27/03/2010

...never underestimate the power of stupid people


Aparentemente ontem amanhecemos monárquicos. Não sei se é sintoma do défice de credibilidade política ou antes de falta de qualidade das gentes política, mas certo é que por momentos o azul do céu brilhou mais alto, lá em cima, bem perto do fálico memorial à cidade de Lisboa que o nosso Cutileiro nos agraciou.
Ontem aparentemente também foi um dia diferente. Logo de manhã penduram mais um retrato [afinal ela ri-se!!] da ex-presidente do partido laranja, não sei se no corredor do hall da entrada do palácio de São José à Lapa ou se na escadaria de heróis caídos que dá acesso ao gabinete do actual, novo e melómano Pedro Passos Coelho. É engraçado ter um presidente de um partido com lições de canto. Esperemos que não seja o canto da sereia, porque dali, daquele saco de gatos como o Alberto dixit, imolam-se líderes promissores. Confesso a minha contida euforia pelo resultado, digo contida pois ainda há muito cotão no soalho para limpar. Dando o benefício da dúvida, os próximos meses, ou quiçá semanas serão determinantes para o jovem novel presidente. Mas o desafio é aliciante, senão vejamos: à alguns meses atrás estávamos com uma economia pujante, a crise que lá fora fazia mossa, por cá apenas chamuscava ligeiramente o governador do BdP, por causa de dois pequenos bancos que ninguém se lembra [um deles parece que vai falir??]. Entretanto vêm as eleições e passados mais uns 3 meses eis que afinal estamos perante uma urgência nacional, uma espécie de salve-se quem puder à vista desarmada com um primeiro ministro que não bastasse os escândalos onde se vê directa ou indirectamente envolvido, perdeu completamente a credibilidade [este adjectivo não sei se será o mais adequado?]. Se nos debruçarmos-nos atentamente para as medidas que o actual [por enquanto!!!] governo tomou desde que tomou posse, somos invadidos por uma série de interrogações.

Primeiro surgiram com aquela ideia peregrina de criar uma conta com 200 euros [uma espécie de lotaria para os incrédulos] para entregar aos papás babados. Claro que com umas condições especiais, mas isso ficaria para outra oportunidade. Depois montaram tendas aqui e ali [menos na Ota] para anunciar os megaplanos que iriam salvar Portugal do isolacionismo a que estava votado. Faltam-nos auto-estradas, sem dúvida, e necessitamos urgentemente [como de pão para boca] de um novo aeroporto e de um conjunto alargado e massivo de linhas de alta velocidade., para que os nosso amigos de Madrid e Huelva possam vir tomar o pequeno almoço ali ao quiosque da Gare do Oriente e já agora um perninha até ás praias da Costa da Caparica [não sem antes saborearem a bicha na 25 de Abril!]. Entretanto, e continuando na saga do nepotismo, incompetência e bazófia barata, chegaram à conclusão que afinal sempre ouve um Primeiro-ministro que fizesse melhor do que o próprio Sócrates em termos de défice e desemprego: o próprio. Arranjou-se um conjunto de medidas circunstanciais de apoio à economia e responsabilizou-se a crise internacional pelas maleitas do défice público. Com uns toques de marketing desenxabido, e uma artifícios de natureza pouco credível, montou-se a tenda e lançaram-se novos mega-negócios das energias renováveis, como isso fosse a tábua de salvação desta nossa jangada de pedra. O problema foi mesmo o maldito do locutor que acabou por estragar a festa do croquete ao trocar a posse e a dignidade que o momento impunha pela sátira e a paródia [Never underestimate the power of stupid people!!]

Mas tão avassaladora como as mudanças no triste e errático Código Processo Penal, ou as bolinações na política da educação, é o facto de na actualidade, ficarmos com a nítida sensação que este PM está mais interessado em aproveitar as saídas oportunas para compromissos de última hora, ou introduzidos à pressa na agenda [et pour cause?) e fica ainda um indelével impressão [tipo moinha!] que anda a fugir aos jornalistas[esta já sabemos bem a causa!]. felizmente ao não, temos um ministro das finanças, que no meio da embrulhada do novo executivo, é aparentemente o homem do leme. Goste-se ou não se goste, o PEC está aí. É necessário, e poderia ter ido muito mais além. Talvez não fosse mesmo necessário comprometer o futuro imediato das camadas mais necessitadas da população se tivesse havido coragem para ir mais longe em matéria fiscal no tocante às mais valias bolsistas [talvez resida aqui a parcimónia e noblesse do voto de confiança dos banqueiros?!].

Para os mentores e defensores do actual aparatchik aqui vão alguns inúmeros ilusórios da dívida pública [melhor só mesmo a indisciplina nas escolas!]:

2004: 62,9% do PIB
2005: 68,3% do PIB
2006: 69,9% do PIB
2007: 69,1% do PIB
2008: 71,3% do PIB
2009: 80,6% do PIB
2010: 87,7% do PIB

Em 2013 logo se verá!?

Ama-se ou deteste-se [o PEC! não o Sócrates] é com ele que iremos conviver nos próximos 4 anos, isto se entretanto lá para as bandas da longínqua Europa não houver alguma implosão maior do que a pobre Grécia! Afinal de contas os Gregos aldrabaram toda gente e aqui apenas um punhado de adeptos [pelos vistos a minoria relativa que governa!] o foi! A pergunta que paira é se existe mais alguma grécia encapotada?

Fora isso, e com mais ou menos chuva, as nossas finanças estão bem e recomendam-se!!

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