deste seu estimado Pastel de Nata
PS: entrevistas em casa saem caro
ao erário público, e todos sabemos como o Dr. Relvas e o amigo Borges não
gostam de desperdícios!
14/08/2012
...na estrada da Atafona
Quando metade da actividade
jornalística da semana versou o mistério em redor do almoço entre o ministro
dos affairs estrangeiros e o inseguro
líder dos trabalhistas português, fico bastante mais preocupado quando passados
três dias os sacos de lixo dos almoços e lanches ajantarados de alguns turistas
de ocasião se acumulam na estrada que abraça a serenidade da albufeira aqui
mesmo ao lado. Como se não bastasse os caixotes do lixo servirem de mera
decoração urbana [pobre turista não possui instrução nem traquejo para saber
como se operam!], sou confrontado com um giro pouco regular dos serviços de
recolha de monos e derivados plastificados. A thin blue line entre a cidadania e a porcaria consome a paisagem de
uma forma abusivamente chocante, isso e a passividade das autoridades policiais
perante a utilização abusiva de motos de água e embarcações a motor na albufeira.
Na estrada da Atafona isso não se passava.
“In every person there was a king”
A Zita Seabra fazendo uso do epíteto da silly season, surge agora quase três
décadas depois com a ideia miraculosa de que o país era vilmente espiado pelo ártico ar da FNAC. Por momentos tremi, pois utilizo a FNAC para confidenciar o
meu amor pela literatura e adoptei as ruas apertadas e alcatifadas como
santuário para adorar e namoriscar aqueles maços de folhas perfumadas. Todavia
ao perscrutar com maior acuidade a notícia, as entrelinhas revelaram algo mais
pernicioso: afinal eram uma marca de A/C que ornamentavam os varandins e
fachadas das nossas torres de betão nos idos anos 80 do século passado. Não fazia
a mais pálida ideia que, juntamente com o Avante e a Vida Soviética, a FNAC
fazia parte do politburo de publicações socialistas progressistas.
Na estrada
Atafona as árvores fazem sombra todo o ano, o calor simplesmente não apertava.
O simples facto de imaginar um
comunista atento e alerta em cada aparelho causa-me algumas angústias
indisfarçáveis. Não bastava o recalcamento de infância, ainda legado do Estado
Novo, que os comunistas comiam crianças ao pequeno-almoço e agora mais este delirium tremens- comiam e espiavam ao
sabor das cálidas tarde de verão.
Infelizmente nunca tive um
comunista destes em casa e confesso que muita falta me fez. Seria deveras
interessante ofertar ao camarada Jerónimo, reconhecido produtor de manchas de
suor, um destes aparelhos. Já reparam na admirável estoicidade com que ostenta
os seus fluídos durante as suas intermináveis intervenções de pé nos comícios
escaldantes naqueles pequenos recintos fechados (ora na Voz do Operário, ora na
Baixa da Banheira) ou nas intervenções mais acaloradas no último dia da Festa
do Avante? Tenho na minha ideia que haverá por aí muito camarada disposto a
martirizar-se uma ou duas tardes para refrescar o Secretário-geral desse
infernal calor vermelho que lhe desperta a sudoração.
Isso e umas cadeirinhas para os restantes membros do comité caviar, pois essa
coisa de estar em pé de braços cruzados com ar sério durante 1 hora seguida é
obra quase tão diabólica como partir pedra no gulag. Na estrada da Atafona, não havia ares condicionados, apenas
vacas que pastavam na bonomia dos verdes prados verdejantes, passe a
redundância.
“Big Brother is watching You”
Ao cuidado da Zita: o promotor da fábrica de painéis solares de Abrantes [agora
mais um elefante branco de desinteresse nacional) é um mesmo barão-vermelho que
presumivelmente esteve ligado à falência da FNAC. Talvez seja interessante
investigar possíveis escutas a partir do telhado e não nas varandas.
Ainda
no capítulo gestão do risco: o projecto para o Alqueva, que iria reformular
toda a arquitectura da placidez da paisagem alentejana, secou na origem. Não se
sabe se foi pelos excelentes acessos providenciados pela A6, ou pela
proximidade do aeroporto internacional de Beja, mas o certo é que os bancos
nacionais já não fazem bicha à porta da Herdade do Esporão. Um caso a rever
pela nossa ministra da agricultura e seu colega da economia. Como é possível
secar a torneira da CGD mesmo ao lado da maior “banheira” do país? Na estrada
da Atafona, vendem-se banheiras.
Eu se
fosse a Paula Rego, encaixotava o acervo de 500 quadros que estão expostos na
Casa das Estórias e empacotava tudo para uma qualquer galeria de Nothing Hill ou simplesmente as exibia no Speakers' Corner. Talvez
os súbditos de Sua Majestade tenham um pouco mais reconhecimento que os biltres
das Finanças! Ao cuidado do manifestamente silencioso secretário da cultura [que
não se tem visto nem ouvido sobre esta e outras preciosidades]. Estou certo que
aquele senhor que pendurou a roupa numa rua de Guimarães teve maior acolhimento
por parte da intelligentzia cultural do nosso governo? Na estrada da Atafona,
há uma loja de móveis e uma oficina., também têm a sua arte.
Submarinos. Este neue não-assunto
de tem algumas dissemelhanças com a popular rábula dos Gatos Fedorentos “o
papel, qual papel? o papel, qual papel?”. Eu pensava que que a silly season era um pouco mais prolífera
em matéria de criatividade e esta coisa de barcos que andam debaixo de água ao
sabor da voracidade com que o ministro do affairs tira fotocópias. Não é
preciso fazer um grande equação imaginativa para entender que este exercício já
foi chão que deu uvas em matéria de gossip
politic .Mas já que insistem na buzzword. Na estrada da Atafona não há
submarinos, só vacas a pastar.
Na estrada da Atafona, o tempo
parou numa tarde ensonada. A outrora entrada da vila, é apenas uma memória
esquecida no tempo. Os carros pouco se vêem ou ouvem, mas o sol brilha da mesma
forma e as folhas caiem tal e qual como no Outono. Na estrada da Atafona há
menos gente do que na Manta Rota, mas em compensação há vacas.
Quando ouvi a frase profana do D. Januário Torgal Ferreira “Há jogos atrás da cortina, habilidades e
corrupção. Este Governo é profundamente corrupto nestas atitudes a que estamos
a assistir”, senti um leve toque de Behind
the green door. Gosto mais da “Maratona do Amor cujo desafio foi colocado
ontem na Cova de Iria. É um pouco mais horny!
Alguém sabe o que é o RERT III (Regime
Excepcional de Regularização Tributária)? Ainda bem, é uma espécie de
nata “Monte Banco” que permite refrescar 3,5 mil M€ que foram depositados fora
de Portugal (leia-se, sobretudo na Suíça) através de regime especial de
amnistia soft cream. Deste modo,
enquanto o vulgar banhista da penela de feijoada e garrafão de vinho ao
estender a toalha na praia da Manta Rota, paga à cabeça sem qualquer pejo uns
meros trinta a quarenta e tostões percentuais, e não tem direito à bola de
Berlim que a ASAE não gosta nem ao topping,
ali na esplanada da malta do colarinho branco, paga-se apenas 7,5% e ainda por
cima oferecem tremoços de bigode e finos. Les portugais sont toujours gais!
Na estrada da Atafona é que se
estava bem, hoje está a chover lá. Mas as vacas continuam a pastorear.
Alguém viu por aí o Relvas?
17/07/2012
cul-de-sac
“Para conhecer as coisas, há que dar-lhes a volta, dar-lhes a volta toda.”
José Saramago
Estava a necessitar de um
argumento para o meu momento carta do Guilherme à Selecção e eis que o camarada
Saramago me abre outra perspectiva.
Gossip:
Também eu norteei a minha vida
pela procura incessante do conhecimento, ainda que com resultados
diametralmente opostos. Depois de digerir todas as notícias e não assuntos que
esta semana escalpelizaram o caso não Relvas, cheguei à conclusão que o senhor
de facto está inocente. O doutor [esse!] está ferido de morte e tem muito que
explicar, ou melhor o outro colega do avental é que nos poderá elucidar um
pouco mais sobre essa estória de “diabinhos negros”.
Depois de tentar desatar o
nó górdio de relações bizarras que manteve e mantém, chego à infeliz conclusão
que temos aqui enredo para o mestre David Lynch [um novo Twin Peaks?] ou dependo das personagens para o John
le Carré [uma sequela do Alfaiate do Panamá?]. É o que se chama uma personalidade multifacetada!
Não vou acrescentar muito mais à vontade
expressa pelo camarada Jardim sobre as suas pretensões a novas equivalências
académicas, pois o elogio fúnebre que acabou por fazer ao ministro em questão, foram
uma espécie do beijo da mulher-aranha. Por outras palavras um excelente epitáfio político, após uma manobra de heimlich
bem à sua medida.
Em sintonia com as declarações prestadas pelo Marques Mendes e o Professor Marcelo, quero prestar aqui a minha solidariedade com Fiel Jardineiro [está é só para quem viu o filme!].
Internal affairs:
Adoro as PPP, o nome claro não o conceito per si. Talvez se a negociação dos
pagamentos certos e permanentes das PPP não tivessem sido adiada para a as
calendas não andássemos com a calculadora a adivinhar qual a taxa sobre o 13º
mês.
No sector da energia, também não deixa de ser caricato o próprio
Secretário de Estado a recear que a tão afamada e badalada liberalização do
mercado implique um aumenta os preços e não uma baixa considerável como é
pregão e ideologia do Governo.
My name is Bond, Eurobond:
Quando me acerco da janela
juntamente com as pupilas do Júlio Dinis para me banhar com o sol que nasce
para todos, oiço o Governo Irlandês a clamar ao BCE e o EuroGrupo por uma nova
negociação. Aqui ao lado, um pouco mais acima do buraco onde me encontro, o Sr.
Rajoy envolto numa falsa neblina fala às massas numa prosa de enganos para o
adiamento do compromisso do défice da monarquia. Na assistência os mineiros das
Astúrias e todos os ludibriados assistem com palmas de revolta ao início do excelente
negócio sem contrapartidas do empréstimo ao Reino de Castela (o rei numa
tentativa de apagar as caçadas em África, acabou por auto infligir-se com uma
redução de 7% da jorna). Lá na outra Europa, , o nosso ministro com o nome do
“gato” do deputado Honório Novo, lança mais uma pausada prelecção insidiosa aos
jornalistas:
“(…) fala-se de favorecer o
processo de ajustamento. É a forma de palavras que é usada. Melhorar e
favorecer parecem-me de facto os termos que podemos usar.”
Quem conseguir resolver mais este
teorema lançado pelo nosso ministro, pode-se candidatar a uma vaga na próxima
remodelação. Fazem-se apostas!
E que tal se os bancos baixassem
os juros do empréstimo? Afinal de contas, no meu gráfico de EURIBOR, a taxa cobrada
pelo BCE não é nem 6 nem muito menos 7%? Então para onde anda esse diferencial?
Não me digam que todos os créditos da banca são insolventes e que os pobres dos
senhores do capital coleccionam comendadores insolventes e ex-governantes
corruptos como clientes? Não me digam que é para pagar os 9 000 M€ de juros da
dívida pública?
Mirror, mirror on the wall:
Esta semana também li que o Sr.
Gaspar enganou-se [ah! o Sr. Gaspar, nos meus tempos de menino bem comportado,
fazia contas no papel pardo e cantava o somatório do trigo e do quadradinho de
chocolate Avianense que fazia as delícias de qualquer garoto de aldeia!], ou
melhor, anda a enganar-se a si próprio. Então não disse que podia poupar
dinheiro através de uma negociação dos juros da dívida pública? Exactamente o
contrário da doutrina defendida desde que começou a falar pausadamente. Faça
favor de fazer a prova dos nove às declarações que tem proferido, tenha calma,
não se precipite.
Mas afinal de contas, ou na falta
delas, quid sabe ou quid controla a dívida pública? Ora vejamos o resumo dos
últimos meses:
1.
- 1 As PPP não são renegociadas ou os valores diminuídos por causa dos interesses financeiros e da escabrosa promiscuidade entre os governantes e os concessionários. Basta ter estado atento à reportagem que deu esta semana sobre alguns dos ex-ministros de anteriores governos [independentemente da cor das meias!]. Não me digam que estão a dar aulas e andam de autocarro. Nem vale a pena colocar aqui os nomes das empresas em que são administradores executivos, não executivos, com ou sem chauffeur.
- 2. Digam-me lá três exemplos de países desenvolvidos onde os contractos de PPP sejam feitos pelos escritórios de advogados das próprias concessionárias? Vá, puxem pela imaginação!
- 3. A título de exemplo devidamente sublimado, as parcerias das PPP vão ser renegociados pelos mesmos escritórios de advogados que transferiram o risco dos concessionários para o Estado. Coincidências!
Os contractos não podem ser
renegociados?!O governo não prometeu cortar nas parcerias? Então façam-no!
Talvez seja bastante mais fácil do que imaginam. Como é que se transfere o risco na
totalidade para o sector público e garante-se com dolo, o filet mignon en croûte aux champignons para os privados. Se houve
celeridade nos cortes na Função Pública e na promulgação do abusivo Código do
Trabalho, estranha-se a morosidade quando se trata de incidir sobre o outro
lado da moeda [isto já parece o discurso cassete do politburo da Soeiro Pereira
Gomes].
Fiesta brava:
Por falar em Soeiro Pereira
Gomes, o juiz presidente do TC deu uma rara entrevista intimista à Maria Flor
Pedroso, e revelou uma faceta estilo “forças de bloqueio”, inaudita e assaz
curiosa. Talvez o senhor dos Passos tenha alguma razão, pois estranha-se o
facto de pela primeira vez desde há já algum tempo, alguém sair do palácio
Ratton para uma faena política, isto sem o consentimento da autarquia de Viana,
fiel depositária da virtude da tradição taurina.
Last famous words:
Apetecia-me dizer mais qualquer
coisa…mas acho que para a sanidade mental de muito com especial ênfase para a
minha inteligência como contribuinte, por agora chega. Assuntos e não assuntos
não devem faltar agora que se iniciam as hostilidades da silly season!
01/07/2012
..algures entre a estrada da palha e o mar da palha!
…no fundo no fundo nada nos
derrotou, nem mesmo os Man in Black da UEFA, ou a Troika turca do árbitro que
nos apontou para fora do EURO. Por momentos ainda pensei que a saída da nossa
selecção fosse o prenúncio inevitável da nossa licença sabática da moeda única
(alemã). Felizmente a sra. Merkl inventou os chamados instrumentos financeiros os
Cocos, uns meros 900 milhões de Euros que vão beatificar a desinteligência e
aventureirismo dos bancos espanhóis e algumas contas mal explicadas que por essa
Europa fora engendradas pelos diferentes governos, independentemente da
orientação sexual de cada cor política.
No fundo, e independentemente de estarem
por baixo ou por cima, na posição de borboleta ou dominadora, todos os foram
co-responsáveis pelo estado calamitoso a que as contas públicas chegaram. Claro
está que, cair na tentação de imputar a total responsabilidade ao Governos é
qualquer coisa blasé antes, a retórica demagógica apontará sempre para a
culpabilização das massas populares, sempre crucificada com a receita liberal da
austeridade cega. É triste quando a doutrina mutatis mutandis é aplicada com tamanha
cegueira sob o apanágio da extrema necessidade e urgência nacional.
Esta coisa da urgência nacional
tem alguma dissemelhança com aquelas invenções da época filosófica socialista- os
PIN. Quando algum agrupamento de malfeitores pretendia construir este ou aquele
empreendimento em zona protegida, ava cavadra e PIN. Em opção corrigia-se o
traço da condicionante de modo a passar ao lado [este faz-me lembrar qualquer
coisa!]. Era a época do lápis e da borracha, cujas feridas ainda hoje ensombram
algumas dos mais belos quadros cénicos do nosso quadrado.
Esta semana ficamos a saber qual
o preço do m2 da liberdade de imprensa, 45 euros por m2. [para quem não
entender esta charada, é favor ler o acórdão da sentença de um reconhecido
deputado da bancada da oposição!]
Continuando na onda bizantina,
fiquei absolutamente convencido da postura salomónica por parte da ERC no Caso
Relvas-Jornalista recém-despedida do Público. Fiquei eu e a vereadora Helena
Roseta.
Sabem o que faz falta para animar
a malta num dia destes? Não! não é o Vasco Gonçalves nem o amolador. É o homem
dos gelados!
Existe um enigma matemático que
intriga a minha inteligência e que me tem roubado horas de estudo, já para não
referir do pó de giz que já gastei na tradução algébrica do teorema. Desde que
tenho memória política, algo que germinou por geração espontânea nos arrabaldes
finais da década de 70, oiço personalidades mais ou menos respeitáveis [nesses
tempos esquecidos, vinham para a televisão de pullover e cigarro na mão!] a
falar em reformas estruturais. Alguém me explica como é que um país com um
historial tão enriquecedor e agressivo na prossecução de reformas estruturais
trata de forma tão deprimente [e por vezes desprezível] os seus idosos e
reformados?
…sem mais delongas, estou curioso
para ver o que vai dar o hipotético refendo sobre a manutenção da Grã-Bretanha
na União Europeia. Mais curioso ainda para saber o que pensa a chanceler alemã!
A charada segue dentro de momentos…
Agora algumas semi-breves:
Na Grécia depois de empossado o
novo Governo, o primeiro-ministro foi hospitalizado com um lenho no olho, o
ministro das finanças meteu baixa eterna e resignou. Em Portugal o corajoso
ministro da Economia enfrentou qual forcado os manifestantes e quem acabou mal
foi o capot do belo Mercedes. Cá como lá, tudo se resolve com uns pensos e uns
retoques na tinta.
ObamaCare. Este slogan significa:
todos os americanos a partir de agora têm de adquirir um seguro de saúde. E mai
nada. Olha se fosse por cá!
Alguém acredita que uma semana ou
uns dias extra com os alunos que não se esforçaram o suficiente ao longo do ano
[sobretudo aqueles que provaram não ter qualquer intenção de progredir ou
aprender] resulta em algum progresso significativo para os mesmos!?
O Louçã ainda anda por cá, ou já
ocupou o lugar na bancada parlamentar do Syriza?
O resto é palha!
20/05/2012
..o coiso
&
Agora
um off-topic. É Tua, minha, nossa e da UNESCO, pelos vistos. Pois assim anunciam
os arautos, a UNESCO insurgiu-se com a falta de explicação dos rabiscos do
mestre Souto Moura e ameaça com paragem imediata das obras! Eu sobre a
temática barragens sou suspeito pois ninguém constrói barragens por capricho e
tenho a certeza absoluta que qualquer barragem tem impactes significativos quer
na paisagem, quer na fauna e flora, e por aí adiante. Destroem-se equilíbrios
mas geram-se novas relações ecológicas. Um antes e um depois. Para além disso,
não basta fazer contas sobre o que se vai poupar em termos de combustíveis
fósseis. É igualmente sensato, e talvez mais interessante abordar a barragem do ponto de vista
do controlo de caudais ou na reserva estratégica de água. Quanto à vertente
turística nem vou entrar por aí pois, analisando a
orografia do vale a submergir, os acessos existentes ou a paisagem que vai
desaparecer [a tal!] não prevejo grandes potencialidades nessa óptica!
Construa-se a barragem pois estamos enjoados com romances tipo Foz Côa. Por
ventura existe alguma barragem que tenha sido construída e que não tenha tido
impactes sensíveis sobre a paisagem ou sobre o meio ecológico?
&
Mudando de assunto para um bio-epic. O sr.
Hollande fez lembrar um ex-primeiro ministro inglês Chamberlain que na
antevéspera da II Guerra Mundial foi de peito aberto até Berlim e ao regressar
trazia a famosa folha com assinatura do Führer com um plano de entendimento.
Confesso a minha tristeza e perplexidade quando vejo ministros e parlamentares
do Bundestag a alvitrarem e decidirem sobre os destinos do Gregos, Portugueses,
Islandeses, Franceses, Italianos, Espanhóis, e por adiante para não ser tão
exaustivo. Eu comungava do projecto de construção europeia sobre a perspectiva
social-democrata de um Gerhard Schröder, de um Willy Brandt
ou de um Helmut Schmidt. Aonde para o sonho europeu, o
que são os hoje os pilares fundadores da construção europeia?
&
Para finalizar uma verdade laplaciana. Esta semana estive numa reunião
de uma associação de pais de uma escola aqui do concelho de Oeiras e cheguei a
um conjunto de conclusões desapontantes:
- O ensino e a política de educação para o Governo e para as autarquias é uma espécie de malus major e um fardo terrível;
- É muito mais importante arranjar um novo jardim em frente a uma escola, erguer uma estátua a preço milionário numa esquina do que reabilitar uma escola, Acresce a infelicidade de uma escola não ser tão bela e pujante como uma rotunda. Temos pena mas não há orçamento;
- Os políticos e alguns bajuladores gostam que os pais paguem do bolso os arranjos exteriores ou interiores da escola, pois os impostos que pagam serão mais bem empregues em outro tipo de obras com maior impacto como uma rotunda!
Nota da direcção: apesar do
pedido de desculpas do Relvas, e da má exibição do Sporting, há que dar a
devida vénia à briosa Académica que se bateu com dignidade na final do Jamor!
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