...quando a nata dos economistas portugueses (aqueles que neste momento não têm responsabilidades governativas ou se encontram confortáveis com as respectivas reformas) apela à vinda do FMI para retemperar o afã despesista do Governo, apetece-me perguntar se esses mesmos que agora apelam ao regresso desses belos dias de 83, na altura viam com a mesma ansiedade a equipa do FMI a entrar porta dentro com a calculadora e a caneta vermelha!?Porventura não!...
O curioso é que apesar de já cá terem pernoitado durante umas temporadas, os erros e as deficiências de outrora são as mesmas e não o obstante já ter passado um par de décadas, este simpático país insiste em caminhar alegremente para o abismo. Tal como as receitas da Mafalda Pinto Leite (simples e práticas) os ingredientes que o FMI utiliza são por demais conhecidos: redução brutal da despesa à custa de inevitáveis cortes cegos, despedimentos em organismos do Estado, perda de regalias sociais e adiamento de grandes investimentos. Tudo produtos frescos e com muita saída economistas com vontade de ver sangue.
A partir do momento em que o yeld da nossa dívida ultrapassou o limiar psicológico dos 6%, e com a apresentação hoje do relatório encomendado pela tutela da Finanças à sempre prestável e desinteressada OCDE) é por demais evidente que se no futuro próximo as metas de redução do défice não forem cumpridas (futuro próximo pode ser já este ano!!) estão reunidas as condições para que a tutela do Turismo faça reserva reserva de uns quantos quartos no Hotel Altis (pensão completa) para a equipa do FMI. A nossa sorte, é que desta feita cabe à União Europeia o refrear a hostilidade do papão FMI ( para grande pena desses economistas de ocasião!). Mas com ou sem o prepúcio do FMI, quando os maus da fita entrarem pelo gabinete do ministro T. dos Santos, meus amigos acautelem-se!!...entretanto, e enquanto nos ficamos teleculinária de tabacaria,, fiquemo-nos com uma sopinha de de um novo aumento (esperado!) do IVA, umas batatinhas cozidas com redução das deduções à colecta, e com uma lata de sardinha das mais baratas como prendas de natal antecipado pelo OE2011. Sim por que apesar dos dançarinos de tango se terem zangado, nas ruelas dos Passos Perdidos já se cozinham pipis e punhetas de bacalhau na tasca de S. Bento, há quem afirme que já cheira a Orçamento aprovado, a bem da Nação e do pastel de bacalhau!
...extasiado, foi assim que fiquei após visualizar a comunicação ao país da senhora professora agora ministra Alçada. Fiquei com o sobrolho retorcido com a performance cénica, fiquei memo!!...mas fora brincadeira, talvez não fosse má ideia da próxima comunicação institucional, colocarem papel de parede com graffitis, um vidro partido, a maçaneta da porta descaída e um quadro eléctrónico como cenário. Para banda sonora, aconselhava Jonas Brothers ou Hanna Montana [no meu tempo seria o memorável hino dos Pink Floyd!]. E por favor senhora ministra, olhe em frente para a câmara, assim não ficamos todos com a sensação que está a ler o ponto. Talvez dessa forma não se acometa de tantos ataques à dicção da nossa maltratada língua.
Umas páginas mais à frente, ainda tive tempo para dar um saltinho ao site institucional do PSD, o partido do jovem Passos. Movido por uma inebriante curiosidade, decidi embriagar-me com as 17 páginas da proposta de revisão Constitucional do PSD. Aqui fica uma súmula dos meus comentários iniciais ao manuscrito.
Artigo 53º
É garantida aos trabalhadores a segurança e protecção do emprego, nos termos da Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeia e da lei, sendo proibidos os despedimentos sem razão legalmente atendível, ou por motivos políticos ou ideológicos.
Muito sinceramente, fiquei com a mesma irritação cutânea da última vez que ouvi o vocábulo atendível. Agora não estava à espera que a causa fosse mascarada por uma pretensa legalidade atendível. Confesso que ainda não atingi o alcance desta alteração, mas desconfiado como sou sinto-me inclinado a preferir uma causa justa ainda que seja vaga e muito dependente dos maus fígados da triste lei laboral, do que uma atendível liberalização dos despedimentos. Se é esta a forma que o redactor encontrou para promover, proteger e flexibilizar o emprego, então fiquemo-nos pela velha causa. Motivos temos nós de sobra para não entender o que é atendível!
Artigo 64º
1. ...
2. O direito à protecção da saúde é realizado:
a) Através de um serviço nacional de saúde universal e geral que tenha em conta as condições económicas e sociais dos cidadãos, não podendo, em caso algum, o acesso ser recusado por insuficiência de meios económicos;
b) Pela criação de condições económicas, sociais, culturais e ambientais que garantam, designadamente, a protecção da infância, da juventude e da velhice, e pela melhoria sistemática das condições de vida e de trabalho, bem como pela promoção da cultura desportiva, escolar e popular, e ainda pelo desenvolvimento de práticas de vida saudável.
3. ...
a)...
b) Garantir uma racional e eficiente cobertura de todo o país em recursos humanos e unidades de saúde e promovendo a efectiva liberdade de escolha;
Caro Conselho Nacional, prezado Passos, se é uma questão de liberdade de escolha então prefiro sempre o Estado, ainda que confesse que apesar de a percentagem de actos médico no privado apresentar já uma percentagem significativa, custa-me acreditar que ainda hoje são necessários meses para ter uma consulta em algumas especialidades, e para visitar o meu caríssimo médico de família.
Se me pergunterem se deviamos pagar mais pelos internamentos, pelas cirurgias e por alguns exames que eu sei por experiência própria que são efectivamente caros [só quem nunca aqueceu o cartão multibanco num hospital ou clínica privada é que não imagina o custo de um simples TAC ou de uma cirurgia!], a minha resposta é absolutamente sim. Se me indagarem se os meus impostos são bem aproveitados pelo SNS, a resposta é um claro não. Eliminar o desperdício sim, eliminar o tendencialmente gratuíto é um folhetim. Apesar de estar estampada a gratuitidade, em boa verdade todos pagamos taxas moderadoras e exames nos hospitais públicos. Talvez fosse a hora de pagarmos um pouco mais é verdade para assegurar a sustentabilidade do SNS, mas daí até condicioanr o pagamento de acordo com a situição fiscal do contribuinte, a marca da camisa, ou o carro parado no estacionamento, vai um longo e ardiloso percurso. Sim às parcerias público privadas, mas em moldes que não seja apenas o estado a acrcar com o prejuízo. Já basta as hospitais, centros de saúde que fecham no interuior por motivos contabilísticos e estatísticos. Onde o público fecha, abre um privado logo de seguida. Porquê!? Se um alega prejuízos e falta de competitividade, como é que o outro tasquim vai sobreviver? Não me digam que depois a liberdade de escolha fica condicionada a ter que fazer umas dezenas de quilómetros para o hospital público mais próximo, porque no outro "paga a sério"!?...e não é com ambulãncias hospitalares de recurso , que o caso se resolve. Há também uma terceira hipótese de escolha, que é esperar que o tipo simpático da foice decida ter outro cliente nesse dia!
Artigo 74º
1 - ...
2 – Na realização da política de ensino incumbe ao Estado:
a) ...
b) Promover e desenvolver o sistema geral de educação pré-escolar;
c) ...
d) Garantir a todos os cidadãos, segundo as suas capacidades, o acesso aos graus mais elevados do ensino, da investigação científica e da criação artística, não podendo, em caso algum, o acesso ser recusado por insuficiência de meios económicos;
e) (Actual alínea f))
f) (Actual alínea g))
g) (Actual alínea h))
h) (Actual alínea i))
i) (Actual alínea j))
Artigo 75º
1. O Estado assegura a cobertura das necessidades de ensino de toda a população, através da existência de uma rede de estabelecimentos públicos, particulares e cooperativos, promovendo a efectiva liberdade de escolha.
2. ...
Realmente esta proposta parece uma anális esatística em que o excesso de graus de liberdade que apresenta confere-lhe à partida uma baixa probalidade de sucesso. Tal como na educação, no caso da saúde os "indigentes e os coitadinhos" que esta proposta omitindo mais ataca, são confontado com a efectiva liberdade de escolha. Que o Estado andava a piscar o olho aos privados para testar umas parcerias (ruinosas para o Estado) vantajosas para os privados todos já sabemos e conhecemos exemplos. Por venturas algum dos senhores subscritores desta proposta tem alunos no Estado? e no privado? Agora respondam-me a esta questão pertinente. Acham que uma pessoa da extinta e exaurida classe média com ordenado médio de 900 euros mensais consegue comportar uma mensalidade num colégio privado? E se agora com esta medida de generosa liberdade de escolha o Estado, começar a fechar escolas aqui e ali, abrindo em sua substituição escolas cooperativas, privadas, semi-públicas, híbridas eu sei lá mais o quê, o senhor encarregado de educação está na disposição de colocar o seu filho numa destas maravilhoas e tecnológicas escolas em que vai "pagar a sério"? Não será mais sério manter o mesmo articulado, continuar o Estado a sua acção de renovação do parque escolar? Eu andei sempre no Estado, tenho orgulho e sorte de ter tido excelentes professores no Estado e não vejo qual a mais valia que os privados possam oferecer. Em vez de artilharem a Constituição com tiques de neoliberalismo aterrador, alterassem anets as políticas educativas, verificassem a substância e actualidade dos programas curriculares, dar melhores condições ao docentes para fazer aquilo que gostam e sabem fazer que é ensinar! Isso talvez seja mais difícil, por certo compreendo que é mais prático mudar uma ou duas palavras no texto fundamental.
Artigo 149º
1. Os Deputados são eleitos por círculos eleitorais geograficamente definidos na lei, a qual pode determinar a existência de círculos plurinominais e uninominais, bem como a respectiva natureza e complementaridade, por forma a assegurar o sistema de representação proporciona.
Artigo 230º
Alguma coisa contra o método de Hondt? É utilizado à décadas e que eu saiba ainda ninguém apresentou queixa!?Talvez fosse mais interessante e efectivo, reduzir o número de deputados.
1. Há um Representante da República comum para ambas as regiões autónomas, nomeado e exonerado pelo Presidente da República, ouvido o Governo.
E vai morar aonde?
Bem estas foram as primeiras impressões que me suscitaram o meu apelo para...gastarem o vosso tempo em coisas mais úteis e deixar de brincar às revisões. E se o programa de Governo do jovem Passos, não se adequa à actual Constituição, então está na hora de fazer como o Figo. Fique em casa e não venha a Portugal, aqui só se arranjam problemas. Gostava também que me explicassem esta atracção irascível por alterar a Constituição a cada passo. Certamente que é uma questão de feromonas!?....Mas se alterarem,não se esqueçam de lavar as mãos como manda a senhora ministra!!
…ainda tentei encontrar-te, por entre o ondular do estorno, mas o vento empurrava-me de volta ao mar, esse paraíso imenso de solidão que o sol reflecte como se um mar de prata se tratasse. Na riqueza do teu olhar, inspirei-me, e nos finos grãos de areia escrevi um poema de palavras que soçobraram com maré. Torrente imensa de pensamentos, que me afundou na leitura de um livro que o vento carregava, entre páginas e páginas de mistério e beleza. Abri a porta e no mais recôndito lugar da mente, comecei a premir tecla após tecla, o principio e o fim de uma singularidade.
Nas minhas divagações lunares, por entre cidades misteriosas e ruas silenciosas, o som dos teus passos imaginei ao cruzares as ruas de granito sufocante. Senti teu olhar luzidio nas sombras, foquei o gesto sublime e a doçura do teu percurso, rua acima por entre janelas que te contemplavam e portas que se abriam na minha imaginação.
Ficámos sentados, junto à esplanada na praça central e ali permanecem, entreolhando silêncios que se cruzavam com o lento caminhar das horas, que o tempo se encarregava de consumir. Findo o dia partimos, cada um para o seu recanto, silenciosos e dissimulados na multidão que varria agora as ruas desse lugar, cujo som ecoava no bater das teclas.
Eu fiquei. Apraz-me ver-te partir nem que seja em sonho. A despedida é algo que não se escreve, o mesmo sucede com a saudade. Imagina-se, sente-se mas não se transcreve. Ao longe, consegui discernir um último fôlego para o parágrafo final: um por do sol à beira mar numa folha branca cheia de nada. Apenas silêncio.
o dr. Alberto acha que o Passos Coelho vai dar um bom PM. eu também concordo, desde que não seja com essa proposta aberrante de remodelação [um adjectivo mais consonante com o radicalismo da pena do escrivão contratado para o efeito] constituicional, nem com a prossecução da política esfoliante de impostos que nos últimos anos me tem adelgaçado. a insistência nessa via pelo do vendedor de sonhos actualmente inquilino de São Bento, apenas ilude os seus prosélitos e todos aqueles cuja ignorância é douta sapiência.
depois de ontem ouvir o seu discursos analgésico em Mangualde, não ficam dúvidas que o país que espreito lá fora [enquanto engraxo os sapatos da nova colecção Outono/Inverno], está bem melhor do que aquilo que os números reflectem. ainda pensei que fosse um golpe de sol, mas não. eu estava era rodeado de areia numa praia deserta, repleta de fauna estival de espanhóis, franceses, brasileiros e outros tantos portugueses, e do céu choviam flores por entre nuvens de um arco-íris cor de rosa. o único senão era o vento que insistiam em desfraldar as folhas do caderno da economia, enquanto me deliciava com uma sereia que por passava.
♠ refugiado das minhas curtas férias de floresta queimada e foguetório, sinto já o formigueiro das intermináveis filas de trânsito enquanto leio serenamente de pé no meu expresso do oriente, mais um livro que olfacto na livraria. já tenho uma mão cheia de títulos a salivarem na minha curiosidade [bastam dois para encher uma demão]: Diário de um homem supérfulo de Ivan Turgéniev e um título na língua materna, A Máquina de Fazer Espanhóis do valter hugo mãe. entretanto e depois de mergulhar no mundo de Cortázar, vou agora derrimir umas horas com a Sombra do Vento do Zafón. e de pasta de papel estamos resumidos, porque da outra, nem chama!
♣
?voltando à nossa estrada para Damasco, questiono-me como é que em apenas 5 meses [o resumo deste ano para esquecer] o nosso ministro da fazenda vai resolver o endémico problema das finanças públicas? convenhamos, mais 13, 5 mil milhões de euros até o governo ir a banhos, é uma ópera bufa. não sei se temos tenores e barítonos com capacidade para transformar esta comédia burlesca em algo mais sério. entretanto, estendamos as nossa esteiras e ouçamos os bobos da corte enquanto prossegue a silly-season veraneante. começa a ser um lugar comum ver estas picardias de camisa com botão desapertado, em tom de pele morena e pelo ao vento, interrompida por uns breves mas caloroso aplausos mais motivados pelo copo de vinho e lasca de fêvera no dente, do que pela razão e lógica das palavras suadas.
pessoalmente, prefiro a envolvência de uma bela paisagem refugiado no silêncio de um amontoado de pedras envolvidas pelo tojo agreste que brota do monte. sinto-me mais esclarecido, com as pinceladas no céu, e com o vento que leva os sons ancestrais do trabalho do campo. entre o discurso político inquinado, e o arfar das notícias de época, sinto-me nais refrescado com o escorregar da água do mar por entre os canais que sulcam o areal. mas como tudo na vida, no momento seguinte abrimos os olhos e a tinta se esvai no último predicado, no último sopro de tranquilidade...depois basta abrir a mente, arejar durante alguns minutos e sentir os aromas a envolverem-nos num bailado de olhares cúmplices, enquanto o beijo sedutor nos empurra escada abaixo até ao precipício. no momento seguinte o despertador toca e o último click faz-se ouvir...
... N'est-ce pas la première fois que l'inconscience du régime iranien viole les droits les plus fondamentaux des femmes. La douleur est grande et les visages s'attarder dans la mémoire de ceux qui souffrent quotidiennement de l'hostilité d'une politique de nommage rabougris par la poussière de l'ignorance.
C'est un autre visage à écrire sur le mur de l'hypocrisie de ceux qui blanchissent le régime iranien?
…entramos no sonho , como quem entra numa gruta em que apenas uma ténue luz ao fundo nos separa da realidade. Tal como no conto do Carol Lewis, tudo parecia grande tudo parecia mágico. Nas paredes, sonhos de crianças, paisagens bucólicas. Sentámo-nos e a rapariga do avental começou uma história interminável, por entre sorrisos e olhares que nos fascinavam em cada frase que irradiava. Sentei-me no meu silêncio e comecei a entrar num mundo aparte, enquanto folheava todos os livros da sua estante. Este li, aquele também, aquele gostava de ter lido. Lá fora o sol cintilava num campo de milho, cá dentro outro sol serpenteava pela sala enquanto a rapariga do avental saltitava de local em local, entre história e estória. Entretanto a sua irmã chegara, e com ela a maresia que ondulava nos cabelos que gentilmente segurava, como algas que a maré trás e leva. A tarde prosseguiu, e cada vez mais o sonho se adensava. São tão diferentes – pensei. Uma a serenidade de uma praia deserta, o som que o mar ao longe irrompe em espuma que o vento leva. A outra, uma explosão de cor verde sol que carrega aos ombros, enquanto voava em tons de imaginário irrequieto. Assim como o vento leva as nuvens no azul céu e faz cantar as folhas de uma primavera amarelecidas pelo calor do verão, assim ela saltitava da sua concha, descalça casa fora, de móvel em móvel à medida que o seu tom de voz enternecedor fumegava encantos que nos apetece ouvir até a noite cobrir o negro manto do seu olhar. Entretanto, lá fora o relógio da velha igreja cantava sinos de louvor. Era hora. Ao fundo no túnel já se vislumbrava numa espiral de luz, o fim de um sonho, mas antes um chá da tarde num pé de dança de risos e contos. Quando abri os lhos, a rapariga do mar já nos transportava foz abaixo, e com um longo abraço de mar deixou-nos numa baia de saudade que estou certo que um dia há-de voltar a aportar.
…estivessem as estrelas adormecidas no profundo sono da noite, ou o sol no seu ponto mais alto, o sino repicava insistentemente com a presença de um fogo no alto do monte. Os chefes de família logo tratavam de acordar os mais empenedridos na constelação de sonhos, ou o jovem pastor deitado em nos pensamentos à sombra do carvalho enquanto vigiava o rebanho que fazia das suas, na seara do vizinho. Era um tempo em que a entreajuda era lei e o clamor do sino a todos diria respeito, pois o bem de uns era tão importante como o bem comum. E lá iam monte acima apagar o fogo que alguém por leviandade ou por mera maldade teria iniciado. Nesse tempo, o monte era o agreste tojal que alimentava as camas dos animais, abrigo de rebanhos em tempos de escassez, e que em última instância seria o estrume que alimentava o pão de muitas bocas famintas. A floresta por seu turno era o guardião da vida, fonte de rendimento para muitas casas e calorosa companhia nas noites frias e húmidas de inverno. As fagulhas as pinhas alimentavam as conversas de serão e aquecia o coração desanimado de quem lutava pela vida e ansiava por um futuro melhor para os seus. As famílias eram numerosas, braços que ritmavam a terra no tempo das lavras, vozes que cantavam as desfolhadas e pernas que derramavam o vinho que matava sede e alimentava a alma. Era o tempo em que a ordenha era madrugadora, e o caminho trilhado descalços até ao posto do leite, eram as migalhas de farelo e a farinha do capoeiro. Esse ritual diário, ponto de encontro das moças namoradeiras vestidas com a melhor roupa, manto de longos olhares de corte e sedução, mas descalças. Quantas promessas foram cantadas, quantos poemas escondem as pedras que o inverno e a chuva amoleceram e moldaram nesse trilho que hoje percorro a pé. Eram os tempos da junta de vacas que vagarosamente lutavam “contra a mosca”, carregadas até à exaustão do milho e a carocha monte acima já noite dentro. Eram o tempo em que os pés descalços encaminhavam a água das poças no lameiro, em que uma toalha de de água escorria no verde prado de lima coberto de pequenas flores e sonhos.
Esse tempo acabou. Agora sobram os casebres abandonados, despidos de vida, rodeados de mato e silvedos. O sorriso das crianças de outrora ouvem-se ao longe, e nem o sino da igreja conta o passar do tempo como ontem. Sim, parece que foi ontem. Sobra o barulho dos carros ao longe, na estrada emergiu da vontade de alguns e que manchou a pacatez da aldeia. Ouve-se um ou outro tractor que diariamente leva o mato, e pouco mais. O fogo come a terra, e o sino já não dobra pela vida de outrora. Aparentemente tudo se perdeu no esquecimento, e já nada nem ninguém acorda da letargia em que o presente caiu. É triste quando o passado recente só se revive como uma fábula do antigamente. E isso vê-se nos rostos de quem conta. Ouve-se a tristeza em cada palavra. Já não há presente, apenas um “dantes quando sino tocava…”.
…ainda pensei urdir umas quantas linhas de alfarrabistas, já que ainda não me habituei a todas as subtilezas do Office 2010, mas enfim rendi-me aos benefícios de poder escrever sob o canto das estrelas e um mocho que não para de me saudar.
Hoje não esteve calor, calor é uma abstracção inventada pelos fabricantes de limonadas e gelados, digamos que hoje coagulei os meus pensamentos enquanto me deleitava com uma francesinha no café Vianna e um fino escorregadio, por entre palavras e ideias numa mesa redonda de escárnio e baixa política[nada de futebol!]. Calor, era lá fora, na zona dos chapéus & ementas que se perdem na tradução para francês corrente do bacalhau à minhota ou a vitela estufada com ervilhas. O barómetro estava de tal forma agressivo que um pombo rompeu as barreiras da decência e colou-se à minha mesa ávido por um pedaço de pão que ainda lhe deu luta, até que a empregada o enxotou porta fora, no meio de um choro de uma criancinha que viu nele o companheiro de brincadeira. Após o repasto, rua de Souto abaixo para dar uma mirada na Loja das Bananas [local de culto!] e mais uns quantos cliques na objectiva. De caminho, já o sol quebrava o ânimo serra acima. Chegados ao chalet de montagne, mais uns quantos hectares de floresta a crepitar. Estranho prazer para esses pirómanos que poderiam perfeitamente ter o mesmo fim que os infiéis e personagens desavindas nos autos de fé! Esses, muitas das vezes pobres inocentes de um desvio de razão, má fortuna os bafejou. Outros tempos, régia justiça. Curioso destino o meu respirar o mesmo ar e pisar o mesmo chão onde outrora, o Exmo. Sr .Juiz da comarca remetia para a forca.
Mas mudando de assunto, não tenho visto o que se passa pelo mundo, acredito piamente que ele também não esteja interessado nas minhas motivações, mas sinto um brilho de alívio por me sentir bem nesta plácida condição de extrema ignorância. Sabe bem, acordar sem pensar no que aí vem, sabe melhor ainda pensar que amanhã tenho um muro para pintar. Pode não ser tão interessante com sentir o repouso do mar num fim de tarde na Meia-Praia, mas é igualmente motivante sentir que cá dentro tudo corre bem. Lá fora, não sei. Ainda não folheie o jornal hoje e já se faz tarde. Amanhã logo vejo, consoante de que lado empurra o mar.
Tudo porque já não sou o retrato adormecido no fundo dos teus olhos.
Tudo porque tu ignoras que há leitos onde o frio não se demora e noites rumorosas de águas matinais.
Por isso, às vezes, as palavras que te digo são duras, mãe, e o nosso amor é infeliz.
Tudo porque perdi as rosas brancas que apertava junto ao coração no retrato da moldura.
Se soubesses como ainda amo as rosas, talvez não enchesses as horas de pesadelos.
Mas tu esqueceste muita coisa; esqueceste que as minhas pernas cresceram, que todo o meu corpo cresceu, e até o meu coração ficou enorme, mãe!
Olha — queres ouvir-me? — às vezes ainda sou o menino que adormeceu nos teus olhos; ainda aperto contra o coração rosas tão brancas como as que tens na moldura; ainda oiço a tua voz:
Era uma vez uma princesa no meio de um laranjal...
Mas — tu sabes — a noite é enorme, e todo o meu corpo cresceu.
Eu saí da moldura, dei às aves os meus olhos a beber,
Não me esqueci de nada, mãe. Guardo a tua voz dentro de mim. E deixo-te as rosas.
...por estas paragens existem duas formas saudáveis de acordar: ou por via do toque do sino da torre da igreja [que o senhor abade insiste em calar de madrugada para não interromper o leve sono dos fiéis] ou por causa de um qualquer ditoso galo mais madrugador que ao romper da aurora e das restantes amigas, entra em disputa com o galo do galinheiro vizinho, cena que se prolonga dia fora até que um deles deite a tolha ao chão, ou seja vitima de um arroz de cabidela. Seja de uma forma ou outra, bem cedo desci até ao vale para refrescar a memória da vila e sentir o pulsar do rio. Estava no mesmo local, mas aparentemente cresceu para o rio que a viu nascer. Desta vez os ideólogos da câmara decidiram dar uns retoques estéticos no rio e preparam-se para diminuir a secção do leito de cheia com um murete que segue rio abaixo, passando e obstruindo parte da parte medieval da ponte histórica de Ponte de Lima. É de bradar aos céus e à inconsciência desta gente! Mas este tipo de intervenções divinas dos santos milagreiros da vila são apenas a ponte do véu de "obras menores" que a cabecinha desta gente anda a congeminar. É pena pois a vila merece mais e o areal [com ou sem carros], não necessitava de aromatizar a sua matriz áurea, com mais uns quantos metros de pasto citadino, ou meia dúzia de cais em paliçada a bordejar as águas do Lima para turista se poder sentar enquanto toma o seu refresco de vinho verde à pressão e se afoga num prato de rojões. Como se não bastasse o general Decimus Iunius Brutus [alter-ego do anterior inquilino do Paço] ficar por vezes com a água pelas caligae, parece que a actual vereação pretende dar água a todos aqueles que lutam pela preservação do traçado arquitectónicoda vila. O que se segue? Ecrãs planos com publicidade estática no Largo do Camões e projecção de jogos de futebol? um parque infantil no largo da Igreja Matriz que ainda tem espaço?Colocar a feira no topo da vila? Se o objectivo é valorizar as margens do Lima, mantenham feira com a peculiaridade de sempre, baixem as tarifas pornográficas que cobram aos feirantes. Deixem a vila respirar com a mesma dose de romantismo que os poetas a cantam. E por favor não estraguem mais, tá?
...eram sete! farto da areia que vinha de lado nenhum fechei o livro na última página e deixei o romance entretido entre os grãos que ao longo das horas foram queimando as palavras que o sol não apagou da minha memória. Eles continuavam lá em baixo a fintar as ondas que uma após a outra bailavam por entre os castelos de areia que os sonhos de miúdos viram crescer na memória de verões passados. E lá fomos em passos demorados que ficaram marcados na imensidão da erosão que o mar carregou rio abaixo. Outrora rocha dura e intemporal, agora campo de jogos , local de romance e solário para o mais incauto turista lagosta. Até ao paredão, uma tarefa hercúlea, mais ainda com os finos grãos que tentam escapar à sina de ir e vir todos os dias puxados pela corrente, varridos pelo suão. A viagem é curta, uns meros 10 minutos ao som de piano que adormece o cansaço no banco de trás. De seguida, todos para o banho que o jantar já se advinha enquanto lá fora a tolha é sacudida dos pobres que se entricheiram nas fibras ou no barco de plástico. Fui buscar o jornal, e aproveitando para regar as plantas que sufocavam pelo fino néctar doce, reli as linhas que sobravam das letras gordas. - "Olha sabias que ....!" Nada. Lá de dentro apenas, o barulho da televisão que ninguém ouve, tachos e panelas que advinham o repasto que se segue, e o banho que já vai em meia hora! - ´" Ainda estás ai?" Elas inventam sempre uma desculpa. Já nasceram com o catálogo das perguntas com respostas óbvias! "- O último sou eu!" Entretanto tinha começado o telejornal, sofá com ele. Três notícias depois, zapping. "-Já vi isto de manhã!" Depois do jantar, não há nada melhor do que um saltinho para afinar as cordas e massacrar os dedos contra o aço. Uma verdadeira pauta de notas assassinadas, felizmente sem audiência para apupar e sair em ombros no meio de uma chuva de hortícolas. Sentei-me e ao lado do teclado ainda sobravam os poucos grãos que conseguiram resistir à purga.Entretanto as horas passaram, e já deitado senti o vento que os grãos levava e o sonho que a noite encenava...
...e no meio das bizarrarias do PSD para a Constituição, e ainda no preciso momento em que o tio Belmiro prega a similitude entre justa causa e razão atendível, o CDS aprova as alterações ao não menos entedível Estatuto do Aluno. Ainda não o li, mas tenho a certeza que qualquer alteração seria sempre bemvinda face à despropositada situação que o anterior criou na escola. As alterações agora introduzidas têm à cabeça um conjunto de virtudes que, acaso do destino desvirtuam por completo a proposta da ex-ministra, logo à cabeça pelo facto de ressuscitar as faltas injustificadas. Afinal uma falta é uma falta. Outro ponto que merece o meu aplauso é o facto das incidências disciplinares terem agora um prazo mais curto para a sua resolução. Este facto per si desvirtua essa ideia pré concebida que tal como na justiça futebolística e restantes derivações, a justiça é qualquer coisa que daqui a uns anos se há-de resolver ou prescrever. Já bastam os recursos e os incidentes processuais para estagnar a nossa justiça. na escola, quer-se rapidez e disciplina. Outro pormenor de suprema importância é a assumpção da autoridade por quem deve exercer - o professor Sobre isto nem uma virgula acrescento, reticências muito menos!..Quanto ao resto ainda não me debrucei! Espero fazê-lo em breve antes que o Passos Coelho acabe com a Escola Pública, ao que parece anda zangado com tudo que tenha o carimbo Estado! É tudo uma questão de um bom estalo de alma...
...parece que foi ontem que subi a encosta ingreme de manto calcáreo. Parece que ainda ouço o clamor do vento que ondulava nos teus cabelos, nesse dia que marcou as nossas vidas como a água que sulca a dureza da pedra que percorremos. Senti-o ontem enquanto passava por aquela porta para outro tempo. Esse tempo que o passado encerra mistérios e que as pedras ainda murmuram, encantos e prosas . Versos que se ouvem na folhagem de um verde que esconde o sol. Pedra sobre pedra erguemos a nossa história que ainda há-de ser!
...outrora moura encantada, que cantaste as rimas que te oferendei, agora rainha de um sonho que ainda o é!...
..doce recordação, que escreveste nas nervuras da primavera algo mais belo e sublime que qualquer canto ou estrofe.
...depois de chegar a casa ainda tive tempo de me deitar sobre o colchão que o sol aquecia ao final da tarde e como vento folheei as páginas do jornal, saltitando de artigo de opinião em crónica de mal estar. Os sorrisos irónicos e a gargalhada semântica tropeçavam a cada linha de pensamento. Por vezes pairava no ar uma falsa sensação de segurança, logo seguida de um renascer de esperança (isto na secção de economês). Resumindo e misturando de novo, quem lê o semanário fica com a nítida sensação que meio mundo anda a dealbar a ideologia de outro tanto. Aliás, parece que afinal de contas descobriram que os nosso partidos ainda bebem algo parecido como a ideologia. Não de forma tão áspera como um alcoólico inveterado,mas por uma questão de sobrevivência aos tempos que se avizinham, alguém resolveu ir à gaveta que o outro uma vez fechou a ideologia que andava por ai moribunda. Isto para quem não está a entender o fio do pavio o que estou a vociferar, deve ser tão pungente como assistir a uma sessão do parlamento, numa daqueles crónicos dias em que os nossos políticos gozam com a nossa cara, e nós cá do lado da barricada, acenamos com o normal "se o tipo fosse mas é à m..."
Pois.
Foi essa mesma sensação que me ficou ao ler o jornal deste fim de semana. Já não digo as inócuas notícias de rodapé que polvilham o os inúmeros sites informativos, que se contradizem na linha seguida, logo para serem cabalmente desmentidas categoricamente, antes do desfecho final.
É.
...fica sempre aquela sensação vazia que algo já não roda neste país mas ninguém descobriu qual o problema mas todos têm a solução milagrosa.
Solução!? pegar na toalha e levar um livro no sovaco para entrar noutra história! Esta [a que vivemos] está gasta e enferrujada.
E assim roda esta história.
Nota editorial: o autor tentou escrever no português corrente, pois o novo que anda ai também roda mal!
...vou ser sincero! sempre acreditei que os nossos navegadores passassem da fase de grupos mas dificilmente acreditava que conseguissemos chegar aos quarto de final.
Comungava com o mago octopus o desejo de ver a Alemanha [a minha crónica 2.ª escolha] campeã, mas fiquei absolutamente rendido com o futebol de nuestros hermanos.
Acerca da nossa selecção, só posso destacar 3 personagens que me fazem acreditar que dentro de dois anos, temos matéria prima para construir algo, do nada: Eduardo (se não atrofiar nesse potento do calcio, o Génova), o Fábio Coentrão (se o deixarem crescer num clube a sério que não o Benfica, ou outro similar cá na pátria!) e oRaúl Meireles (pode ficar no Porto pois com tanta tatuagem dificilmente encontra melhor clube de arruaceiros!). Quanto ao resto dos "craques", fico-me pelas aspas!...e se alguém tiver dúvidas perguntem ao Queiroz!
Em suma, e vuvuzelas aparte, ganhou a melhor equipa [o Barcelona!!] e ainda bem, para o futebol!