08/05/2006

"Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara."


...recuso-me a acreditar em rostos sem face, que vivem o dia-a-dia ocultados numa esfera hermética e não reparam que o quadro que lhes é pintado, está coberto de pinceladas de negro. Será que andamos todos cegos? Por ventura não existem razões de sobra para exteriorizar revolta. Eu também confesso a minha quota parte de impenetrabilidade perante o status quo instituído pelas nomenklatura reinante. Mas não me calo!
Entrei no comboio e vi rostos silenciados pela monotonia da paisagem, sai da estação com os clamores dos vendedores de rua...mas não vi alegria. Sentei-me no autocarro e ouvi dois reformados inconformados com a situação criada. Essa situação, que explica outros tantos atentados à nossa liberdade e à nossa auto-estima. Fiquei feliz por saber que não sou o único que pensa de maneira diferente. Ser diferente, nos dias que correm é quase sinónimo de estigmatizado. Não poder conceber, ou não possuir capacidade económica (mas um grande desejo)para poder gerar mais crianças passa a ser um estigma, por decreto e aclamação. Felizmente existem outros tantos milhares que não pensam assim, e foi vê-los de branco áureo contrastando com o cinzentismo dominante na fotografia.
Na realidade, não vi pessoas...apenas naturezas mortas, vi flores num jardim abandonado, vi sombras de uma fotografia a preto e branco. Fico feliz por ser diferente mas triste por não poder olhar de maneira diferente.

1 comentário:

_espelho_ disse...

Publicas a minha foto... Acho no mínimo justo publicar algo teu...