13/12/2008

...advento

Mais uma vez, cá vimos
Festejar o teu novo nascimento,
Nós, que, parece, nos desiludimos
Do teu advento!
Cada vez o teu Reino é menos deste mundo!
Mas vimos, com as mãos cheias dos nossos pomos,
Festejar-te, ─ do fundo
Da miséria que somos.
Os que à chegada
Te vimos esperar com palmas, frutos, hinos,
Somos ─ não uma vez, mas cada ─
Teus assassinos.
À tua mesa nos sentamos:
Teu sangue e corpo é que nos mata a sede e a fome;
Mas por trinta moedas te entregamos;
E por temor, negamos o teu nome.
Sob escárnios e ultrajes,
Ao vulgo te exibimos, que te aclame;
Te rojamos nas lajes;
Te cravejamos numa cruz infame.
Depois, a mesma cruz, a erguemos,
Como um farol de salvação,
Sobre as cidades em que ferve extremos
A nossa corrupção.
Os que em leilão a arrematamos
Como sagrada peça única,
Somos os que jogamos,
Para comércio, a tua túnica.
Tais somos, os que, por costume,
Vimos, mais uma vez,
Aquecer-nos ao lume
Que do teu frio e solidão nos dês.
Como é que ainda tens a infinita paciência
De voltar, ─ e te esqueces
De que a nossa indigência
Recusa Tudo que lhe ofereces?
Mas, se um ano tu deixas de nascer,
Se de vez se nos cala a tua voz,
Se enfim por nós desistes de morrer,
Jesus recém-nascido!, o que será de nós?!

José Régio

12/12/2008

...peace on earth, good-will to men!

I heard the bells on Christmas Day
Their old, familiar carols play,
And wild and sweet
The words repeat
Of peace on earth, good-will to men!

And thought how, as the day had come,
The belfries of all Christendom
Had rolled along
The unbroken song
Of peace on earth, good-will to men!

Till, ringing, singing on its way
The world revolved from night to day,
A voice, a chime,
A chant sublime
Of peace on earth, good-will to men!

Then from each black, accursed mouth
The cannon thundered in the South,
And with the sound
The Carols drowned
Of peace on earth, good-will to men!

And in despair I bowed my head;
‘There is no peace on earth,’ I said;
‘For hate is strong,
And mocks the song
Of peace on earth, good-will to men!’

Then pealed the bells more loud and deep:
‘God is not dead; nor doth he sleep!
The Wrong shall fail,
The Right prevail,
With peace on earth, good-will to men!’

Henry Wadsworth Longfellow

11/12/2008

..pax podre

...mais um dia mais um poema. Pergunto-me se vou conseguir preencher este mês com tamanha dose de poesia?


Acontecia. No vento. Na chuva. Acontecia.
Era gente a correr pela música acima.
Uma onda uma festa. Palavras a saltar.

Eram carpas ou mãos. Um soluço uma rima.
Guitarras guitarras. Ou talvez mar.
E acontecia. No vento. Na chuva. Acontecia.

Na tua boca. No teu rosto. No teu corpo acontecia.
No teu ritmo nos teus ritos.
No teu sono nos teus gestos. (Liturgia liturgia).
Nos teus gritos. Nos teus olhos quase aflitos.
E nos silêncios infinitos.
Na tua noite e no teu dia. No teu sol acontecia.

Era um sopro. Era um salmo. (Nostalgia nostalgia).
Todo o tempo num só tempo: andamento de poesia.
Era um susto. Ou sobressalto.
E acontecia. Na cidade lavada pela chuva. Em cada curva acontecia.
E em cada acaso. Como um pouco de água turva
na cidade agitada pelo vento.

Natal Natal (diziam). E acontecia.
Como se fosse na palavra a rosa brava acontecia.
E era Dezembro que floria. Era um vulcão.
E no teu corpo a flor e a lava.
E era na lava a rosa e a palavra.
Todo o tempo num só tempo: nascimento de poesia.


Manuel Alegre

Entretanto na "terra de Maquiavel", a amálgama das reacções vindas do universo educativo [diria mais retrocesso!] está criar um estado misto de indignação entre aqueles que pretendem uma educação democrática e moderna, e aqueles que sustentam as suas pretensões na demagogia e no facilitismo. Digo isto porque aparentemente o clima de pax romana que se instalou nos últimos dias foi quebrado hoje com a marcação de uma nova greve dos professores. Apesar de desconhecer todos os detalhes da proposta apresentada hoje pela Plataforma Sindical [com o sindicalista Mário Nogueira certamente à cabeça ], discordo em absoluta que a avaliação de um professor seja feito exclusivamente por sua iniciativa, de acordo com os seus critérios e tendo em conta um conjunto de objectivos por si propostos. Isto não é avaliação em lado nenhum...apenas na cabeça de uns senhores que se divertem a "defender" os professores a troco de uns tostões retirados do ordenado. Aliás, relativamente ao sindicalismo na educação, acho curioso o porquê de existirem tantos sindicalistas por escola!? Deve ser uma profissão bem mais estimulante do que dar aulas!...Mas voltando à "batata quente"; encontrem-me um professor que seja capaz de se auto infligir com uma classificação menos honrosa do que Bom!? Se por ventura existir algum por aí, dou-lhe desde já os meus parabéns...é mais certo acertar no euromilhões, que por sua vez são de C(50,5)= 46x47x48x49x50/1x2x3x4x5=254251200/120= 2118760 hipóteses para os cinco números, e C(9,2) = 8x9/2=36 hipóteses paras as duas estrelas, do que resulta 36x2118760= 76.275.360 hipóteses em números redondos!

Mas como nem tudo são rosas, e ao contrário do que diria a rainha Santa Isabel, existem ainda algumas batatas podres...e entre elas não posso deixa de evidenciar a posição do Governo: não se entende porque é que este modelo [dadas as incongruências e remendos] não pode ser suspenso desde já, se afinal de contas, para o ano que já vai ser profundamente alterado!? Alterado ok, mas de preferência não da maneira oportunista que está a ser tentada pelos sindicatos que representam a classe. Aliás espanta-me este paradoxo de haver professores que recusam serem avaliados por outros professores!? Não me interessa se são titulares, tintos ou brancos. O principio da qualidade implica que para além da avaliação do seu próprio desempenho, em função de objectivos e metas por si estabelecidos, haja lugar à avaliação externa e avaliação do grupo. Pelo menos devia ser assim, mas mais uma vez os sindicatos optam pela hipótese do regresso ao passado. Será que não entendem que os tempos são outros!?

10/12/2008

...Direitos Humanos

...sabe sempre bem limpar o pó dos cds natalícios especialmente as cantatas de Bach do Oratório de Natal (Weihnachtsoratorium).

No dia de hoje comemora-se o 60.º Aniversário da Declaração Universal dos Direitos do Homem. É pena que na maioria dos países do Mundo, a Declaração não passe de letra mota. Para os mais distraídos aconselho vivamente uma breve ao site da delegação portuguesa da Amnistia Internacional, talvez aí apreendam que ainda há muito por fazer em matéria de direitos e liberdades!

Percorro o dia, que esmorece

Nas ruas cheias de rumor;

Minha alma vã desaparece

Na minha pressa e pouco amor.

Hoje é Natal. Comprei um anjo,

Dos que anunciam no jornal;

Mas houve um etéreo desarranjo

E o efeito em casa saiu mal.

Valeu-me um príncipe esfarrapado

A quem dão coroas no meio disto,

Um moço doente, desanimado...

Só esse pobre me pareceu Cristo.

Vitorino Nemésio

09/12/2008

...m'espanto às vezes , outras m'avergonho

...eu também tenho confiança plena no presidente do grupo parlamentar do PSD! por isso vou a partir de amanhã vou propôr um acção de melhoria que permita entrada após a hora do almoço à segunda-feira, e saída para o fim-de-semana sexta-feira após a hora do almoço que passa a ser ao meio dia!Há que fazer sacrifícios em prol da competitividade e produtividade. E digo mais os fins de semana deviam ser abolidos pois são uma maçada!
A Conferência Episcopal Portuguesa afirmou hoje em nota para a imprensa que o MEducação tem problemas de audição! O Governo já requisitou os serviços de oftalmologia do Hospital Egas Moniz para um exame de rotina.

Começou a greve dos "técnicos de sanidade pública" da Câmara Municipal de Lisboa. O leitmotiv parece ser um estudo que a edilidade encomendou para privatizar os serviços de recolha do lixo e limpeza em duas freguesias da cidade...para quem viveu 79% da sua vida nos Olivais, e que todos os fins de semanas lá vai pairar, tenho a informar que pelo menos ali, o trabalho dos trabalhadores da câmara é no mínimo meritório, e só não fazem mais porque a câmara não têm dinheiro para mais, por isso não compreendo como é que agora vai surgir dinheiro para pagar a uma empresa privada!? A não ser que o Zé consiga explicar com a ajuda do Vitalino Canas (esta é uma private joke para quem acompanha o folhetim BE vs. Zé Fernandes)


..eis que chegou a recessão! foi confrangedor ver o nosso MFinanças com cara de "não fui eu!" a informar a Nação que a nossa economia está à beira da recessão técnica. Também gostei de ver o nosso super bem pago Governador do Banco de Portugal [o mesmo banco que de uma maneira ignóbil e arrogante afirmou que o subsídio de desemprego era generoso] perante a questão de ser um dos mais bem pagos governadores de bancos centrais, que por ele baixava o ordenado. Sr. Governador aqui vai um link para aliviar a sua generosidade momentânea:


€€€€€ CARREGUE AQUI €€€€€


...M'ESPANTO ÀS VEZES , OUTRAS M'AVERGONHO ...(Sá de Miranda)

...o pequeno ardina

[A um pequenito, vendedor de jornais]

Bairro elegante, – e que miséria!
Roto e faminto, à luz sidéria,
O pequenito adormeceu…

Morto de frio e de cansaço,
As mãos no seio, erguido o braço
Sobre os jornais, que não vendeu.

A noite é fria; a geada cresta;
Em cada lar, sinais de festa!
E o pobrezinho não tem lar…

Todas as portas já cerradas!
Ó almas puras, bem formadas,
Vede as estrelas a chorar!

Morto de frio e de cansaço,
As mãos no seio, erguido o braço
Sobre os jornais, que não vendeu,

Em plena rua, que miséria!
Roto e faminto, à luz sidéria,
O pequenito adormeceu…

Em torno dele – ó dor sagrada!
Ao ver um círculo sem geada
Na sua morna exalação,

Pensei se o frio descaroável
Do pequenino miserável
Teria mágoa e compaixão…

Sonha talvez, pobre inocente!
Ao frio, à neve, ao luar mordente,
Com o presépio de Belém…

Do céu azul, às horas mortas,
Nossa Senhora abriu-lhe as portas
E aos orfãozinhos sem ninguém…

E todo o céu se lhe apresenta
Numa grande Árvore que ostenta
Coisas dum vívido esplendor,

Onde Jesus, o Deus Menino,
Ao som dum cântico divino,
Colhe as estrelas do Senhor…

E o pequenito extasiado,
Naquele sonho iluminado
De tantas coisas imortais,

– No céu azul, pobre criança!
Pensa talvez, cheio de esp’rança,
Vender melhor os seus jornais…


António Feijó

08/12/2008

...lux

...sabe bem acordar com a luz do sol para variar!...hoje decidi ir ao baú das velharias e descobri estes dois magos da guitarra! aqui na sala hoje é dia de Eric Clapton. E que dia de sol que está hoje!!...entretanto, ontem aproveitei a oportunidade e fui dar uma volta ao quarteirão na Lisboa iluminada. Estava a choviscar, mas as cores e o brilho cintilante das luzes eram razão suficiente para aderir ao espírito natalício!...a árvore que está no alto do Parque Eduardo VII era sem dúvida o local mais concorrido. A noite estava fria, mas estava feliz.

05/12/2008

...trancado!

...eu raramente levo o carro, porque sem dúvida nenhuma andar de transportes públicos em Lx é a única decisão consciente, mas geralmente no mês de Dezembro mercê dos invariáveis compromissos, sou obrigado a abandonar as viagens pela minha terra ao som da locomotiva com vista para o mar! Para além do trânsito caótico que se desenrola no teatro do caos, se há coisa que me deixa fora do sério, é sair tarde e ainda por cima ver a minha velha carroça bloqueada por uma qualquer senhora incauta que resolveu fazer compras e não teve para se chatear em empacotar o seu reluzente popó no parque de estacionamento do [nosso] centro comercial! Isso sim é motivo para me deixar a arder! Valha-nos a deusa mostarda! Para essa e outras adoráveis senhoras... POUPEM-ME!

PCTP/MRPP: ...não é machismo, mas invariavelmente são sempre Elas!

04/12/2008

...4 de Dezembro


..à 28 anos uma parte de uma sonho chamado Liberdade morreu num atentado
que ainda nos envergonha!
"Cabe-nos cada vez mais dinamizar as pessoas para viverem a sua liberdade
própria, para executarem o seu trabalho pessoal, para agirem concretamente na
abolição das desigualdades. Para isso mais importante que a doutrinação, é levar
as pessoas a pensarem, a criticarem, a discernirem
"

Francisco Sá Carneiro

03/12/2008

...política caseira


...e o tema de capa hoje só podia ser a greve nacional dos professores. A eles o meu sincero agradecimento porque hoje não havia trânsito na A5. Amanhã certamente será diferente.



...voltando à querida Odete, não contive o meu riso à pedaço em plena SIC Notícas, fez uma análise anti-burguesa de grande efeito retratando a "tromba" da ministra da educação - dixit . O coitado do Mário Crespo ficou de tal forma perplexo, que se esqueceu por completo do alinhamento dos temas!...volta Odete, estás aperdoada!


...outro comentário que fica nos anais e prefácios da história foi a crítica do Mário Alegre ao facto de existirem disponíveis milhões para salvar os negócios ruinosos do BPN e BPP, mas não haver tostões para adquirir o espólio do maior poeta português de sempre- Fernando Pessoa. É isto governar!?


...aliás como o próprio professor Marcelo R Sousa referiu, não se cansa de avisar os seus alunos para a importância de ter um profissão, uma carreira, antes de irem para a política! Isto porquê? Para depois quando saírem da política voltarem novamente e não andarem aí a brincar aos banqueiros e jogar no casino!...mas felizmente, ou infelizmente neste país quem rouba e/ou esbanja milhões tem sempre um padrinho em lugar destacado, sempre preparado para dar uma mãozinha. Assim fossem os bancos que penhoram as casas das famílias em apuros, ou alguém que olhasse para todas as famílias que, cada vez mais, dependem do Banco Alimentar Contra a Fome. É esta a justiça!?

Neste sábado, vou entregar dois cabazes de Natal que certamente vão alegrar um pouco mais, duas das várias famílias que dependem da ajuda da paróquia a que pertenço. É um pequeno gesto, mas que nesta quadra tem sempre um significado especial...se cada um de nós der algo sem pedir nada em retorno, talvez neste Natal existam mais alguns sorrisos! Da parte do Governo, donativos e ajudas extraordinárias só mesmo para a indústria automóvel!É esta a solidariedade!?

Respostas só a partir da primeira semana quando forem divulgados os primeiros aumentos do ano!

02/12/2008

..ecos do Campo Pequeno

...é o que dá ouvir a M80 (passe a publicidade)! nesta altura andava eu com os livros e os cadernos debaixo do braço, todo alegre e contente! vestido de preto como é óbvio , botas e muita fúria e energia próprias da juventude. O mundo estava na palma da mão...ainda não pagava impostos!

Como o camarada Jerónimo Sousa disse este fim de semana, "a nossa participação no poder será quando o povo português quiser e, quando o for, será sempre com base numa política de verdade". O sonho comanda a vida camarada e ainda bem...pois sonhar faz crescer, para alguns voar certamente!

Reti antes as metáforas da querida Odete Santos, tão eleoquente quanto certeira na sua prosa. Sempre a bela rosa que crava os espinhos na ferida que se mantém aberta!...mais de resto, o congresso do PCP não passou do plebiscito da unanimidade, fechado na "Capela Sistina" onde, dizem, os delegados exerceram livremente e sem pressões nem constrangimentos, o voto secreto imposto pela Lei dos Partidos Políticos. Tão secreto que só os ilustres foram convidados a carregar no botão. Como se o acto de carregar fosse equiparado à Assembleia de voto fechada e estanque aos olhares mais atentos.

É esta a democracia com base na verdade? Certamente é bem mais democrática do que as negociatas de bastidores, as chamadas telefónicas e os recados de última hora que caracterizam muitos dos partidos ditos democráticos. Qual destes exmplos será pior. O acordo de corredor, ou o voto secreto na sacristia vermelha?

Quanto ao resto, o mesmo de sempre...a luta de classes, as alusões ao capital, etc. os esqueletos de sempre do armário estalinista!

poemas nunca feitos…

Num impudor de estátua ou de vencida,
coxas abertas, sem defesa… nua
ante a minha vigília, a noite, e a lua,
ela, agora, descansa, adormecida.

Dos seus mamilos roxo-azuis, em ferida,
meu olhar desce aonde o sexo estua.
Choro… e porquê? Meu sonho, irreal, flutua
sobre funduras e confins da vida.

Minhas lágrimas caem-lhe nos peitos…
enquanto o luar a numba, inerte,
gastada ternura feroz do meu amplexo.

Cantam-me as veias poemas nunca feitos…
e eu pouso a boca, religiosa e casta,
sobre a flor esmagada do seu sexo.

José Régio

01/12/2008

...permisso

...nem sei por onde começar, mas não me sai da memória aquele cozinheiro com o longo chapéu branco imaculado a olhar em redor e tirar uma batata frita da minha travessa de grelhada mista ontem à noite em Elvas!...que aliás estava deliciosamente bem guarnecida!...o mesmo se aplicando ao magnífico vinho que pouco tempo teve para repousar no decantador. Os taninos depressa foram estimulados pelo meu paladar!...aliás o fim de semana em termos gastronómicos, foi ímpar na diversidade e na orgia de sabores. teve uma pequena introdução no magnífico Vinho & Noz em Évora, continuou pelos recantos de Elvas, Juromenha e teve o seu epílogo num pacato recanto de Alcochete... Na memória, ficam as paisagens do rio grande do Sul, dos cantares alentejanos, da simpatia do vinho e ... o preço dos combustíveis em terras de nuestros hermanos. Sim porque de resto, tudo em Espanha está nos antípodas do barato ou acessível. Agora já entendi porque é que por onde entrava para almoçar ou jantar cá na depauperada pátria, só encontrava "chicas e chicos". Por lá, os predicados ficam-se pelo presunto e pelos enchidos e pouco mais!...cá come-se, lá petisca-se!

Aqui ficam alguma notas soltas do fim de semana - CLICAR


PS: sabe melhor caminhar pelas ruelas geladas ao som dos cantares alentejanos inebriados pelo divino Baco, do que as gritarias estridentes das chicas!...viva a Restauração!!

28/11/2008

...ecce fim de semana

...ei-lo finalmente, o primeiro fim de semana de Dezembro! E com ele o frenesim das compras de Natal, em plena crise económica, é certo, mas as estimativas dos analistas apontam para que seja um Natal farto em matéria de vendas, ainda que uma leitura mais atenta da primeira página do DN de hoje desminta categoricamente esse raciocínio. Da lavra, posso desde já avançar que da minha short-list, ainda só atendi um cliente, por agora!...entretanto do outro lado do mar, acabou a caça ao perú - Thanksgiving Day-aqui por estas bandas deve estar a iniciar-se o safari do bacalhau. O fiel amigo, que por esses mares frios do Norte escasseia a cada ano, até um dia se transformar numa miragem ou uma recordação da tradicional Ceia de Natal....mas por falar em culinária, nada melhor do que os conselhos de quem disso faz fé e entendimento...
...bom fim de semana, e algumas compras!

PS: ..ainda temos Ministra da Educação!?

23/11/2008

..por detrás do bigode

...depois de ler e reler as últimas novidades e peripécias relacionadas com o caso BPN, lembrei-me de um sketch já com alguns milhares de anos...sem dúvida que este caso, de uma aparente maçã podre, começa a tomar proporções gigantescas de tal forma que pode começar a ser o princípio do fim de um determinado PSD que já à muito devia ter sido arredado da vida política. Como diria o PPereira "na política não se enriquece", mas a tentação do poder permanece viva! Tão ou mais importante é que este processo não cai no esquecimento nem que o banqueiro agora preso não se torne um Bibi da banca nacional...a fraude e a corrupção certamente escondem mais "bigodes"!

22/11/2008

....a idade de Ouro

...escrevo estas palavras na incerteza de saber quem mais mente no caso BPN..e ao som da nossa voluptuosa animadora matinal...a Lucy!
...o caso BPN trás à memória alguns episódios recentes de um ex-presidente do Benfica que um dia acordou, olhou para o iate e resolveu e tomar tea & milk num bairro luxuoso londrino. Isto tudo a expensas da sua esposa, essa sim possuidora de uma fortuna considerável. No caso em apreço, o nosso humilde banqueiro, certamente ciente dos males que poderiam advir das investigações em curso ( Operação Furacão) supostamente, também delegou competências na sua ex-mulher, a qual ficou com a guarda do singelo pé de meia da dita personagem. Certo, é mesmo uns quantos trocos que desapareceram na contabilidade artística do banco. Mas esta história já vem sendo narrada desde o século XVIII. Nessa altura as nossa armada transportava o ouro e especiarias dos orientes e do Brasil...cujo destino não poucas vezes, os cofres dos banqueiros holandeses e ingleses, entre outras negociatas camufladas. Pouco chegava a repousar no Tesouro régio. Por cá a miséria misturava-se com um pouco com universo barroco, profundamente ostentatório e dinamizador do poder. Era o apogeu da glorificação do absolutismo monárquico, em sintonia com o paradigma do modelo francês. No meio de tanto fausto, soçobraram as virtudes da humildade e da caridade, mas em contrapartida floresceu a arte e a ciência.
No Portugal político que se vive hoje não há lugar para encómios, nem gratificações, nem tão pouco a riqueza intelectual progride. A decadência de alguma classe financeira, e a falta de tino de alguma classe política é o espelho da heteróclise da nossa sociedade actual. De um lado, cavernícolas que vivem o dia-a-dia sob o manto da cegueira, do outro prima donas cujo estatuto lhes permite esvoaçar acima da lei sem que nada nem ninguém lhes faça frente. No meio, a massa crítica de trovadores que cantam Idos de Março vaticinam os males da sociedade, sem que ninguém os oiça com olhos de ver. Agora de repente, saídos das suas covas, esses passeriformes pedem momentos de audiência e directos para apresentar laudos de desculpas e clamar inocência de tudo aquilo que lhes passou por debaixo do bigode, mas cuja cegueira não lhes permitiu sentir o fino trago da putrefacção.


Curiosamente, e contra todas as expectativas o poder instituído foi o primeiro a inviabilizar as necessárias auscultações aos implicados!...a verdade por vezes é mais cortante que a face do diamante! E neste caso, jóias é coisa que não falta no palanque dos réus!


Outro facto que merece a mais profunda introspecção são os silêncios da "líder" da oposição sobre esta e outras matérias. Aliás eu vou mais longe: no tempo em que apenas expressava rugas de expressão, falava mais do que agora. Sem dúvida que a melhor forma de aplicar reformas neste país só mesmo interrompendo a democracia...mas questiono-me. Quando é que até ao dia 24 de Abril de 1974 houve realmente reformas!?
Depois disso, já. Muitas, demasiadas, algumas desnecessárias outras prementes que tão cedo não se vislumbram, quiçá pelo facto de este [tal como muitos outras "ditaduras" democráticas] ser palco de lutas constantes entre classes profissionais antagonista e existir corporativismo para dar e vender[é curiosa esta referência muito comum nos nossos políticos já que foi um sistema nascido e criado na Itália fascista]. Veja-se a actual reforma [versão x.12.a a anterior tinha um bug!?] na educação: com esta ministra ou sem ela se a reforma for desvirtuada do seu desiderato, face à contestação da classe e dos sindicatos que a representam, teremos mais um longo perído de impossibilidade de reformas no sector educativo e a manutenção do stato quo ante...alguém ainda se lembra das reformas preconizadas pela ex-ministra Leonor Beleza!? mas sabem o que lhe aconteceu quando tentou modificar o rumo!?...e o que aconteceu com o ex-ministro da Saúde Correia de Campos!? Mal ou bem...saíram de cena e quase tudo ou pouco ficou como dantes, ou seja na "mesma como a lesma". Não que as reformas não se possam discutir, não que seja impossível limar esta ou aquela aresta, mas no caso concreto ainda não se vislumbrou quais são as reais pretensões que levam os professores a não querer serem avaliados quando aparentemente nunca o foram em boa acepção da palavra.

Um coisa é cert:nenhuma classe profissional troca o incerto de uma avaliação pela segurança de uma progressão garantida!

Mas o que eu queria falar, mesmo era da líder da oposição

O que se passa no PSD, é uma espécie de ratoeira em que cada palavra que a líder transpira é um pedaço de queijo que atrai os ratos que esperam ansiosamente pelo momento de dar a bicada fatal. Curiosamente, por mais tropeções e discursos tristes, sombrio, sincopados, esterilmente incoerentes, não posso deixar de lamentar que a tese do silêncio é bem mais acertada do que culpar os jornalistas por aparecer no penúltimo lugar do noticiário, ou a argumentação relativamente a cabo-verdianos e ucranianos. Esta última tirada ainda que retirada do contexto das suas palavras, foi mais uma lufada de ar fresco no passeio que o nosso PM está a fazer por entre os destroços deste PSD à deriva. Será que descontando os ex-Ministros e Secretários de Estado que já passaram pelo BPN não há ninguém que tenha um pingo de lucidez para constituir uma alternativa!?

É caso para dizer Iluminado procura-se!

Foi consumado na difícil arte de Reinar, pois não
derramando o sangue dos Vassalos, antes fazendo benefício aos mesmos, que lhe
eram ingratos, soube fazer-se igualmente amado, que temido, porque melhor que
seus Antecessores conheceu as prerrogativas do Trono, para ser Pai benéfico e
Soberano respeitado. Foi mais generoso que todos os reis que o precederam,
excedendo a todos os seus Coroados Ascendentes nesta virtude [..]

Ele foi [...] o verdadeiro Restaurador, Protector e
Conservador das Letras e dos Sábios [...]


D. João V
visto por INÁCIO BARBOSA MACHADO (1750)

19/11/2008

...em busca de tempo

...estes últimos dias têm sido um corropio de reuniões, trabalho e pouco tempo para estar sentado a olhar para o prato com o ovo estrelado! Não que a ementa não se recomende, mas as palavras também não têm fluido com a mesma naturalidade da clara do ovo...por isso aqui fica um pedaço de bom gosto, e bom apetite.

Se tanto me dói que as coisas passem
Se tanto me dói que as coisas passem
É porque cada instante em mim foi vivo
Na busca de um bem definitivo

Em que as coisas de Amor se eternizassem


Sophia de Mello Breyner Andresen

12/11/2008

...parabéns M & P

... se existe momento mais marcante na vida de um Pai, esse momento é mesmo o nascimento de um filho. A partir daqui nada será como dantes...e por momentos, voltamos a recordar o que fomos!

parabéns Marta & Pedro!!

PS: ...parece difícil à partida, mas basta seguir o livro de instruções que vem incluído!

...berrante mais berrante não há

...foi mesmo tom mais berrante que encontrei, mas dada a quadra que se respira nas ruas, o vermelho parece uma cor politicamente aceitável, ainda que à primeira e última olhadela, seja um pouco ou nada...cheap & tacky!

...para o próximo fim de semana, se areia não fugir da ampulheta, espero redigir a minha proposta reivindicativo para o BPN (Banco do Pai Natal). Ele que não espere comentários simpáticos da minha parte e da parte dos 120 mil professores que estiveram no passado fim-de-semana aqui na kapital! Vai ter luta. E bem se pode escudar por detrás dos argumentos monocórdicos do Governador do Banco de Portugal, porque tal como os dignitários do nosso Parlamento, eu não me importo de estar acordado até às três da manhã, para ouvir o rosário de desculpas mal amanhadas. O ano passado, fui benevolente. Este ano, vou actuar como o Paulo Bento. Não dá o litro? não quer jogar pela lateral? fica no ginásio e pode ir tomar banho mais cedo. Agora é assim , e os reitores incompetentes e mau gestores que não sabem que 2 euros dá para comprar o papel higiénico, pagar a conta da luz, e contratar um docente sem experiência em substituição de um doutorado com provas dadas, é despedido. Agora é assim. E se começar a levantar muita poeira, faz-se como na Madeira, lança-se uma Portaria e leva coma classificação "Mau de mais". Mas quem tem razão é mesmo o sr. Procurador não sei de quem, já não acredito em prazos e nem gosto de ser filmado mesmo quando estou a "brincar" com os meus adjuntos. No final, mesmo antes dos Reis Magos verem os seus camelos agrilhoados pela EMEL por estacionamento abusivo, espero que o Menino me traga o Magalhães que tanto anseio e por fim serei feliz como os aposentados da função pública que passam a descontar 14 meses para a ADSE, tal como um dia o nosso ministro das Finanças - esse verdadeiro profeta do infortúnio - profetizou que "a situação seria corrigida".


E não é que o berrante nos fica bem a todos?


07/11/2008

...simples notas

...esta semana tem sido uma roda viva, depois da Moura encantada, das terras em redor do Grande Lago, e de Mourão, rumo ao norte em direcção à Cidade dos estudantes!...espero ansiosamente a hora de largar a âncora! e por fim, saborear umas quantas notas musicais!

05/11/2008

...moura encantada

...souberam bem estes dois dias por terras de Moura! É sempre bom respirar a poesia no ar, em cada canto e em cada rua estreita dessa vila, e o encanto do falar das gentes da raia.

...na memória, os olivais da Herdade dos Machados a perder de vista, a paisagem do alto da Atalaia Magra, a pega-azul, o reflexo do azul do céu no rio Ardila, e como não podia deixar de ser o bom vinho da terra.

No roteiro gastronómico, a Adega Velha em Mourão, com as suas talhas típicas, os bancos corridos e a arte da nossa cozinheira anfitriã. No prato três notas muito agradáveis: o cozido de grão, a feijoada e a sopa da panela, bem regados com o vinho da Granja e o divino pão alentejano. Para adoçar o gosto, o manjar e a encharcada acompanhados de um café e dois dedos de conversa.

Na volta, o desejo de voltar tão depressa quanto possível...mesmo que seja em trabalho! Sexta-feira espera-nos um saltinho a Pax Julia.

02/11/2008

...Viva Keynes

...estava a colocar a primeira garfada do meu almoço dominical (perna de peru assada no forno com tâmaras...delicious!) na boca quando o nosso ministro das bolsas apresentou o pacote de medidas extraordinárias para tentar salvar o que resta da nossa economia. As duas primeiras medidas eram necessárias e constituíam o exemplo claro da falta de dignidade que o Estado demonstra para com os agentes económicos [foi pena não ter referido as alterações abusivas relativamente ao pagamento do IVA pelas empresas]. A última medida não constitui surpresa para quem desde o último ano acompanha os pequenos recortes de jornais e notícias disfarçadas acerca da verdadeira situação do BPN. A palavra mágica nacionalização certamente agradará a muitos, mas resta saber quem vai pagar os negócios duvidosos e o que vai suceder aos actuais órgãos de gestão desse banco!
Lá nos EUA como cá na Lusitânia horta, começou o princípio do laissez-faire- fim do capitalismo selvagem.
Tal como Keynes previu, dada a ineficiência do poder auto-regulador do sistema económico, cabe ao Estado intervir. Honras sejam feitas a quem tem a coragem de estancar os erros de uns quantos...inteligentes!

...mas uma pergunta permanece no limbo: se a auditoria à cerca de um ano, detectou irregularidades graves e negócios pouco transparentes, porque é que o Banco de Portugal nada fez?

01/11/2008

..cemitério dos livros esquecidos

...não se trata de uma utilização abusiva do último livro do catalão Carlos Ruiz Zafón, mas antes um apelo a todos aqueles que ainda nutrem pelo livro um especial afecto. Com a época natalícia à porta, avolumam-se as campanhas de intoxicação e lavagem cerebral dirigidas aos nossos pequeneninos inocentes. No Expresso de hoje, fiquei surpreendido com o volume de bonecada que o El Corte Inglés presenteia.

Habituado que estava ao vulgar folheto com 10/12 páginas, não estava à espera um volume XXL. Espero que o Continente não envrede pela mesma batuta, caso contrário terei que reservar uma prateleira especial só para arrumar o novo e o velho testamento dos brinquedos de Natal.

Em vez de brinquedos, alguns deles como duvidosa qualidade educativa e comprovada inutilidade (são agradáveis ao toque até um máximo de duas semanas, depois caiem no canto mais esquecido do quarto) talvez fosse mais interessante que as catedrais de consumismo selvagem, dessem um pouco mais de relevo à literatura infanto juvenil, sobretudo num país como o nosso, onde abundam nomes sonantes e obras de elevada qualidade.

É claro que isto não passa de uma ideia utópica, mas é destes pequenos caprichos que este nosso mundo necessita. Qual é o interesse em oferecer Action Mans, Gormitis, Winx & afins quando há 364 dias no ano para gastar o plafond o cartão de crédito com juros, ou aproveitar a concessão de facilidades de pagamento (sem juros!?).

Um livro por sua vez, desperta a curiosidade, transporta-nos para o cerne da história, fomenta a imaginação e não há memória de quem tenha tido qualquer acidente caseiro com um livro, nem que um livro tenha ficado sem uma peça. Depois de lido, arruma-se no "cemitério dos livros esquecidos", mas tenho a certeza que cada vez que pegarmos num para lhe aliviar limpar do pó e das traças, aindo nos lembramos da história!...o mesmo não se poderá dizer de uma Barbie, que muitas das vezes está com os cabelos despenteados e nua!

Moral da história: talvez fosse culturalmente mais aceitável que pelos menos um livro chegue às mãos de uma criança. As fábricas de Taiwan e da China certamente não vão ficar efusivas com a atitude, mas os escritores e poetas do nosso país agradecem.
...não custa nada e faz bem ao ego! ofereça um livro!




31/10/2008

felix dia das bruxas

...o dia das bruxas é desde à muitos anos sinónimo de fantasia e mistério. Este ano o mistério foi mesmo jantar com dois vampiros, a fantasi será acordar amanhã com bandos de putos a pedir o pão por Deus!...o resto são abóboras

30/10/2008

...Luna

..vem mesmo a propósito dado que, daqui a umas horas se celebra um pouco por todo o mundo, a noite da bruxas ou a noite das bruxas, ou noitadas de feitiçarias...cá no nosso país- Halloween para os amigos!

Para condimentar melhor a noite nada melhor do que uma aromática Luna...

...um grande abraço para o meu amigo Ricardo Amorim e que a digressão pelos States esteja a ser memorável!

29/10/2008

...little girls dreams

...pouco passava das 8 da manhã quando entrei no hall do centro comercial, o cheiro a café e torradas despertou o meu apetite mas o que despertou mesmo a minha atenção, foram as decorações natalícias, a imponente árvore de Natal no centro da área da restauração e a as luzinhas, estrelinhas que cobrem o tecto.

Olhei para o telemóvel para verificar se me tinha enganado no sono , mas não! 29 de Outubro.

Por acaso o Natal já começa em Outubro? Nos meus tempos áureos, começava algures em Dezembro...mas em Outubro?! confesso que fico cada vez mais baralhado com tudo isto. Eu já andava a suspeitar com a minha caixa de correio atafulhada de promoções e enfeites natalícios, e que a publicidade logo pela manhã já começa a tradicional lavagem cerebral com os reclames de brinquedos...mas, estamos em Outubro!!!

28/10/2008

...o bufo

...e começou a caça aos bufos na Administração Pública. Depois dos telefonemas do nosso PM a tirar esforços com os directores dos semanários, dos recados para este ou para aquele que se insurge contra a marcha da governação, como se já não bastasse a insistência da Assembleia da Républica (como alto paitrocínio da maioria governamental e da conivência oportunista de alguns partidos da oposição com receio de eventuais represálias em altura de processo eleitoral no território) acerca o Estatuto Político Administrativo dos Açores, chega-nos agora a invasão da privacidade dos email dos funcionários das Finanças numa tentativa ao melhor estilo Estado Novo, para tentar descortinar e trazer à barra da justiça o(s) bufo(s) que andam por aí a colocar armadilhas a torto e a direito. Que o diga o Jumento, o mais recente bode expiatório da blogosfera.

Diz o ditado que quem rouba um ladrão tem 100 anos de perdão...será que quem bufa o bufo que bufou tem igualmente a mesma sentença divina?

Relativamente ao Estatuto dos Açores, e como disse o ilustre Ricardo Costa (que diga-se em abono teria certamente um brilhante futuro político se se atrevesse!!) e passo a citar, "o que está em causa não é o estatuto, pouco relevante para a política nacional, mas sim os poderes presidenciais. E nesses poderes nunca se deve mexer."

O nosso desGoverno, obcecado pelos henredos palacianos e ciente do desastre que se começa a propagar na nosso economia, tenta-nos agora distrair com este verdadeiro número de circo cujos contornos só podem querer dizer uma coisa: teimosia.

É a máxima do quero posso e mando na sua plenitude. O que se seguirá agora? uma nova versão numa pendrive, estripada de alguns artigos polémicos, ou uma manobra de magia encapotada tipo "financiamento dos partidos políticos" (que foi habilmente desmascarada e que ainda hoje motiva alguma raiva contida ao nosso PM).

É caso para dizer, quem terá sido o bufo que introduziu à socapa as alterações inócuas da proposta de Lei do Orçamento!? terá sido culpa do bufo ou terá sido a pen?

26/10/2008

...carta de uma mãe preocupada

Não posso deixar de divulgar neste apeadeiro, um aviso à navegação que fui conhecer ao hoje ao blog da minha caríssima e-bloguista Ana.
Sr. Engº José Sócrates,
Antes de mais, peço desculpa por não o tratar por Excelência nem por Primeiro-Ministro, mas, para ser franca, tenho muitas dúvidas quanto ao facto de o senhor ser excelente e, de resto, o cargo de primeiro-ministro parece-me, neste momento, muito pouco dignificado.Também queria avisá-lo de antemão que esta carta vai ser longa, mas penso que não haverá problema para si, já que você é do tempo em que o ensino do Português exigia grandes e profundas leituras. Ainda pensei em escrever tudo por tópicos e com abreviaturas, mas julgo que lhe faz bem recordar o prazer de ler um texto bem escrito, com princípio, meio e fim, e que, quiçá, o faça reflectir (passe a falta de modéstia).Gostaria de começar por lhe falar do 'Magalhães'. Não sobre os erros ortográficos, porque a respeito disso já o seu assessor deve ter recebido um e-mail meu. Queria falar-lhe da gratuitidade, da inconsequência, da precipitação e da leviandade com que o senhor engenheiro anunciou e pôs em prática o projecto a que chama de e-escolinha.O senhor fala em Plano Tecnológico e, de facto, eu tenho visto a tecnologia, mas ainda não vi plano nenhum. Senão, vejamos a cronologia dos factos associados ao projecto 'Magalhães':No princípio do mês de Agosto, o senhor engenheiro apareceu na televisão a anunciar o projecto e-escolinhas e a sua ferramenta: o portátil Magalhães.. No dia 18 de Setembro (quinta-feira) ao fim do dia, o meu filho traz na mochila um papel dirigido aos encarregados de educação, com apenas quatro linhas de texto informando que o 'Magalhães' é um projecto do Governo e que, dependendo do escalão de IRS, o seu custo pode variar entre os zero e os 50 euros. Mais nada! Seguia-se um formulário com espaço para dados como nome do aluno, nome do encarregado de educação, escola, concelho, etc. e, por fim, a oportunidade de assinalar, com uma cruzinha, se pretendemos ou não adquirir o 'Magalhães'.. No dia 22 de Setembro (segunda-feira), ao fim do dia, o meu filho traz um novo papel, desta vez uma extensa carta a anunciar a visita, no dia seguinte, do primeiro-ministro para entregar os primeiros 'Magalhães' na EB1 Padre Manuel de Castro. Novamente uma explicação respeitante aos escalões do IRS e ao custo dos portáteis.. No dia 23 de Setembro (terça-feira), o meu filho não traz mais papéis, traz um 'Magalhães' debaixo do braço.Ora, como é fácil de ver, tudo aconteceu num espaço de três dias úteis em que as famílias não tiveram oportunidade de obter esclarecimentos sobre a futura utilização e utilidade do 'Magalhães'. Às perguntas que colocámos à professora sobre o assunto, ela não soube responder. Reunião de esclarecimento, nunca houve nenhuma.Portanto, explique-me, senhor engenheiro: o que é que o seu Governo pensou para o 'Magalhães'? Que planos tem para o integrar nas aulas? Como vai articular o seu uso com as matérias leccionadas? Sabe, é que 50 euros talvez seja pouco para se gastar numa ferramenta de trabalho, mas, decididamente, e na minha opinião, é demasiado para se gastar num brinquedo. Por favor, senhor engenheiro, não me obrigue a concluir que acabei de pagar por uma inutilidade, um capricho seu, uma manobra de campanha eleitoral, um espectáculo de fogo-de-artifício do qual só sobra fumo e o fedor intoxicante da pólvora.Seja honesto com os portugueses e admita que não tem plano nenhum. Admita que fez tudo tão à pressa que nem teve tempo de esclarecer as escolas e os professores. E não venha agora dizer-me que cabe aos pais aproveitarem esta maravilhosa oportunidade que o Governo lhes deu e ensinarem os filhos a lidar com as novas tecnologias. O seu projecto chama-se e-escolinha, não se chama e-familiazinha! Faça-lhe jus! Ponha a sua equipa a trabalhar, mexa-se, credibilize as suasiniciativas!Uma coisa curiosa, senhor engenheiro, é que tudo parece conspirar a seu favor nesta sua lamentável obra de empobrecimento do ensino assente em medidas gratuitas.Há dias arrisquei-me a ver um episódio completo da série Morangos com Açúcar. Por coincidência, apanhei precisamente o primeiro episódio da nova série que significa, na ficção, o primeiro dia de aulas daquela miudagem. Ora, nesse primeiro dia de aulas, os alunos conheceram a sua professora de matemática e o seu professor de português. As imagens sucediam-se alternando a aula de apresentação de matemática por contraposição à de português. Enquanto a professora de matemática escrevia do quadro os pressupostos da sua metodologia - disciplina, rigor e trabalho - o professor de português escrevia no quadro os pressupostos da sua - emoção, entrega e trabalho. Ora, o que me faz espécie, senhor engenheiro, é que a personagem da professora de matemática é maldosa, agressiva e antiquada, enquanto que o professor de português é um tipo moderno e bué de fixe. Então, de acordo com os princípios do raciocínio lógico, se a professora de matemática é maldosa e agressiva e os seus pressupostos são disciplina e rigor, então a disciplina e o rigor são coisas negativas. Por outro lado, se o professor de português é bué de fixe, então os pressupostos da emoção e da entrega são perfeitos. E de facto era o que se via. Enquanto que na aula de matemática os alunos bufavam, entediados, na aula de português sorriam, entusiasmados.Disciplina e rigor aparecem, assim, como conceitos inconciliáveis com emoção e entrega, e isto é a maior barbaridade que eu já vi na minha vida. Digo-o eu, senhor engenheiro, que tenho uma profissão que vive das emoções, mas onde o rigor é 'obstinado', como dizem os poetas. Eu já percebi que o ensino dos dias de hoje não sabe conciliar estes dois lados do trabalho. E, não o sabendo, optou por deixar de lado a disciplina e o rigor. Os professores são obrigados a acreditar que para se fazer um texto criativo não se pode estar preocupado com os erros ortográficos. E que para se saber fazer uma operação aritmética não se pode estar preocupado com a exactidão do seu resultado. Era o que faltava, senhor engenheiro!Agora é o momento em que o senhor engenheiro diz de si para si: mas esta mulher é um Velho do Restelo, que não percebe que os tempos mudaram e que o ensino tem que se adaptar a essas mudanças? Percebo, senhor engenheiro. Então não percebo? Mas acontece que o que o senhor engenheiro está a fazer não é adaptar o ensino às mudanças, você está a esvaziá-lo de sentido e de propósitos. Adaptar o ensino seria afinaras metodologias por forma a torná-las mais cativantes aos olhos de uma geração inquieta e voltada para o imediato. Mas nunca diminuir, nunca desvalorizar, nunca reduzir ao básico, nunca baixar a bitola até ao nível da mediocridade.Mas, por falar em Velho do Restelo...... Li, há dias, numa entrevista com uma professora de Literatura Portuguesa, que o episódio do Velho do Restelo foi excluído do estudo d'Os Lusíadas. Curioso, porque este era o episódio que punha tudo em causa, que questionava, que analisava por outra perspectiva, que é algo que as crianças e adolescentes de hoje em dia estão pouco habituados a fazer. Sabem contrariar, é certo, mas não sabem questionar. São coisas bem diferentes: contrariar tem o seu quê de gratuito; questionar tem tudo de filosófico. Para contrariar, basta bater o pé. Para questionar, é preciso pensar.Tenho pena, porque no meu tempo (que não é um tempo assim tão distante), o episódio do Velho do Restelo, juntamente com os de Inês de Castro e da Ilha dos Amores, era o que mais apaixonava e empolgava a turma. Eram três episódios marcantes, que quebravam a monotonia do discurso de engrandecimento da nação e que, por isso, tinham o mérito de conseguir que os alunos tivessem curiosidade em descodificar as suas figuras de estilo e desbravar o hermetismo da linguagem. Ainda hoje me lembro exactamente da aula em que começámos a ler o episódio de Inês de castro e lembro-me das palavras da professora Lídia, espicaçando-nos, estimulando-nos, obrigando-nos a pensar. E foi há 20anos.Bem sei que vivemos numa era em que a imagem se sobrepõe à palavra, mas veja só alguns versos do episódio de Inês de Castro, veja que perfeita e inequívoca imagem eles compõem:
'Estavas, linda Inês, posta em sossego,
De teus anos colhendo doce fruito,
Naquele engano d'alma ledo e cego,
Que a fortuna não deixa durar muito (...)'
Feche os olhos, senhor engenheiro, vá lá, feche os olhos. Não consegue ver, perfeitamente desenhado e com uma nitidez absoluta, o rosto branco e delicado de Inês de Castro, os seus longos cabelos soltos pelas costas, o corpo adolescente, as mãos investidas num qualquer bordado, o pensamento distante, vagueando em delícias proibidas no leito do príncipe? Não vê os seus olhos que de vez em quando escapam às linhas do bordado e vão demorar-se na janela, inquietos de saudade, à espera de ver D. Pedro surgir a galope na linha do horizonte? E agora, se se concentrar bem, não vê uma nuvem negra a pairar sobre ela, não vê o prenúncio do sangue a escorrer-lhe pelos fios de cabelo? Não consegue ver tudo isto apenas nestes quatro versos?Pois eu acho estes quatro versos belíssimos, de uma simplicidade arrebatadora, de uma clareza inesperada. É poesia, senhor engenheiro, é poesia! Da mais nobre, grandiosa e magnífica que temos na nossa História. Não ouse menosprezá-la. Não incite ninguém a desrespeitá-la.Bem, admito que me perdi em divagações em torno da Inês de Castro. O que eu queria mesmo era tentar perceber porque carga de água o Velho do Restelo desapareceu assim. Será precisamente por estimular a diferença de opiniões, por duvidar, por condenar? Sabe, não tarda muito, o episódio da Ilha dos Amores será também excluído dos conteúdos programáticos por 'alegado teor pornográfico' e o de Inês de Castro igualmente, por 'incitamento ao adultério e ao desrespeito pela autoridade'.Como é, senhor engenheiro? Voltamos ao tempo do 'lápix' azul?E já agora, voltando à questão do rigor e da disciplina, da entrega e da emoção: o senhor engenheiro tem ideia de quanta entrega e de quanta emoção Luís de Camões depôs na sua obra? E, por outro lado, o senhor engenheiro duvida da disciplina e do rigor necessários à sua concretização? São centenas e centenas de páginas, em dezenas de capítulos e incontáveis estrofes com a mesma métrica, o mesmo tipo de rima, cada palavra escolhida a dedo... o que implicou tudo isto senão uma carga infinita de disciplina e rigor?Senhor engenheiro José Sócrates: vejo que acabo de confiar o meu filho ao sistema de ensino onde o senhor montou a sua barraca de circo e não me apetece nada vê-lo transformar-se num palhaço. Bem, também não quero ser injusta consigo. A verdade é que as coisas já começaram a descarrilar há alguns anos, mas também é verdade que você está a sobrealimentar o crime, com um tirinho aqui, uma facadinha ali, uma desonestidade acolá.Lembro-me bem da época em que fiz a minha recruta como jornalista e das muitas vezes em que fui cobrir cerimónias e eventos em que você participava. Na altura, o senhor engenheiro era Secretário de Estado do Ambiente e andava com a ministra Elisa Ferreira por esse Portugal fora, a inaugurar ETAR's e a selar aterros. Também o vi a plantar árvores, com as suas próprias mãos. E é por isso que me dói que agora, mais de dez anos depois, você esteja a dar cabo das nossas sementes e a tornar estéreis os solos que deveriam ser férteis.Sabe, é que eu tenho grandes sonhos para o meu filho. Não, não me refiro ao sonho de que ele seja doutor ou engenheiro. Falo do sonho de que ele respeite as ciências, tenha apreço pelas artes, almeje a sabedoria e valorize o trabalho. Porque é isso que eu espero da escola. O resto é comigo.Acho graça agora a ouvir os professores dizerem sistematicamente aos pais que a família deve dar continuidade, em casa, ao trabalho que a escola faz com as crianças. Bem, se assim fosse eu teria que ensinar o meu filho a atirar com cadeiras à cabeça dos outros e a escrever as redacções em linguagem de sms. Não. Para mim, é o contrário: a escola é que deve dar continuidade ao trabalho que eu faço com o meu filho. Acho que se anda a sobrevalorizar o papel da escola. No meu tempo, a escola tinha apenas a função de ensinar e fazia-o com competência e rigor. Mas nos dias que correm, em que os pais não têm tempo nem disposição para educar os filhos, exige-se à escola que forme o seu carácter e ocupe todo o seu tempo livre. Só que infelizmente ela tem cumprido muito mal esse papel.A escola do meu tempo foi uma boa escola. Hoje, toda a gente sabe que a minha geração é uma geração de empreendedores, de gente criativa e com capacidade iniciativa, que arrisca, que aposta, que ambiciona. E não é disso que o país precisa? Bem sei que apanhámos os bons ventos da adesão à União Europeia e dos fundos e apoios que daí advieram, mas isso por si só não bastaria, não acha? E é de facto curioso: tirando o Marco cigano, que abandonou a escola muito cedo, e a Fatinha que andava sempre com ranhoca no nariz e tinha que tomar conta de três irmãos mais novos, todos os meus colegas da primária fizeram alguma coisa pela vida. Até a Paulinha, que era filha da empregada (no meu tempo dizia-se empregada e não auxiliar de acção educativa, mas, curiosamente, o respeito por elas era maior), apesar de se ter ficado pelo 9º ano, não descansou enquanto não abriu o seu próprio Pão Quente e a ele se dedicou com afinco e empenho. E, no entanto, levámos reguadas por não sabermos de cor as principais culturas das ex-colónias e éramos sujeitos a humilhação pública por cada erro ortográfico. Traumatizados? Huuummm... não me parece. Na verdade, senhor engenheiro, tenho um respeito e uma paixão pela escola tais que, se tivesse tempo e dinheiro, passaria o resto da minha vida a estudar.Às vezes dá-me para imaginar as suas conversas com os seus filhos (nem sei bem se tem um ou dois filhos...) e pergunto-me se também é válido para eles o caos que o senhor engenheiro anda a instalar por aí. Parece que estou a ver o seu filho a dizer-lhe: ó pai, estou com dificuldade em resolver este sistema de três equações a três incógnitas... dás-me uma ajuda? E depois, vejo-o a si a responder com a sua voz de homilia de domingo: não faz mal, filho... sabes escrever o teu nome completo, não sabes? Então não te preocupes, é perfeitamente suficiente...Vendo as coisas assim, não lhe parece criminoso o que você anda a fazer?E depois, custa-me que você apareça em praça pública acompanhado da sua Ministra da Educação, que anda sempre com aquele ar de infeliz, de quem comeu e não gostou, ambos com o discurso hipócrita do mérito dos professores e do sucesso dos alunos, apoiados em estatísticas cuja real interpretação, à luz das mudanças que você operou, nos apresenta uma monstruosa obscenidade. Ofende-me, sabe? Ofende-me por me tomar por estúpida.Aliás, a sua Ministra da Educação é uma das figuras mais desconcertantes que eu já vi na minha vida. De cada vez que ela fala, tenho a sensação que está a orar na missa de sétimo dia do sistema de ensino e que o que os seus olhos verdadeiramente dizem aos pais deste Portugal é apenas 'os meus sentidos pêsames'.Não me pesa a consciência por estar a escrever-lhe esta carta. Sabe, é que eu não votei em si para primeiro-ministro, portanto estou à vontade. Eu votei em branco. Mas, alto lá! Antes que você peça ao seu assessor para lhe fazer um discurso sobre o afastamento dos jovens da política, lembre-se, senhor engenheiro: o voto em branco não é o voto da indiferença, é o voto da insatisfação! Mas, porque vos é conveniente, o voto em branco é contabilizado, indiscriminadamente, com o voto nulo, que é aquele em que os alienados desenham macaquinhos e escrevem obscenidades.Você, senhor engenheiro, está a arriscar-se demasiado. Portugal está prestes a marcar-lhe uma falta a vermelho no livro de ponto. Ah...espere lá... as faltas a vermelho acabaram... agora já não há castigos...Bem, não me vou estender mais, até porque já estou cansada de repetir 'senhor engenheiro para cá', 'senhor engenheiro para lá'. É que o meu marido também é engenheiro e tenho receio de lhe ganhar cisma.Esta carta não chegará até si. Vou partilhá-la apenas e só com os meus E-leitores (sim, sim, eu também tenho os meus eleitores) e talvez só por causa disso eu já consiga hoje dormir melhor. Quanto a si, tenho dúvidas.Para terminar, tenho um enorme prazer em dedicar-lhe, aqui, uma estrofe do episódio do Velho do Restelo. Para que não caia no esquecimento. Nem no seu, nem no nosso.
'A que novos desastres determinas
De levar estes Reinos e esta gente?
Que perigos, que mortes lhe destinas,
Debaixo dalgum nome preeminente?
Que promessas de reinos e de minas
De ouro, que lhe farás tão facilmente?
Que famas lhe prometerás?
Que histórias?
Que triunfos?
Que palmas?
Que vitórias? '
Atenciosamente e ao abrigo do artigo nº 37 da Constituição da República Portuguesa,
Uma mãe preocupada"

24/10/2008

...um sorriso por 3 vinténs

...cada dia que passa são menos os sorrisos que o tempo nos reserva! Haja por isso quem, nestes conturbados tempos, tem coragem para exteriorizar alguma alegria.

...sai mais cedo hoje, e para esquecer algo que vai na alma, caminhei até à estação a cantarolar para dentro aquilo que cá fora me encanta todos os dias.

...mesmo com o frio do fim da tarde, e por entre a chuva de folhagens outonais, senti por momentos essa alegria que parece andar arredada. Talvez pelo facto de ser o fim de semana, quem sabe. Mas soube bem. Melhor ainda foi chegar a Oeiras e sentir o calor de uma dúzia de castanhas embrulhadas por um rosto tão enrugado pelo cansaço da vida, como as páginas amarelas que as mantinham acesas...escusado será dizer que, não foi com uma dúzia de vinténs e outro tanto de boa vontade que o negócio se concretizou

Veio-me à memória o ínício da Dreigroschenoper do Kurt Weill"...tão pomposa, como só um mendigo poderia sonhar, e porque ela deveria ser tão barata, que até os mendigos a possam pagar, ela se chamará A Ópera dos Três Vinténs".

Não. Já nem os mendigos ouvem ópera nem ousam comprar castanhas assadas a 2 euros a dúzia.

Um bom fim de semana e um sorriso pepsodente.

PS: a música é de um grupo que só existe para alguns poucos, tipo eu- Liquid Tension Experiment, o que tem as suas virtudes, já que só mesmo eu entre muitos, a poderei cantarolar...

22/10/2008

ACDC

...é dos concertos que simplesmente nunca esqueci!! Noite memorável no Estádio do Belenenses numa noite quente nos já longínquo ano de 1996, com o mago Joe Satriani a aquecer as hostes na 1.ª parte. Pois é! Finalmente já saiu o novel álbum da banda dos irmãos Young! O mundo muda, a musica transforma-se mas o som e mensagem prevalecem!...

...agora resta esperar que o tal concerto para Abril aqui em Lisboa se concretize!...

...olhares


(foto :B. Coelho)


"Companheiros, porque razão não se retira a liberdade aos
lindos olhos de uma bela mulher?

Eles alvejam um homem como um tiro.
São mais afiados do que uma espada"

20/10/2008

...3 chávenas de chá

...o facto de o meu francês estar constantemente a necessitar da ajuda do meu dicionário online, levou-me a fazer uma justa troca pelo livro que fazia sombra ao candeeiro da minha mesinha de cabeceira.
...achei curiosa a capa e ainda mais o título, num passagem extemporânea pela Bulhosa de Linda-a-Velha...Três Chávenas de Chá.
...só posso dizer que fiquei rendido logo nos primeiros capítulos. De uma forma resumida conta a histórica verídica de um montanhista americano que ao falhar a subida ao cume do K2, é "salvo" por uns aldeões num lugarejo algures no Paquistão. Como forma de agradecimento, promete voltar e construir uma escola, para as meninas da aldeia...e mais não conto!

19/10/2008

...mid afternoon whisper

My window-pane is starred with frost,
The world is bitter cold to-night,
The moon is cruel, and the wind
Is like a two-edged sword to smite.

God pity all the homeless ones,
The beggars pacing to and fro,
God pity all the poor to-night
Who walk the lamp-lit streets of snow.

My room is like a bit of June,
Warm and close-curtained fold on fold,
But somewhere, like a homeless child,
My heart is crying in the cold.


Sarah Teasdale

16/10/2008

..espelho meu

...se houvesse uma palavra que definisse clara e inequivocamente os últimos dias, as últimas semanas essa palavra seria...tristeza! Não se pode dizer que tenha havido grandes motivos de regojizo, nem um exasperante esgar de felicidade. Algo paira no ar que comprime a boa disposição num redoma hermética. Falta qualquer coisa...mas não sei bem o quê!? Quiçá do Outono, das folhas que morrem no vermelho chão. Nem o som das castanhas que enche a manhã de um fino nevoeiro.

Nada desperta os sentidos...falta qualquer coisa!...se eu tivesse um espelho mágico...

12/10/2008

...à noite



"Quando escurece podem ver-se as estrelas"

Provérbio persa

...pobres de espírito

Bem aventurados os pobres de espírito porque é deles o reino dos Céus”

Mateus, 5:3

...depois do clima de pânico nada melhor do que um lufada de ar fresco para sanar as maleitas do sistemas financeiro. Desta feita o passe de magia passa pela adopção de um pacote de ajuda de 20 mil milhões de euros até Dezembro de 2009. Para ser franco fico desconfiado, pelo simples motivo que as nossas instituições não parecem padecer do mesmo mal que assola o resto do mundo. É certo que a crise não se confina às instituições financeiras especializadas nos ditos “produto tóxicos”, coisa que em Portugal não parece suceder, mas quando vemos os ditos responsáveis das instituições portuguesas a fazer a apologia da saudável liquidez das suas “tascas”, não deixa de ser curioso que sejam para eles as primeiras medidas ditas preventivas.
Também ainda não ouvi nenhum a criticar essa medida....au contraire!
Entretanto, não deixa de ser curioso as diferentes posições prototípicas em relação à matéria em apreço:
Do lado do BE e do PC é a natural cassete do primeiro bote de salvação ser para as entidades responsáveis pela situação. Convenhamos sr. Louçã e Sr. Jerónimo, esses juízos emocionais não colhem frutos da árvore da lógica, pois meus senhores, não foram os bancos portugueses que começaram a crise...ela simplesmente ainda nem sequer chegou cá me força, por enquanto é apenas uma constipação. E por favor não me venham falar de nacionalizações à la carte, porque já provámos desse vinagre.
Do lado do CDS e do Governo há que reconhecê-lo que quer os discursos, por um lado, quer pelas medidas já avançadas (algumas das quais com aplicação no OE 2009), pelo outro já a conversa de café merece o devido aplauso. Do lado do PSD...acho que vi uma notícia num qualquer semanário acerca de submarinos!?...enfim! A anormalidade de quebrar o silêncio para dizer coisas que não interessam aos portugueses parece ser o lubrificante vocal que a líder laranja tirou da cartola. Será esta a sua guideline!?...
Feliz e contente com isto fica o nosso PM, que numa manhã chuvosa aprova o supracitado OE2009 e da parte da tarde bebe chá de malvas no Bois de Bologne enquanto anuncia o pacote que vai salvar a nossa banca, os nossos empréstimos, que vai baixar o preço dos combustíveis e do descafeínado. Não importa que o pequeno comércio esteja em agonia ou que as casas em Lisboa sejam distribuídas para pagar favores políticos e amizades descartáveis. Ninguém se rala com peanuts, o importante é mesmo a liquidez!

No entanto uma coisa é certa, depois da tempestade, certamente que nos próximos tempos não iremos ouvir tão cedo os apóstolos do Estado mínimo e da desregulação dos mercados, esses "neolibeais" falhados que durante décadas enalteceram as virtudes do mercado. Mas curiosamente ou não nos últimos 13 anos só tivemos sob a aba dessas ideologias durante 3 anos. [os anos em que "nada se fez" de Durão Barroso-Santana Lopes]. O restante tempo tem sido o passeio dos arautos do socialismo na gaveta, da esquerda democrática, da 3.ª via à Zé do Pipo, e uns devaneios num pântano...

...e assim rola a nossa política. Entretanto em Belém ainda se espera a vinda do salvador...

08/10/2008

...lamento

Negros são estes tempos que vivemos. Por onde quer que foquemos a nossa atenção , avolumam-se as notícias de crise. Quando não são os bancos que fecham ou que são nacionalizados, são empresas que despedem. Temops difíceis este, em que aparente riqueza dá lugar lugar à pobreza encapuçada...e nada nem ninguém parece ter o condão de nos libertar deste eixo do mal....nem o Zé Carlos! Talvez o meu amigo Jack consiga tirar um coelho da cartola. Aguardemos portanto pela noite das bruxas!...porque até lá por mais que a taxa de juro do BCE desca, a EURIBOR não vai resistir à tentação de nos cobrir de nervosismo!

06/10/2008

...estranha forma de vida



...faz hoje 9 anos que nos deixou, mas o seu legado está bem vivo. Em cada rosto, em cada esquina, em cada um de nós, existe um pouco de fado, estranha forma de vida.


05/10/2008

...ne varieteur

...as próximas leituras de paragem de autocarro são assaz promissoras: enquanto vadiava pelos corredores da Fnac, tropecei em dois títulos que certamente vão burilar ainda mais o meu apetite por estórias e imagens, os títulos são A Faca não Corta o Fogo — Súmula & Inédita do herberto helder e o ne varieteur Arquipélago da Insónia do Lobo Antunes.

...deliciei a curiosidade nas primeiras frases mas simplesmente não os comprei, já. O acto de comprar um livro requer uma determinada pré-disposição o que não sucedeu na sexta-feira. Fica para mais tarde. Antes disso temos um pequeno livro de bolso [Les Jardins de lumière] do Amin Maalouf para devorar na voragem diária, ao qual se segue um prometido Pepetela. Depois, com o frio do advento e as noites longas de Novembro.

...ontem demos um saltinho ao Museu da Electricidade. É mais pequeno do que o imaginava mas muito interessante, sobretudo para os mais pequenos pois actualmente é apresentada uma pequena exposição simultânea com tubarões. Outra curiosidade, são as tendas que à entrada informam e sensibilizam os petizes para as diversas aplicações da energia solar. Não é todos os os dias que podemos ver um pacote de leite, ou uma garrafa de refrigerante a andar sobre rodas, ou uma baleia movida a energia solar. De todos os artefactos em exposição aquele que mais me fascinou foi o relógio digital com funcionamento a partir do diferencial eléctrico que se gera dentro de uma laranja. Curiosidade.

...hoje é dia da implantação da república! alguém está contente!?...também não. Mas como o nosso Presidente diz: a solução está em cada um de nós!...onde é que eu já ouvi isto?? certamente dezenas de vezes!...resta-nos acreditar!

01/10/2008

...L word

...dentro da programação cultural para os próximos dias não posso deixar de evidenciar a Lesboa Party. Tal como sucedeu com o pretérito ano, realiza-se no Pavilhão de Exposições do ISA na Tapada de Lisboa.

...para quem não sabe, para além da festa tem oportunidade para desfrutar da natureza e dos inúmeros recantos inóspitos lá na Tapada...para quem nunca experimentou recomendo vivamente um saltinho ao miradouro ao pé do campo de rugby...à noite é um lugar, incrível para outro tipo de sensações!


...para os mais abonados sugerimos o espectáculo Cavalia, ali junto aos terrenos da Docapesca!

...para aqueles para quem o fim-de-semana é uma maçada, vistam o fato de treino e vão passear a família para um shopping ver montras!