11/12/2008

..pax podre

...mais um dia mais um poema. Pergunto-me se vou conseguir preencher este mês com tamanha dose de poesia?


Acontecia. No vento. Na chuva. Acontecia.
Era gente a correr pela música acima.
Uma onda uma festa. Palavras a saltar.

Eram carpas ou mãos. Um soluço uma rima.
Guitarras guitarras. Ou talvez mar.
E acontecia. No vento. Na chuva. Acontecia.

Na tua boca. No teu rosto. No teu corpo acontecia.
No teu ritmo nos teus ritos.
No teu sono nos teus gestos. (Liturgia liturgia).
Nos teus gritos. Nos teus olhos quase aflitos.
E nos silêncios infinitos.
Na tua noite e no teu dia. No teu sol acontecia.

Era um sopro. Era um salmo. (Nostalgia nostalgia).
Todo o tempo num só tempo: andamento de poesia.
Era um susto. Ou sobressalto.
E acontecia. Na cidade lavada pela chuva. Em cada curva acontecia.
E em cada acaso. Como um pouco de água turva
na cidade agitada pelo vento.

Natal Natal (diziam). E acontecia.
Como se fosse na palavra a rosa brava acontecia.
E era Dezembro que floria. Era um vulcão.
E no teu corpo a flor e a lava.
E era na lava a rosa e a palavra.
Todo o tempo num só tempo: nascimento de poesia.


Manuel Alegre

Entretanto na "terra de Maquiavel", a amálgama das reacções vindas do universo educativo [diria mais retrocesso!] está criar um estado misto de indignação entre aqueles que pretendem uma educação democrática e moderna, e aqueles que sustentam as suas pretensões na demagogia e no facilitismo. Digo isto porque aparentemente o clima de pax romana que se instalou nos últimos dias foi quebrado hoje com a marcação de uma nova greve dos professores. Apesar de desconhecer todos os detalhes da proposta apresentada hoje pela Plataforma Sindical [com o sindicalista Mário Nogueira certamente à cabeça ], discordo em absoluta que a avaliação de um professor seja feito exclusivamente por sua iniciativa, de acordo com os seus critérios e tendo em conta um conjunto de objectivos por si propostos. Isto não é avaliação em lado nenhum...apenas na cabeça de uns senhores que se divertem a "defender" os professores a troco de uns tostões retirados do ordenado. Aliás, relativamente ao sindicalismo na educação, acho curioso o porquê de existirem tantos sindicalistas por escola!? Deve ser uma profissão bem mais estimulante do que dar aulas!...Mas voltando à "batata quente"; encontrem-me um professor que seja capaz de se auto infligir com uma classificação menos honrosa do que Bom!? Se por ventura existir algum por aí, dou-lhe desde já os meus parabéns...é mais certo acertar no euromilhões, que por sua vez são de C(50,5)= 46x47x48x49x50/1x2x3x4x5=254251200/120= 2118760 hipóteses para os cinco números, e C(9,2) = 8x9/2=36 hipóteses paras as duas estrelas, do que resulta 36x2118760= 76.275.360 hipóteses em números redondos!

Mas como nem tudo são rosas, e ao contrário do que diria a rainha Santa Isabel, existem ainda algumas batatas podres...e entre elas não posso deixa de evidenciar a posição do Governo: não se entende porque é que este modelo [dadas as incongruências e remendos] não pode ser suspenso desde já, se afinal de contas, para o ano que já vai ser profundamente alterado!? Alterado ok, mas de preferência não da maneira oportunista que está a ser tentada pelos sindicatos que representam a classe. Aliás espanta-me este paradoxo de haver professores que recusam serem avaliados por outros professores!? Não me interessa se são titulares, tintos ou brancos. O principio da qualidade implica que para além da avaliação do seu próprio desempenho, em função de objectivos e metas por si estabelecidos, haja lugar à avaliação externa e avaliação do grupo. Pelo menos devia ser assim, mas mais uma vez os sindicatos optam pela hipótese do regresso ao passado. Será que não entendem que os tempos são outros!?

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