18/04/2011

...trim, trim

...depois de ouvir as primeiras palavras do Otelo [geralmente só se pronúncia sobre o quer que seja quando as craveiras estão em flor!] ainda pensei que andasse a beber do mesmo copo que um famoso pedófilo da nossa praça andou a provar desdee os tempos de cárcere nas bonitas e arrumadas instalações prisionais da judiciária autoridade. Mas esta semana após uma expiação das suas palavras  lá emendou o soneto e começou a reivindicar um sonho que teve algures entre a Primavera de Abril e o Verão quente do PREC- uma espécie de democracia directa em que, supostamente os partidos se submetiam à vontade popular. Fazendo um paralelo com com novel M12M, seria o equivalente  a uma Islândia ibérica em que qualquer utilizador de Facebook ou outra rede de arrasto, poderia convocar uma referendo à la carte, por exemplo para abolir por exemplo os parquímetros no centro de Lisboa, ou as portagens na Ponte 25 de Abril, ou possivelmente acabar com as extensas férias parlamentares. Seria engraçado mas demasiado tentador...

Mas depois, de ouvir as palavras teatralizadas do Nobre candidato à puta tiva e exclusiva função de presidente da Assembleia da República, cheguei à firme conclusão que afinal não é o único que anda a beber do Santo Graal da irracionalidade, e que em boa verdade, o consumo de substâncias alucinogénicas está de facto massificado na sociedade. Ao ler a entrevista do apartidário Nobre candidato a de putado, lembrei das sábias palavras de Lincon: "government of the people, by the people, for the people". Aquilo que proferiu é a antítese ao tal "desapego do poder" que ontem tentou disfarçar na entrevista. Posso até profetizar que a sua rentrée dará azo a um desapegado flop eleitoral se continuar a abusar da ingenuidade política que revela. Mas enfim! É com este tipo de ingredientes que o comum português, menos se revê e mais se aflige na hora de decidir entre um prato de carne ou um prato de peixe.

Entretanto, enquanto aquele refinado humorista vai colando cartazes na sinalética urbana de Lisboa em direcção ao FMI, é com agrado matinal [para não dizer enjoo!] que ouço os comentários económicos diários sobre as puta tivas recomendações[ordens] que a troika [não confundir com perestroika!] financeira nos vai agraciar nos próximos 3/4/5/e adiante anos da nossa existência económica!Sublime tentação para a depressão nacional.

Estou certo que as medidas que estão a ser confeitadas nos corredores da Praça do Comércio vão ser tão agradáveis como ortigas na palma da mão. Mas não desesperemos. Com a agilidade de um colete de forças associado ao silêncio soturno do nosso nosso PR e a exímia arrogância do nosso PM, certo certo é que nem o coelho da Páscoa nos salve de uma desgraça à muito anunciada pelo expatriado Medina Carreira.

Depois de tudo somado e fazendo a prova dos nove, chegamos à conclusão que afinal de contas ninguém tocou à campainha para saber se lá dentro havia ou não esqueletos no armário, e um dia são eles que nos batem á porta!...

Acabem-se com as campainhas!...

Agora sim que venha o toque...o rectal!

photo by: Margarida Araújo

04/04/2011

...primavera?

...agora sim posso afirmar que da manta morta do inverno, surgiu clara e doce primavera que nos deslumbra com o sol gélido da manhã. Doce e aveludada pele que faz surgir gomos florais, onde a dormência agora terminada enche de alegria as mil e uma cores que a retina capta. Não fosse tudo isto uma ilusão, diria que estávamos na Primavera, mas não. Estamos em plena crise. Duraram 3 minutos até me aperceber que o capitão Ahab mantém a firme convicção de nos forçar rumo ao descalabro. Podia ter começado a entrevista com a memorável frase: "Call me Ishmael." Ainda me interrogo como tantos continuam a apontar o a lógica como se um arpão se tratasse, um arpão que nos fere a cada passo. Olhando de lado, de frente ou por detrás, para esse Parténon que construiu em seu redor (não aquele que o Eduardo Souto Moura tanto mitifica!), esse monumento mitológico à divindade da sua personalidade, diria que aquilo que a vista alcança a paciência esgotou há muito! Já não são as suas lamentações, os seus "ais", que me movem [se é que alguma vez a maça do Newton caiu alguma vez a meus pés!?quanto mais a cabeça!]. Nem mesmo as suas dores de parto quando fala da sua firme defesa de Portugal desperta qualquer tipo de comiseração. Vivemos numa espécie de primavera Marcelista, lá fora as papoilas dão cor aos prados e no semblante de muitos os cravos já cantam Abril, mas no fundo, estamos ainda embriagados no longo inverno do nosso descontentamento. Sem rumo, atrás de um destino desconhecido, de um abismo branco. Um vazio de ideias, um nada.

Photo by: DDiArte

22/03/2011

...nos tempos do rei Artur



...foram 70 anos a fazer história na rádio e na televisão!Apagou-se hoje a voz do nosso Artur Agostinho, um grande homem da rádio e sobretudo um grande sportinguista!

20/03/2011

..cruzes canhoto

…cruzes canhoto! Se dúvida alguma existisse, os comentários das últimas horas dos mais diversos quadrantes políticos dissiparam as nuvens de incerteza sobre a época que celebramos. Se não é nas palavras do Dr. Portas no soporífero Congresso do CDS, onde a alusão à cruzinha numas hipotéticas eleições em que o CDS vai ser Governo foram o prato forte, ressalta evidente nas palavras duras da Paula Teixeira da Cruz acerca da data da tal carta que o nosso Primeiro rascunhou e enviou para o amigo “porreiro pá!” Barroso [abra-se já uma comissão parlamentar e chama-se o Presidente dos CTT!]. Até o camarada Jerónimo doutor nas artes pagãs da doutrina marxista veio esta semana a púlpito declarar que o Governo oferece aos portugueses uma da duas cruzes, qual delas a mais dolorosa. Não há notícia de que alguns dos fiéis se tenha benzido após a apologia da morte do senhor Sócrates, morte política está claro. Mas voltando aos teixeirismos, o nosso ministro da Fazenda inaugurou também a semana que agora passou uma nova forma de abordagem aos assuntos do estado das finanças: conferências a conta-gotas seguidas de declarações bombásticas e terríveis. Como se não bastassem três PEC [nunca entendi bem onde encaixava a palavra crescimento nisto tudo?] agora o novo alvo a abater são os pensionistas e os futuros desempregados, quer por via da diminuição do tempo de subsídio, quer [ainda mais avassalador!] pela diminuição abrupta da própria indemnização! Se há medidas que dificilmente compreendo, esta é uma delas. Em que medida este ataque ao proletariado se insere numa política dita socialista, democrática e dinamizadora do emprego. Em que medida vai contribuir substancialmente para diminuir o défice português? Procurei a resposta a esta pergunta por debaixo do tapete da minha secretária mas nem o pó vislumbrei. Aliás encontrei a resposta no protesto da semana passada materializada nas famosas notas de 500 euros com a estampa do nosso Primeiro. Mas descansemos irmãos, provavelmente ainda nos próximos meses somos capazes de ser novamente chamados a colocar a cruzinha na folha das falsas ilusões, ou não, dependo da capacidade do sistema informático em reconhecer os portadores da cartão do cidadão.

Ainda assim continuo com uma dúvida: será que o nosso Primeiro também escreveu uma carta com o manifesto eleitoral da sua recandidatura ao PS à Angela Merkel? ou enviou em correio expresso para chegar antes da conferência de imprensa de ontem?

Outra dúvida que me apoquenta é a falta de protagonismo nos media da grande manifestação da CGTP, que ontem levou pela segunda semana consecutiva, milhares de descontes [provavelmente os pais dos da semana passada!?] à nossa primaveril capital. Será que a falta dos 20 skinheads e dos clientes do BPN fizeram a diferença? Os Homens da Luta também estiveram lá ontem,pá camaradas! Ai cruzes canhoto…

Por último, não ouvi os comentários do nosso Presidente acerca da memória dos soldados que caíram no teatro da guerra do ultramar, mas pelos vistos ainda bem que não ouvi. Também me parece que não vou ouvir tão cedo os comentários que ele não vai fazer acerca da crise política em que o nosso País se encontra mergulhado. Afinal o que está em causa é do foro dos correios. Não é matéria séria como escutas telefónicas ou assuntos relacionados com a Região Autónoma dos Açores.

(photo by: do grande fotógrafo Eduardo Gageiro)

12/03/2011

...acordar

Uma noite acordarei junto ao corpo infindável
da amada, e meu sangue não se encantará.
Então, rosa a rosa murcharão meus ombros.
Quer dizer que a sombra carregará meus sentidos
de distância, como se tudo fosse o cheiro
que as ervas pungentemente perdem
através do silêncio.


Plácido chegarei à mesa, e de súbito
meu coração se atravessará de gelo puro.
O vinho? Perguntarei. Flores de sal cobrirão
a luz poderosa do meu olhar.
Tempo, tempo. Eu próprio perguntarei no recente
pasmo da minha carne: o vinho?
Rosa a rosa murcharão meus ombros.
Então lembrarei a vermelha resina, o espesso
murmúrio do sangue,
o ocre e sobrenatural aroma das acácias.
Tentarei encontrar uma forma.
Com beijos antigos um momento ainda queimarei
o corpo solitário da amada, direi palavras
de uma ternura azebre.
E uma vez mais me perderei, dizendo: o vinho?
Rosa a rosa murcharão meus ombros.



Herberto Helder

(Photo by: Michael Papendieck)

06/03/2011

...o ano da morte de Alberto Granado

...aos poucos caiem como peças de dominó, uma após outra, as ditaduras islâmicas suportadas e acarinhadas pela real politik europeia e norte-americana. A esse propósito, retive com alguma ironia e pude deixar de apreciar a postura blasé do nosso bem Amado ministro dos assuntos externos (gosto mais do sotaque do inglês foreign affaiars), ao descaracterizar toda da a polémica em redor do reiterado apoio do ainda actual Governo à ditadura do coronel Kadhafi.
É caso para perguntar, e se Portugal não tivesse interesses nesse e noutros países nas barbas do deserto do Sahara? E se da Argélia, Líbia ou Nigéria não caísse pinga de ouro negro ou sopro de gás natural? Estaria a fortaleza europa tão receosa das movimentações desses povos? E se um dia jangadas milhares desses Povos do Mar sulcarem as águas do mar do meio e entrarem na fortaleza que dizemos nossa, em busca de melhores condições de vida? Quem terá capacidade para suster esta massa humana, quem terá a coragem política de submergir essa vontade sonhada por cada vez mais povos que resistem às migalhas lançadas pela cobiça dos povos da velha europa?

Mas não deixa de ser inquietante ver o quão frágil é a estrutura do poder nestes países tão perto de nossa casa, e a velocidade com que o vírus ou a vacina (alea jacta est) se propagou na maré desse mar que nos divide e nos une. Contrariamente a outras revoltas, não vi bandeiras dos inimigos clássicos a serem queimadas, não vi o livro sagrado bem alto no céu com uma mão firme a apelar ao Altíssimo morte aos infiéis! Vi novos e velhos. Vi gente do campo e da cidade, gente como nós com uma vontade enorme de mudar. O tempo decidirá o pendor da mudança.


De volta ao nosso canto, cumpri a velha tradição de não assistir ao festival da canção. Na minha lembrança saudosista, recordo apenas o playback do Carlos Paião, o mítico José Cid e o fabuloso Quarteto 1111, o grande Fernando Tordo e a voz do Carlos do Carmo, a nossa Simone ou a singular Tonicha. Alguém se lembra dos Gemini? Ninguém. O Festival da canção morreu com o apogeu da cor.



Confesso que fiquei espantado para não dizer intrigado quando hoje de manhã vi que os Homens da Luta tinham vencido a edição deste ano. Como diria o nosso caro Primeiro “este é um momento histórico”. Da mesma forma que a revolução de jasmim nasceu do Facebook e das redes sociais, por cá o povo tomou a palavra e por momentos pudemos saborear um doce aroma a PREC como há muito não se via neste país. É caso para gritar bem alto: tragam-me um cabaz de madeira para eu subir e gritar!. É disto que o povinho é gosta!
Realmente vivemos momentos históricos, épicos eu sei lá mais o quê. Falta-me adjectivos e prosa homérica para classificar tudo o que me vai no rodapé. Por exemplo quem poderia imaginar um primeiro-ministro português deslocar-se com o séquito das finanças ao gabinete da Sr. Merkel, para  pedir a bênção e aprovação das medidas do PREC e as que se seguem (já se falam na versão 3.1a!). Já estou a imaginar o nosso Primeiro com o nervosismo que o identifica e o ministro do fazenda pública com os dedos suados a tentar limpar os números da execução orçamental de Fevereiro no seu Ipad, ambos sentados na antecâmara de espera, com a sinfonia inacabada de Schubert no ouvido e a incerteza dos mercados na cosnciência. Que revistas terão lido? a Hola! espanhola, a Caras portuguesa ou corrosivo Der Spiegel?
Nestes quase 37 anos que nos separam da madrugada dos cravos, nessa manhã em que as gaivotas voaram, com asas de vento, e coração de mar, nunca imaginei sentar-me na sala de espera com a dúvida oscilante entre a sandes de coirato e a salsicha Bockwurst. Provavelmente daqui a uns tempos para além ámen ao Orçamento da República, seremos convidados a introduzir o alemão nas escolas e a substituir o renegado Camões por um mais consentâneo Goethe.

Espero sinceramente que a Cimeira de Primavera decorra com o vento de feição e que em Outubro possamos celebrar de forma entusiástica a Oktoberfest sem o catarro dos mercados, nem a micose do FMI a assar as pertuberâcias nacionais.
No entretantos, sempre podemos exportar os Homens da Luta para aquecer as hostes da chanceler. De uma coisa podemos estar garantidos: da mesma forma que o campeonato já não sorri ao Sporting, já ninguém nos tira o último lugar no Festival da Eurovisão.
Mudando agora o catavento para sul, fiquei amedrontado com a revelação surpreendente do ex-presidente Dr. Jorge Sampaio. Portugal está “em apuros”. Não fui eu que disse, não foi o também ex-venerado Dr. Mário Soares (mais preocupado com do day-after da manifestação da “geração Deolinda”) e muito menos o benjamim António José Seguro que esta semana se colocou (também ele) em cima do caixote da fruta e disse que depois de Sócrates logo se vê.
E assim vamos nós alegremente, avenida da liberdade abaixo no cortejo carnavalesco da fábula de duas páginas do Bloco de Esquerda, e uma manifestação des parvos e parvas que os Deolinda cantam. “É disto que Portugal precisa” usando soundbyte preferido do nosso caro Primeiro.


Notas do chefe de mesa: recomendo vivamente o filme Black Swan uma petit chef-d’oeuvre com uma interpretação notável da bela Natalie Portman (profunda admiradora do irrecuperável Galliano) e por último uma lufada de ar fresco em termos de banda desenhada: Rango, um extraordinário western spaghetti camuflado com humor por um camaleão com problemas de identidade, uma banda sonora sob a batuta e mestria da ILM. Sabe bem o cinema pipoca sem os incomodativos óculos 3D!
Entretanto divirtam se e aproveitem para se desmascararem. Afinal de contas há que aproveitar estes dias para deixarmos de ser palhaços tristes.
No ano da morte de Alberto Granado a pobreza e à injustiça social persistem de mãos dadas com a desigualdade, o desemprego e a fome envergonhada. A luta por um mundo mais justo e melhor não é uma ideologia nem uma utopia. Infelizmente, é uma necessidade.

Bom Carnaval!

photo by: Michael Papendieck


14/02/2011

...endless



e ao anoitecer adquires nome de ilha ou de vulcão
deixas viver sobre a pele uma criança de lume
e na fria lava da noite ensinas ao corpo
a paciência o amor o abandono das palavras
o silêncio
e a difícil arte da melancolia








Al Berto




Photo by: SaMY

11/02/2011

...jus primae noctis


Desde o tempo de feudal que existe sempre alguém com pretensão para nos lixar com F. Recuemos então uma mão cheia de séculos voltemos ao cretácio da nossa construção europeia. Menina e moça acabada de se comprometer com filho de ferreiro da aldeia, é informada por seu pai, capador de profissão banhado em lágrimas e em grande comoção, que o senhor feudal pretende fazer a rodagem da pura e sacrossanta intimidade antes que a mesma contraia núpcias assim manche o seu imaculado jardim de jasmins como doce ardor do desejo…

…uns séculos mais tarde num esquina de Alfama, enquanto se deliciava no no bafo de ervas aromáticas, Francisco duque do Bairro Alto intenta a sua pernada no parlamento, predispondo-se a vergar a minoria parlamentar no fino gume da dissolução e numa penada, antecipa-se à pretensão insaciável do seu vizinho de terras não muito distantes, Jerónimo conde de Soeiro. A jovem donzela renega desde logo a infâmia do gesto e recusa-se saborear o doce manjar, que do Rato já se advinha.

Uns quilómetros mais a norte a Chanceler Merkel assume também a sua pernada, ao propor uma joint-venture conjunta com o príncipe da sola alta Sarkozy e juntos decidem assombrar-se sobre as virgens economias periféricas e transformá-las em escravas germânias, para deboche e prazer dos restantes parceiros.

De volta ao intendente, mesmo por debaixo da nossa saias, o ministro Rui Pereira da Admiração Interna tenta explicar o inexplicável, e refugia-se na ética da responsabilidade, ao responsabilizar o Director-geral que antes que fosse perneado decide demitir-se, mas é impedido de contrair o acto sem experimentar o longo malho do relatório ministerial.

Como o pecado mora ao lado, uma idosa é encontrada em casa anos, no chão da cozinha mumificada, depois de durante anos ter sido impossível ao tribunal detectar indícios de cheiro nauseabundo, e à autoridade policial factos e argumentos para arrombar a porta da dita senhora. Felizmente que existe uma entidade em Portugal que se orgulha de desflorar e depenar as jovens economias domésticas com mesma voracidade com que a Galp aplica as suas pernadas no momento de ir à bomba abastecer - as Finanças. Se não fosse o frenesim ninfomaníaco com que possuíram o apartamento na aldeia da Rinchoa, como justa recompensa de uma miserável dívida, a esta hora o tribunal estaria ainda com problemas de olfacto, a autoridade policial com a lima e o pé de cabra em boas condições e o Mistério Público sem mais um daqueles casos que se arrastam por décadas e só lixam com F grande quem neles se viu envolvido.

Entretanto, e ainda não refeito do susto por ter sido apanhado com as exportações na mão o nosso Primeiro lá vai electrificando o discurso com o seu leaf azul bebé, enquanto os pobres aldeões da aldeia do Barreiro sofrem uma pernada dos barqueiros do Tejo. E enquanto a nossa ministra da Educação dá o preço por cabeça de aluno, e sua colega da Saúde dá graças ao facto de no primeiro mês do ano já ter poupado dinheiro à conta dos pobres “pernados” contribuintes (que agora para além de sodomizados com a menores comparticipações ainda são simpaticamente empurrados para o privado, onde são duplamente “pernados”) só nos faltava mesmo os usurários virem lamentar-se pelas pequenas descidas nos lucros e desta forma arranjar mais argumentos para soprarem o “spread” mesmo antes do clímax do orgasmo pré débito da mensalidade da casa.

Ora no país real, enclausurado entre esses dois voluptuosos marmelos, com um espartilho dois números abaixo do ideal, afogam-se as nossas certezas e advinha-se um enorme fosso de dívidas. Mal e porcamente, não há traseiro que aguente 7,6% de taxa de juros, por maior ou menor pernada. Isto já nem com lubrificante vai lá, nem mesmo os da Galp!

23/01/2011

...need for change



....se acredita no poder da cruzinha lá no quadrado com a fotografia do dito cujo ao lado, então vá em frente, puxe a alavanca! Votar não dói....em princípio!

20/01/2011

...por que caminhos respiro

Quinta – feira pouco passam das oito da manhã e já a multidão se acotovela em direcção à gare. Como já vem sendo hábito, aceito de bom grado toda a papelada que me dão à entrada da estação. Quando não é a propaganda dos camaradas da Soeiro Pereira Gomes, ou a publicidade a mais uma clinica dentária com promessa de dentes cintilantes de baixo orçamento, lá estão os ajudantes do mestre clarividente, professor Mamadu. O Professor Mamadu promete tudo, desde problemas com dívidas, problemas sentimentais, dores agudas, impotência ou quem sabe prepotência [aí está um político à maneira!]. Ao contrário da maioria dos ambientalistas que acreditam na reciclagem, não tenho por hábito amarfanhar o papel e decorar o chão da rua com mais um papel. Como se aquele fosse o único ou como se não vivêssemos rodeados de lixo urbano e beatas de uma fumarola mais acelerada. Não. Ficam na mala a estagiar e depois são depositados no sítio devido: o lixo papelão. Ok sou uma ave rara, aceite de bom grado este vício imundo de não deitar nada para o chão. Continuando, em passo acelerado á velocidade do som dos carris enquanto o mar serenava o meu pensamento matinal, chego finalmente à primeira paragem e deparo-me com o primeiro matinal. Um senhor agente da autoridade, no zeloso cumprimento das mais altas directrizes, acaba de salvar a economia ao retirar um par de meias a uma vendedora ambulante! Sob o olhar incrédulo e alguma [fraca] contestação sobe em passo determinado rampa acima logo seguida de alguns colegas, qual bandarilheiro com um par de orelhas em trinfo absoluto.

Respirei o ar gélido da manhã e pensei que só podia ser um sonho.

O dia prosseguiu com sempre. Triste e silencioso. Mas nada como um bom discurso político para agitar a alma. O candidato algarvio Aníbal quebrou a rectidão e seriedade do presidente candidato Cavaco que se não fosse eleito à primeira volta, um cataclismo iria abater-se sobre as famílias, sobre as empresas e até [tremam!] os juros da dívida iriam subir!

Respirei o silêncio gélido da minha inteligência e pensei que só podia ser um sonho.

Mas nem tudo foram más notícias. Nem só de tristezas vive este nosso dia-a-dia. Afinal o Tridente já está operacional. O défice poderá apresentar um valor entre 6,8 e 6,9%. Porque tanta tristeza, se os combustíveis hoje não subiram. Porque tanta agressividade se no parlamento o deputado Sérgio Sousa Pinto [com um apelido destes poderia ser parente do sr. Pinto de Sousa] disse que a medida do governo para tornar crime público a violência escolar fazia tanta falta ao ordenamento jurídico com uma gaita num funeral?

Respirei fundo, abri os olhos e vi que afinal não era um sonho.

Photo by: Paulo Dias

09/01/2011

...angels in the early morning

Angels, in the early morning

May be seen the Dews among,
Stooping -- plucking -- smiling -- flying --
Do the Buds to them belong?


Angels, when the sun is hottest
May be seen the sands among,
Stooping -- plucking -- sighing -- flying --
Parched the flowers they bear along.


Emily Dickinson
 
 
Foto by: Quark

01/01/2011

31/12/2010

...encruzilhada

Em surdina, e enquanto ninguém se lembra que tal, fui encher os depósitos das carroças antes que o preço do fardo de palha aumentasse por via do aumento do IVA e do fim da comparticipação aos produtores de biodiesel. Mesmo apesar da variação do euro face ao dólar beneficiar o preço do barril de crude, estou certo que a Galp (produtora internacional de todos os fardos de palha que são digeridos em Portugal e algumas bombas em Espanha) vai mesmo aumentar o manjar asinino logo após as 12 badaladas da meia-noite. Saciado agarrei os arreios e com toda a impedância apontei a cenoura até à grande superfície mais próxima. Estava cheia, para não variar nesta altura de saldos & enganos. Achei delicioso o pormenor de à entrada terem construído uma pirâmide de bolos rei industriais com aspecto de móvel velho lambido com óleo de cedro. Mais espantoso foi ver o escaparate dos preservativos Durex mesmo ao lado das nossas garrafas de espumante travestido de champanhe francês. Mais adiante, os inevitáveis sonhos oleoso, as rabanadas emplumadas de açúcar mais caro e canela das mais barata e as imprescindíveis uvas passa de calibre XXL para dar substância aos 12 largos e desmedidos desejos de início de década. Fritos & alcoólicas ao som das 12 badaladas, as passas do Allgarve e chá de tília para acalmar os fígados mais desprevenidos na manhã seguinte.

Confusão, mesmo grande confusão era a bicha para o marisco:

- “9,99 €/ kg, mas com desconto em cartão!” – não sei tive pena dos bichos ou quem estava disposto a mariscar as últimas finanças do ano numa amálgama de tremoços de bigodes meio congelados e mal amanhados . Satisfação para a carteira, decepção para o paladar. Fiquei-me portanto pela prata da casa e pelo tradicional paté de atum com um derivação de vinho da madeira e resguardo de pasta de azeito. O queijo de Évora também vai fazer pendant com as azevias de grão que a bimby preparou. Para memória futura, robalo no forno com batatinhas acompanhadas com um branco Duas Quintas 2007.

Mas voltemos á brutal realidade dos números, neste “fim de festa” da governação em que nem os reis magros do mercado nos agraciam com a mirra (muito menos o ouro ou o incenso), o nosso Primeiro Herodes depois de degolados os abonos das inocentes crianças deste país, prepara-se agora para o saque supremo ao templo pátrio do contribuinte. Felizes os convidados para a Ceia do Senhor, eis o carniceiro que tira o imposto ao povo.

IRS, IVA, Deduções Fiscais, Benefícios Fiscais, Código do Trabalho, Código Contributivo, Segurança Social. Amén

Rejubilem todos aqueles que foram enganados (os patos bravos que ainda acreditam neste Carcereiro-mor), ele que transporta numa bandeja de prata, o sonho de todos aqueles que ainda esperam a última vinda do messias libertador, o D. Sebastião que nos há-de livrar de Alcácer-Quibir, e de todos os negociadores do FMI. Façam as vossas apostas, será que o FMI ou o Sr. Trichet nos vai visitar no final do primeiro trimestre, será que o nosso Ministro das Finanças vai finalmente poder apreciar o merecido descanso ao sabor de uma peça de fruta enquanto se delicia com o seu ipad no sofá da sua sala. Será que o nosso Primeiro vai finalmente dar o braço a torcer e mudar a retórica de desculpabilização sistemática da crise internacional e vacilar sob a pressão dos números?

Será que alguém de bom senso vai poder votar em consciência nas próximas eleições presidências dada a total ausência de discurso político, diálogo de ideias ou soluções? Vou ser sincero: assisti a apenas um debate, o confronto final entre os dois únicos candidatos presidenciáveis. Que pobreza, que vazio! Não deixa de ser caricato para não dizer aberrante ver dois candidatos discutirem aquilo que não podem fazer mas que insistem prometer, e não falar claramente sobre aquilo que podem e devem fazer. Cada vez me convenço mais que dado o esvaziamento que se assistiu nos últimos cinco anos no papel do Presidente da República, era tempo de termos alguém em Belém que tomasse definitivamente o rumo do País e augurasse um novo estilo de protagonismo.

Mas nem tudo foi mau neste ano que agora se esvazia: mantenho a minha conta fora do BPN, continuo a respirar sem que para tal pague imposto, ainda posso sair de casa sem pagar taxa de ocupação municipal, e ainda tenho liberdade para escolher os ingredientes que utilizo e o modo de os confeccionar sem que a ASAE entre cozinha a dentro com os seus comandos swat.

Ainda consigo arranjar dois metros quadrados na praia de Carcavelos para apreciar uns banhos de sol e ler umas quantas páginas de língua portuguesa com consoantes mudas e pasme-se, ainda consigo ir pedalar no mar do Guincho sem pagar portagem. Por isso não me posso queixar. Nem foi assim tão mau!

Podia ter sido pior, mas o Papagaio sem Penas, essa loja mística que nos ilude e nos confunde deu uma ajudinha, e do outro lado do rio, algures no meio de livros e desapontamentos, um sorriso banhado em lágrimas acordou de um longo sono quimérico. Afinal enganei-me (estranho! sempre pensei que eu e o Cavaco éramos infalíveis e não líamos jornais!?) não te tornaste uma desilusão, apenas uma breve pausa no tempo.

E portanto, é com grande satisfação e maior preocupação que aguardo, as doze badaladas para a nova década. As passas brancas (só gosto dessas!) já estão alinhadas, na firme convicção que as 12 rimas não se transformarão em sete pragas do Egipto, pois de sustos e desilusões já este ano foi pródigo.

Uma boa noite &; boas entradas.

PS: para os incautos e patos bravos apenas um aviso: o Pingo Doce realmente não vai aumentar os preços em Janeiro...e sabem porquê?eh!eh!eh!he!...advinhem!

23/12/2010

....já perdi a conta às fitas!



....sim é verdade! gata & árvore de Natal simplesmente não combinam!... já perdi a conta às fitas que ela já destruiu e as bolas que roubou. Mas após várias experiências mal sucedidads descobri o antídoto: luzes musicais. Uma espécie de cruzamento entre a Madame Edith e o bardo Assurancetourix em formato natalício! Simples e eficaz.

22/12/2010

...50%


...O Natal traz ao de cima o melhor e o pior de cada um de nós. O melhor pela imensa generosidade como neste pequeno período de tempo que medeia entre o subsídio de Natal e o extracto do cartão de crédito em Janeiro, nos desfazermos de tudo o quanto já não achamos piada, com é o caso das poupanças que fomos amialhando desde que viemos de férias e pela inusitada vontade de dar mais uns quantos cêntimos para esta ou aquela campanha a favor dos mais necessitados. Mas só neste período mesmo!Depois eSquecemo-nos ou simplesmente ignoramos. O pior, pelo facto de nos autoflagelarmos em filas intermináveis por entre empurrões e brigas por aquele brinquedo que está com 50%!!!! em cartão, diferencial esse que gastmaos uns metros mais adiante na primeira pastelaria em sonhos, azevias e fatias dourada, não sem antes pedir a bica da praxe com adoçante. Há que manter a dieta. Confesso, adoro o Natal. Não pelo que recebo, mas pelo que posso dar de melhor de mim, seja um postal ilustrado feito à medida (ah! bons tempos) seja por este ou aquele mail mais engraçado, ou por aquele telefonema para um amigo ou uma amiga! O melhor do Natal para mim, talvez seja o facto de estarmos todos juntos, não que esse reencontro não suceda de forma espontânea ao longo do ano, mas naquela noite, algo de mágico ou quiça trascendental transforma cada frase ou cada gesto em algo particularmente belo e reconfortante. também aprecio o Natal, para ver o quão depressa as pessoas se transformam quando entram na loja e se atacam umas às outras com um frenesim inexplicável e por vezes irracional. Por vezes dou comigo pasmado com determinadas atitude. Os gestos de falsa simpatia oscilam entre a falta de educação e a rudeza do trato.

Por vezes penso que definitivamente se perdeu a espiritualidade do Natal e que acima de tudo, o que conta é ter a mesa farta e não olhar a gastos. Esse [felizmente] não é o meu Natal. Aqui em casa ainda se comemora o Natal à moda antiga!!


08/12/2010

....tornado


..neste dia que em que se comemora o assassinato do ícone John Lenon, o homem que acabou com a carreira artística da Yoko Ono mas que fez singrar e a sua vértebra empresarial, a minha homenagem é dirigida não um dos elementos dos Fab Four [ que são mais intemporais e conhecidos que Jesus Cristo; não foi eu que disse isto!!] mas para todos aqueles que sofreram mais uma desventura da mãe Natureza. As imagens do tornado de ontem são no mínimo impressionastes!

Oxalá que desta, o Governo seja mais célere na ajuda e não se resguarde em pormenores burocráticos com sucedeu com a última intempérie na zona Oeste! Era o mínimo!...

02/12/2010

...na mouche!

....existem aquelas frases que pela leveza da pena e o nítído momento de clarividência do autor, ilustram de forma brilhante o momento em que me encontro!



                       «Nunca me senti tão sozinho e nunca tive tanta certeza de estar tão certo.»




Sá Carneiro

21/11/2010

...a besta, o Bo e a Ritinha... e gorjeta!


Mare Nostrum Pátria deles



Perante a Cimeira da Nato, basicamente tinha duas hipóteses: ou enclausurava-me na nova mega superfície comercial da Quinta do Conde na esperança de encontrar lá alguma desempregada a gastar os últimos trocos, ou uma qualquer empregada a relatar em directo que tinha faltado para ser a primeira a entrar no recinto, ou ainda um qualquer estudante “baldas”, e assim evitar os holofotes mediáticos e a confusão na 2.ª Circular, ou então pegava nas chaves e ia até Vila Nova de Poiares apreciar uma Chanfana de Cabra bem regada em vinho tinto e umas couves cozidas absolutamente tenras.
Optei pela segunda mas com uma pontinha de vontade de experimentar a primeira. Confesso mesmo, ainda sinto um ligeiro formigueiro na bolsa pelo facto de não ter experimentado os terminais de pagamento de uma das novas lojas!

Mas afinal qual foi o chamamento, o leitmotiv,o alinhamento dos planetas a estrela de Belém que encaminhou os 40 chefes de estado, a “Besta” do Obama (refiro-me à limousine!) e a filha do ministro Amado até à Cimeira da OTAN? Decididamente o gadget de cortiça, os pásteis de Belém e a oportunidade de se reunirem no único local do mundo em que as pessoas têm mais do que fazer que partir montras, queimar bandeiras e imolarem-se em megafones e declarações agressivas mas inócuas.

Estou certo que o nosso ministro da admiração interna deve estar tremendamente arrependido pelo facto de ter gasto uns trocos (os tais que ainda abundam no bolso da desempregada!?) nas tais viaturas blindadas não bélicas que nunca chegaram, e que agora vão patrulhar os bairros e ruas problemáticas da Bela Vista, da Cova M, da Soeiro Pereira Gomes e da Lapa. Lá no âmago da sua inconsciência, possivelmente acordou com aquele mau hálito matinal que até moscas mata, com o peso de não ter aproveitado o dinheiro nas melhoria das instalações de algumas esquadras degradantes, ou na educação religiosa de alguns policias da esquadra da Boavista aqui na pátria urbe. Mas não! Você ignorante contribuinte que se queixa por método e declinação, já imaginou os galões de gasóleo que o nosso Estado poupou pelo facto de ter substituído essas bestas, por umas motos 4x4 com uns bonitos pirilampos de Natal azul celeste? Sim porque também o nosso glorioso líder pai da nação Sócrates [ler com sotaque amaricano!] deu um forte incentivo para a busca de energias alternativas ao conduzir um Leaf o qual, modéstia a parte, nem que fica mal no meio das aburguesadas bombas germânicas e da “Besta” do Obama.

Teoria heliocêntrica de Portugal

É verdade, para além de sabermos que o amigo português no presidente Buraca Obama chamar-se David, ficamos incrédulos com o facto de saber inclusive falar português. Coisa rara nos imigrantes! Em suma, o facto de estarmos intimamente relacionados com o homem mais poderoso do mundo a seguir a à senhora Hu (vá puxem lá pelos conhecimentos de geopolítica!!é a senhora que prepara o pequeno almoço de clepes! quem é? quem é?), à Sra. Merkel, à Oprah e ao Horatio do CSI, coloca-nos algures na equidistância do epitélio superior Norte e o pedúnculo inferior Sul, ou seja no centro do mundo.

Ainda melhor. Depois de Ossana  [não será Obama!?] nos ter revelado que a alberga no seio da sua família, nos corredores e na casa de banho do r/c do seu apartamento na Pennsylvania Avenue mais um português, o Bo, podemos finalmente considerar que todo o universo gira em círculos mais ou menos achatados e aborrecidos em nosso redor. Bo, talvez o único cão do mundo a seguir ao dálmata do rouxinol faduncho que teve direito às mãos calejadas de um mestre artífice chinês na sua concepção e pintura, e que serviu de pretexto ao nosso Presidente da Respública [vénia respeitosa] para chamar assim uns minutos de atenção no Palácio de Belém, e assim dar descanso á massagem tonificadora de ego do nosso Primeiro-ministro. Sim porque com é do conhecimento geral [vox populi] todos sabemos como é que as massagens começam, mas não sabemos como é que amanhã os Mercados as vão terminar!?


White block

Consta que o Manuel Alegre sentiu uma comichão para também ele se acorrentar à paragem do 28 na Av. Infante D. Henrique ao pé do mausoléu do Santiago Calatrava,em manifesto anti Nato, anti Pastéis de Belém e anti qualquer coisa que diga ou lembre Cavaco, mas o bichinho da caça ao gambuzino foi decididamente mais arrebatadora, isso e o poema que estava a ler. Em sua substituição tivemos uma manifestação compartimentada [nada de misturas e mesclas]. Aliás, foi o próprio camarada Jerónimo, líder da facção vermelha do Block deu ordem expressas para que os ilustres camaradas se afastassem da malta dos piercings, dos keffyeh palestinianos e dos cabelos com aspecto de não serem lavados desde a década de 90 do século passado e com ninhos de melro na cabeça. Por sua vez líder secretário Louçã do Block d’Esquerda ordenou à PSP que ignorasse alguns membros da sua comitiva com alguma mortalha fumegante no canto da bioca,e desse especial atenção aos betos anarquistas vestidos de negro [Darth Vader incluídos] e cara tapada que por ali passavam, não fossem eles começar a desancar com os bastões de baseball e cocktails molotov nas bonitas montras capitalistas que ainda dão alguma vida à nossa Av. Da Liberdade. Consta que a representação islâmica na manif se quedou pelo Centro Comercial da Mouraria, e algumas ruas do Martim Moniz. Afinal em plena semana de Hadj não havia razões suficientes para andar a queimar bandeiras americanas e israelitas com tanta coisa para fazer! Ele é sete voltas ao contrário em redor da Kaaba, ele é ir buscar as sete pedras ao Monte Arafat para apedrejar o Jamarat al-Aqaba. Eu sei lá! Para além disso com a crise que está, andar a deitar-se na rua para sujar a peça de roupa branca que custou um porradão de dinheiro a lavar e a engomar, não lembra ao careca!

Sugestões de semana:

Dia 21 – Comece o dia a celebrar o facto de todos sem excepção terem comentado a excelente capacidade organizativa de Portugal e mostre a sua indignação pelo facto da besta do Obama ter dito que a Cimeira não tinha sido excitante. Refira ainda que se ele queria excitação que fizesse como o Berlusconi no Elefante Branco ou que fosse comer um hambúrguer em Kabul!

Dia 22 – Acabe o dia perto da hora do almoço com uma valente dor de cabeça pelo facto de não ter conseguido estacionar o carro na nova superfície comercial na Quinta do Conde, em opção faça uma piada brejeira sobre o discurso duplicado do ministro das Obras Públicas e o seu Secretário de estalo!

Dia 23- Faça um discurso ligeiro ai por voltas das 16:00 até às 17:47 sobre a utilização do preservativo pelo Papa como forma de não proliferação de armas nucleares.

Dia 24 Dia de Greve Geral- se é funcionário público e presa a amizade dos seus colegas nos próximos meses [enquanto se lembrarem do gesto!] faça como eles, vá à nova superfície Comercial na Quinta do Conde e não vá trabalhar!;

Dia 25 – Celebre com euforia as virtudes da greve e da grande adesão que os camaradas colegas de trabalho tiveram a esse evento mobilizador da sociedade portuguesa. Acabe a divagação com a necessidade do Sócrates [com sotaque de rua e demais predicados] mandar para as urtigas o ministro das finanças, o amado ministro, a ministra da educação, a ministra da saúde, o ministro da defesa e o gajo que comprou os chaimites!Aproveite e saia mais cedo para tentar arranjar lugar no novo centro comercial que abriu na Quinta do Conde.


PS: e a gorjeta!? quer dizer gastamos o dinheiro todo e ninguém deixa gruja?!

06/11/2010

...não batam mais que o homem tem dor


Começo com a notícia de capa do Expresso que acabou por inviabilizar a degustação prazenteira do meu pequeno almoço. Há crianças nas escolas a passar fome, algumas das quais escondem esse facto e há inclusive alguns agrupamentos aqui bem perto que estão a ponderar a abertura das respectivas cantinas ao fim de semana e durante o período das férias. É triste, muito triste. Como alguns de nós já reparamos, este mês não houve [e sabe Deus quando haverá!?] abono de família. Vou ser sincero. No meu caso não é a quantia em si que resolve os meus problemas. Era apenas uma economia para ser utilizada muito mais tarde quando os petizes necessitassem, por exemplo para o ensino superior [desejo e anseio de pai!]. Por um motivo maior, patriótico quiçá foi-me retirado. Pelo que li, o Estado perspectiva uma poupança global de 250 milhões euros com esta medida de salvaguarda da fazenda pública.

Não hasteei a bandeira nem me ofereci em holocausto aos deuses do mercado muito menos queimei incenso na fotografia do Ministro das Finanças. Também não me comovicom a dor de alma do PM [antes fosse de rins para sofrer um pouco mais!]. Penso que esse meu dinheiro [infelizmente!] será utilizado para as contrapartidas da renegociação das tristes e famosas PPP ou o buraco do BPN. Nada como siglas para iludir o contribuinte menos atento. Mas talvez uma leitura mais atenta ao recente relatório do INE sobre a pobreza em Portugal e em particular nas crianças nos possa fazer reflectir sobre o gesto irreflectido que o secularissímo PM acaba de fazer. Passando das crianças para os mais idosos, ainda na triste senda deste país em quasi bancarrota, fiquei igualmente incomodado com o artigo de opinião da Clara Ferreira Alves. Sim, este país não é para velhos. Não obstante o facto de serem ignorados e marginalizados , ainda por cima lhes cortam as pensões, diminuem as comparticipações e pelo andar do circo ainda lhes barram o apoio social, a bem da saúde financeira do país que os "acolhe"! Esse país ou esse Estado bombeiro, que acode a todos e que o Miguel Sousa Tavares por vezes renega (com a devida vénia pelo encanto da sua escrita) nestas situações tem mesmo que vestir as vestes do bom samaritano meu caro MST, ou qualquer dia caímos no engano de um sistema supra capitalista em que metade da nação se insurge pelo facto da outra metade ter apoio social mesmo não trabalhando (uma espécie de telenovela americana já gasta e pouco recomendável!).

E por falar em telenovela, saúdo o Expresso pelo furo jornalístico da fotografia da verdadeira e única sede do poder em Portugal. Trinta anos depois desse fabuloso debate entre o Dr. Soares e o Dr. Cunhal (que apesar da tenra idade assisti com os meus pais ainda na velha phillips a preto e branco) finalmente chegamos à conclusão que aquele bando de pessoas singulares que têm como profissão deputados não servem para absolutamente nada, a não ser mandar bitaites e carregar no botão da votação electrónica. Afinal de contas o documento mais importante dos últimos 25 anos de democracia, foi discutido e acertado por dois respeitáveis anciãos da causa pública (um deles reformado e o outro indulgente com as dores d’alma do nosso PM) numa sala na Lapa com um belo chão em tábua corrida e com uma cesta de frutas meio vazia, um lapís, uns papéis e um ipad. Nem Vermeer teve tamanha inspiração, ficou-se pela rapariga do brinco de pérola.

Só faltou mesmo o chá no quadro e teríamos o nosso tea party à portuguesa. Por falar em tea party queria expressar o meu orgulho pelo povo americano. Alterar o satus quo vigente sim. Atacar as políticas da saúde e segurança social do presidente Obama, obviamente! mas acabar com a masturbação como pretendia a candidata Christine O'Donnel isso é que não!...masturbação para bem da nação como cantaram os Ena Pá 2000....eis um bom candidato à presidência!....acabo de ter uma epifania!...

Mas deixando de parte os prazeres sublimes da carne, depois de ver o resumo alargado dos dois dias de debate do OE20111 fiquei com duas certezas:

1. O nosso PM está na recta final da sanidade, pois já vibra com a fugaz intervenção da Manuela (vizinha de bancada do igualmente escondido Zé Pacheco Pereira);
2. ainda mais evidente, a frase singular que, e passo a citar, "...a subida dos juros da dívida não tem nada a ver com Portugal”. Pois não pá!E nós andamos aqui só para pregar sustos aos funcionários públicos e ao leite com chocolate das criançinhas!!

Como se não bastasse o facto de o candidato Alegre, mostrar já sinais evidentes de desespero ao afirmar [pasme-se!] que a greve geral do próximo dia 24 também passa pela actuação presidencial, também temos um candidato pouco ami no que toca a pagamento da renda da sede de campanha, um candidato madeirense cuja caravana de campanha é um carro funerário, e um candidato comunista que pouco ou nada diz e quando fala confunde presidenciais com política governamental . Em suma, e batendo as claras com o devido ritmo, isto está uma verdadeira ejaculação mal amanhada.

Mas não desesperemos. O jovem Passos o homem da mudança, o homem que traz sangue novo tem o remédio para tudo isso. Calabouço para os incumpridores. Processos crime para todos. Eu acrescento guilhotina meus concidadãos. No final sobra o Dr. Catróga, o Ministro Santos e a burro de presépio.

E por aqui me fico que as castanhas estão saborosas e jeropiga Paciência está no ponto.

Deixo alguns números sobre o desvio da execução orçamental dos últimos anos de governação para que os fieis crentes do nosso mártir PM possam também eles comungar das dores d'alma:

2005 – 900 milhões €
2006 – 770 milhões €
2007 – 400 milhões €
2008 – 200 milhões €
2009 – 100 milhões €
2010 – 1200 milhões €
2011- ...tudo depende das compras de Natal do camarada Hu Jintao e da disposição matinal da Sra. Merckel

...o resto são rosas Senhor!

PS: pede-se aos senhores boys do PS que se dirijam com alguma urgência às inciativas de campanha do Manel senão ele saca de um poema!Façam com a Manela vos ensinou, sorriam e finjam que estão contentes!