26/04/2010

...vaudeville

Contra ti se ergueu a prudência dos inteligentes e o arrojo [dos patetas
A indecisão dos complicados e o primarismo
Daqueles que confundem revolução com desforra
De poster em poster a tua imagem paira na sociedade de [consumo
Como o Cristo em sangue paira no alheamento ordenado das [igrejas
Porém
Em frente do teu rosto
Medita o adolescente à noite no seu quarto
Quando procura emergir de um mundo que apodrece


Sophia de Mello Breyner Andresen, in "O Nome das Coisas"



...pergunto-me mesmo se não seremos todos nós os arrojados idiotas! Este poema ocorreu-me depois de prescutar com alguma atenção alguns dos comentários na já longa e dispendiosa sessão do inquérito que decorre na AR. Seremos nós os idiotas que ouvem serenos, tamanha manifestação de desprezo pela causa pública. Que outros tantos números de magia nos esperará esta [mais uma!] comissão de inquérito? Que brilhantes deduções inconclusivas se extrairão dos autos [de pouca fé!]. Interrogo-me mesmo se não será tão enriquece dor ver todas as telenovelas da SIC e da TVI, me vez de ouvir as verdadeiras interpretações naquele palco. Que mais incidentes processuais terei eu que gramar?...bem é simples eu sei, basta mudar de canal!...pois mas o problema é que quando o copo enche, e a esfregona já não é suficiente, o espectador começa a interrogar se os artistas valem o cachet que lhes foi oferecido e se não estará na hora de mudar o vaudeville!...e porque não um número de atiradores de facas com olhos vendados!?...talvez surtisse mais efeito!?

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