25/03/2009

...tirem lá a vírgula entre o sujeito e o predicado

O facto mais recente que tem ocupado os serões da nossa classe política, é de facto um paradoxo dos tempos modernos. Pela primeira vez vejo um detentor de um cargo político a lamentar-se estar farto de estar sentado atrás da cadeira do poder [pouco é certo]e a manifestar o incómodo de se sentir qual sonho delirante de Hugo Chávez...eternamente perpétuo!

Contudo, e apesar do espanto, maior estupefacção me acercaram as parcas e incisivas palavras do Papa acerca da questão sempre pecaminosa
do preservativo. Sinceramente não vislumbro clarividência nas palavras do Pontifex Maximus quando referiu que o os preservativos aumentam o problema da SIDA no continente africano. Vejo sim muita imprudência divina!! A Fernanda Câncio na semana passada, num dos seus artigos de opinião, falou curto e grosso, mas apontou o dedo à ferida : para o Vaticano, o sexo é para suceder só no casamento, dentro da mais rigorosa fidelidade, e com vista à concepção. Divertimento, prazer e outras práticas demoníacas estão, à partida, descartadas. E basta recuar uns anos e lembrar aquele gesto indigno do nosso Zé [o Sá Fernandes] quando colocou o padre do anúncio da Abraço, em 1995, a distribuir preservativos, para entendermos que a iniquidade do pensamento de algum clero...refiro algum pois estou certo que nem todos os padres são tão deixa-me encontrar aqui uma palavra simpática - limitados, para chegarem à irracionalidade da argumentação. O Galileu que o diga, não usava preservativo, mas também foi vítima do pensamento obtuso! Já o Papa Paulo VI se insurgiu e moveu na sua época uma cruzada contra a pílula!! É este tipo de argumentação ad nauseam que me faz torcer o nariz sobre algumas das orientações canónicas, digamos que esta catequese não me convence!!

E hoje fico-me por aqui pois, lá fora a crise não abranda, as bichas no Centro de emprego também parecem não ter fim e a dívida externa já atinge cerca de 83% do nosso PIB! É o chamado custo-benefício!...


"Entre o forte e o fraco, entre o rico e o pobre, entre o senhor e o servo, é a liberdade que oprime e a lei que liberta".

Henri Lagardaire, 1848

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